Sob pressão do poder público, Cine Olinda continua ocupado
Houve uma tentativa da Prefeitura de Olinda de cortar a energia do local, que para o poder público deve ser desocupado imediatamente. Os manifestantes se negam a desocupar sem a certeza do início das obras
O impasse entre a sociedade civil, que está ocupando o Cine Olinda, e os órgãos públicos representados pela Prefeitura de Olinda e Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) continua. A tentativa de negociação que durou, aproximadamente, três horas na tarde desta sexta-feira (16), discutiu as pautas pleiteadas pelo movimento popular e as exigências dos governos.
No início da tarde desta sexta, a arquiteta da secretaria do Patrimônio da Prefeitura de Olinda Cláudia Rodrigues foi até o equipamento cultural para fazer cumprir a desocupação do prédio que está sendo utilizado para exibição de filmes e atividades culturais há dois meses.
De acordo com Cláudia Rodrigues, que apresentou um laudo da Defesa Civil para os manifestantes, o prédio não está em condições de uso e de receber o público. "Existem várias irregularidades na estrutura. Não podemos deixar que continuem exibindo filmes no local. Há problemas das instalações e tem saída de emergência", alegou a arquiteta.
Durante as negociações, que foram marcadas por momentos de exaltação, o Movimento Ocupe Cine Olinda se posicionou e falou acerca dos acordos pautados nas últimas reuniões com o poder público. Porém, o impasse cresceu, principalmente, após a decisão de cortar a energia do local. Para os manifestantes, o prédio tem condições de continuar funcionado com exibições e receber o público, o que vem acontecendo desde a ocupação.
Conforme um dos integrantes do movimento, Ernesto de Carvalho, a ideia é continuar dando vida ao local e mostrar ao poder público que o equipamento pode e precisa ser instrumento de uso da sociedade civil para fins culturais. Para Ernesto, o grupo está aberto ao diálogo, mas precisa de garantias dos governos de que o espaço não vai 'parar no tempo' novamente.
"O espaço ficou mais de 50 anos abandonado. Agora que mostramos que é possível movimentar e dar vida ao local, somos incitados a deixar o local sem nenhum aviso prévio?", questionou em conversa com o LeiaJá. Conforme Carvalho, a proposta é abrir de o diálogo de forma horizontal para que as decisões sejam definidas em comum acordo e sem prejudicar o trabalho que já vem sendo realizado pela sociedade.
A promotora Belize Câmara, que estava representando o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) nas negociações, relatou que deve seguir o que está no ofício. "O que estamos tentando fazer é viabilizar uma negociação. Porém o grande impasse é que eles querem continuar exibindo filmes em um local que não está apto para isso conforme o laudo da Defesa Civil, que tem como premissa a interdição do Cine Olinda", falou.
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Diante do impasse, o Movimento decidiu exibir filmes apenas na área externa, mas não vão deixar o espaço, vão continuar em vigília e vão manter o local aberto para visitação até a próxima reunião, que ficou marcada para a segunda-feira (19), com representantes do Iphan, Prefeitura de Olinda, Fundarpe e Ministério Público.
Entenda - O Cine Olinda foi ocupado pela sociedade civil no dia 30 de setembro de 2016 após mais de 50 anos fechado para reformas pelo poder público. Desde a iniciativa, o local está sendo utilizado para promoção cultural, exibição de filmes, exposições, debates e aulões. Atualmente, o prédio que pertence à Prefeitura de Olinda está sob responsabilidade do Iphan, que aguarda o repasse para a Fundarpe. A fundarpe, por sua vez, exige que a estrutura seja desocupada para poder assumi-la oficialmente.
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