10 mitos e verdades sobre fazer intercâmbio nos EUA

Advogado especializado em imigração desmistifica várias mentiras sobre a experiência de fazer intercâmbio nos EUA

por Thaynara Andrade sab, 30/07/2022 - 08:00
Freepik Intercâmbio nos EUA abre diversas oportunidades para brasileiros Freepik

Embarcar em um intercâmbio nos Estados Unidos é uma experiência educacional, pessoal e cultural ímpar para qualquer estudante. O país popularmente conhecido como “Terra das Oportunidades”, abre muitas portas para os intercambistas, como o desenvolvimento da proficiência no inglês, as trocas culturais com os nativos, a adição de valor ao currículo profissional, bem como a facilitação de uma possível imigração.

Contudo, por mais que esse tipo de programa seja altamente recomendado pelo repertório educacional que oferece, existem diversos mitos que podem afastar os estudantes que ainda não conhecem como realmente funciona o seu processo, entre eles, estão duvidas sobre como tirar o visto estudantil, qual o nível de fluência necessário ou mesmo sobre o que falar na hora de ser entrevistado pelo consulado. 

Para ajudar as pessoas que sonham em realizar essa experiência, o LeiaJá conversou com o advogado da Gondim Law Corp, Marcelo Gondim, que possui experiência nos processos de emissão de green card e vistos americanos. Na entrevista, ele listou uma série de mitos e verdades sobre a realização de intercâmbio nos EUA. Confira: 

É preciso contratar um advogado para tentar o visto de estudante

Mito 

Por mais que a ajuda de um profissional seja sempre bem-vinda, segundo Marcelo Gondim, não há qualquer obrigação de que haja a contratação de um advogado para a solicitação do visto estudantil. “Não é obrigado contratar um advogado para ter um visto de estudante, na verdade é tão simples que muitos estudantes fazem diretamente com o consulado, uma vez que a escola ou universidade te dará o formulário I-20 ”, explica. 

Esse formulário nada mais do que é uma confirmação de que o estudante foi aceito por uma instituição de ensino autorizada pelo Serviço de Naturalização e Cidadania dos EUA e serve para que os estudantes solicitem um visto da Embaixada Americana Local.

Qualquer instituição pode oferecer o visto

Mito

De acordo com o advogado, é importante buscar uma instituição autorizada a realizar esse processo de admissão. “Nem todas as escolas podem oferecer um formulário I-20 para fazer visto de estudantes. É preciso buscar escolas credenciadas com o sistema Servis. Inclusive, a dica é que os estudantes pesquisem sobre quais são as escolas da região que estão cadastradas. No site do Servis também há essa informação.”

Somente ricos conseguem fazer intercâmbio

Mito

Para Marcelo Gondim, essa ideia de que apenas pessoas que possuem condições financeiras mais abastadas podem fazer intercâmbio não é verdade. Contudo, ainda assim, é preciso que o estudante tenha bastante planejamento e uma quantidade de recursos significativa para custear não só o processo de viagem para o país, bem como também a estadia no local.

“Não é só para ricos, mas se a pessoa não tem uma boa condição financeira, muitas vezes, não tem como provar que vai poder estudar nos EUA sem ter que ir atrás de trabalho. Essa insegurança enquanto aos recursos é um grande motivo para o consulado negar o visto dos estudantes” esclarece.

Estudar nos EUA pode abrir portas para um green card no futuro

Verdade

Para quem sonha em um dia residir no país, o advogado ressaltou a importância de seguir passos graduais, e segundo ele o intercâmbio é sim um caminho para se pensar na imigração definitiva, já que possibilita uma maior proficiência no idioma, uma familiarização com os hábitos nativos, bem como a conquistar de uma oportunidade de trabalho, o que seria uma ótima oportunidade para conseguir o visto permanente. 

“Estudar nos EUA pode abrir sim o caminho para o green card porque depois que a pessoa finalizar os estudos em um curso acadêmico, por exemplo, poderá realizar o Optional Practical Training, que é tipo um estágio, que autoriza ao estudantes a trabalharem no país e nesse trabalho você às vezes consegue com que a própria empresa, se quiser lhe contratar,  aplique o green card para você”, explica. 

É preciso ser fluente no inglês para tirar esse tipo de visto

Mito

Saber se comunicar bem no idioma é, sem dúvidas, um dos passos mais fundamentais para quem busca um dia realizar o intercâmbio. Porém, de acordo com Marcelo Gondim, não é preciso ter um alto nível de proficiência. “Não é preciso ser fluente em inglês para aplicar para nenhum visto de imigração, o critério da proficiência em inglês é aplicado apenas para quem busca a naturalização.”

O visto de estudante pode virar um visto de trabalho

Mito

De acordo com o especialista em imigração, não é possível fazer essa transferência. Entretanto, o estudante pode buscar oportunidades nos EUA que possam abrir possibilidade de solicitação do visto de trabalho. Confira o que diz o advogado: 

“O visto de estudante não vai virar o visto de trabalho, mas como eu falei, vai abrir o caminho para você ter um estágio e com esse estágio você pode conseguir com que o empregador ofereça uma oportunidade de emprego que te permita ficar por mais tempo nos EUA.”, informa.

Se eu tiver planos de ficar após os estudos, não devo mencionar na entrevista

Verdade

Por mais que morar nos EUA seja o sonho do intercambista, isso não pode ser mencionado durante o processo de aplicação. “Se a pessoa mencionar na entrevista que tem planos de ficar nos EUA, automaticamente vai ser negado o visto de estudante ou de turista, porque esses vistos não são para quem tem a intenção de imigrar, de ficar no país. São vistos temporários, o estudante tem que demonstrar que entrou para fazer o que tem que fazer e voltar.”

Além disso, Marcelo Gondim ainda destaca que durante a entrevista, o estudante demonstre ao consulado que possui laços e vínculos fortes com o Brasil, como a família, o emprego e outros pontos que deem a entender que ele tem o interesse de voltar para a sua terra natal. 

Existe um prazo para ficar legal no país com o visto de estudante

Verdade

Segundo o advogado, o tempo de estadia pode se estender de acordo com o vínculo com a Instituição de Ensino, porém, ainda assim, o intercambista terá o prazo para retornar ao seu país. “O visto de estudante tem um prazo de quatro anos, mas o status da sua estadia no país pode passar de quatro anos. Não existe tempo determinado, o que vai determinar é o tempo que você estiver ligado a escola e a mesma seguir mantendo o registro válido no Servis.”

Preciso ter um sponsor para estudar nos EUA

Mito

O próprio intercambista pode custear sua estadia, contudo, de acordo com Marcelo, ter um sponsor é uma opção viável. “Não é obrigatório, mas você pode ter um sponsor sim, ele deverá mostrar que tem a condição financeira de disponibilizar o valor total do curso, mais o seu custo de vida nos EUA enquanto estiver estudando. Então, pode ser um sponsor, que não precisa ser um parente, pode ser um amigo ou um empregador, que esteja disponível.”

É difícil tirar o visto de estudante

Mito

Para Marcelo Gondim, não há tantas dificuldades na solicitação do visto estudantil para os EUA, contudo, por haver muitas pessoas que utilizam desse meio para ficar de forma ilegal no país, está aumentando a rigidez para a permissão desse tipo de imigração. 

“Não é difícil em si. Mas está se tornando mais complicado de ser aprovado agora, por conta do número de pessoas usando o visto de estudante para vir para aqui definitivamente,  Então o consulado está alerta em relação a isso e está negando a viagem de bastante pessoas”, explica o advogado. 

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