Janeiro Branco: cuidados com a saúde mental de estudantes
Como a saúde mental de estudantes em sido afetadas nesse “pós-pandemia” e como a pressão familiar e social pode desenvolver problemas psicológicos e emocionais?
O mês de janeiro é o mês de coisas novas, início do ano, novas oportunidades e chances de criar hábitos como, por exemplo, cuidar da saúde mental. Infelizmente, muitos brasileiros ainda têm um certo preconceito em cuidar da mente com algum profissional da área.
Um levantamento feito em setembro de 2021 pela SulAmérica, em parceria com o Instituto FSB Pesquisa, aponta que a saúde mental é, hoje, a principal preocupação da população. Porém, apenas 10% das mais de mil pessoas ouvidas nessa enquete tiram proveito da terapia.
Por isso, neste mês de janeiro é realizada a campanha Janeiro Branco, voltada a tratar dos cuidados com a mente. Mas você sabe como surgiu essa campanha?
A Campanha Janeiro Branco surgiu no Brasil em 2014 e este ano o lema principal é “o mundo pede saúde mental”. A frase é um alerta para a maior visibilidade e prevalência de problemas emocionais a partir da pandemia iniciada em 2020 que provocou um aumento no diagnóstico de doenças psíquicas. Questões traumáticas como o luto e a vulnerabilidade passaram a ser mais frequentes e explicam este aumento.
Impacto estudantil
Estresse no trabalho, relacionamentos ruins, a espera pelo resultado das provas e tantas outras dificuldades podem gerar e agravar crises de ansiedade e depressão, agora, some-se isso, a pressão sofrida por estudantes que estão em busca de seu lugar no mundo.
Uma pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizada em 2016, apontou que o medo do futuro e a pressão por bom desempenho educacional estão deixando os universitários mais vulneráveis psicologicamente. O estudo indicou ainda que sete em cada dez alunos de instituições federais no Brasil sofrem de algum tipo de dificuldade mental ou emocional como estresse, ansiedade ou depressão. O levantamento incluiu dados de quase 940 mil graduandos, de 62 instituições, com idade média de 24 anos.
Para Arthur Cabral, aluno do curso de Ciências Biológicas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a saúde mental de estudantes começam a ser afetadas já no período que antecede o Enem, já que é aí onde geralmente começam as cobranças por mais estudo, concentração e resultados positivos.
"A saúde mental dos estudantes já começa a ser afetada desde o período pré-Enem, onde tem toda a fase de preparação, a pressão que você sofre dos seus pais para que você escolha um curso que dê dinheiro, ou a pressão social para a escolha de cursos que lhe dê um status como medicina, direito, e quando vai se aproximando o Enem, que você tem que dar seu máximo, já começam a ser vistos os gatilhos de ansiedade, pânico, porque processo do próprio Enem é muito estressante", pontuou.
Apoio familiar
A psicóloga Glória Luna, explica como a pandemia interferiu diretamente na saúde mental de estudantes, principalmente em período de Enem, onde a pressão pela busca da profissão, agradar familiares e até aceitação social acabam desenvolvendo transtornos psicológicos e emocionais.
“Passamos por um momento muito difícil que foi a pandemia, e os estudantes entraram em contato com uma situação, com um ensino que não estava acostumado antes, não que já não houvesse ensino online, mas a grande massa não estava preparada para isso”, afirmou.
Glória pontua ainda que a participação e o apoio familiar são importantes na vida dos estudantes. Segundo ela, dialogar com os jovens e buscar compreender seus gostos é o caminho para ajudá-los a superar as dificuldades.
“O diálogo com seus filhos, seja ele de qual idade for. Se eu quero que meu filho tenha um resultado positivo, eu vou tentar apoia-lo, compreende-lo, entender que certas situações não são fáceis para eles, e entender que, de certa forma, estou ali para apoiar, não cobrar", destacou.