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O vice-procurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros defendeu perante o Supremo Tribunal Federal a extinção de um pedido de parlamentares para que o presidente Jair Bolsonaro fosse investigado por advocacia administrativa em razão de suposta interferência no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Segundo o vice-PGR, os fatos narrados pelos autores da queixa-crime apresentada contra o chefe do Executivo não ensejam a abertura de um inquérito sob supervisão da corte máxima por ‘ausência de tipicidade e falta de provas convincentes da materialidade’ do crime.

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Medeiros argumentou que para caracterização do crime de advocacia administrativa é necessário que o ‘funcionário público patrocine interesse privado de outrem, valendo-se, para tanto, das condições e facilidades que o exercício da função lhe proporciona, a fim de atuar como procurador ou intermediário nas repartições públicas’.

"Quanto a este ponto, observa-se que, de acordo com a matéria jornalística, não houve peticionamento algum, acompanhamento pessoal de processo ou formulação de pedido a funcionário competente em beneficio da empresa de Luciano Hang, inexistindo qualquer prova convincente nesse sentido, sob a perspectiva da condição probatória da justa causa, prevista no artigo 395, inciso III, do Código de Processo Penal", ponderou.

A petição contra Bolsonaro foi levada ao STF pelo senador Alessandro Vieira e a deputada Tabata Amaral após Bolsonaro afirmar, durante evento com empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em dezembro, que ‘ripou todo mundo do Iphan’ após receber uma reclamação do amigo e apoiador Luciano Hang, dono da Havan, que teve uma obra paralisada devido a um achado arqueológico no local, em Rio Grande (RS).

Os parlamentares sustentaram que Bolsonaro ‘teria patrocinado interesses pessoais e privados’ do empresário Luciano Hang ao exonerar a então

presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Katias Santos Bogea.

Bolsonaro já havia feito manifestação semelhante durante a famosa reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020, revelada no âmbito do inquérito que investiga suposta tentativa de interferência política do presidente na Polícia Federal. De acordo com Humberto Jacques de Medeiros, o caso foi objeto de apuração em notícia de fato - uma espécie de investigação preliminar - que acabou sendo arquivada.

Segundo trecho do parecer, reproduzido pelo vice-PGR, o entendimento que subsidiou o arquivamento foi o de que o cago de presidente do Iphan é de ‘livre nomeação e exoneração’ pelo chefe do Executivo, ‘independentemente de motivação’.

"A manifestação do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro durante a reunião ministerial denota urna discordância da atuação da presidente, posteriormente exonerada, sendo a menção ao caso do empresário Luciano Hang uma exemplificação, e não uma tentativa exclusiva, direta e específica de interferência", diz um fragmento do parecer referente à fala de Bolsonaro na reunião ministerial.

Citando tal apuração, o vice-PGR argumentou que o Ministério Público Federal ‘deu a devida atenção ao caso’ e sustentou que a promoção de arquivamento do Procurador-Geral da República é ‘irrefutável’ pelo Supremo Tribunal Federal.

As mudanças que o presidente Jair Bolsonaro promoveu no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para atender a interesses de aliados, como o empresário Luciano Hang, não ficaram restritas à presidência do órgão. O chefe do Executivo "ripou" - termo usado por ele mesmo para se referir às exonerações que ordenou - outros cinco diretores do instituto. Seu governo também aprofundou nas superintendências estaduais as indicações políticas e de pessoas com qualificações técnicas não relacionadas à proteção do patrimônio histórico.

Um levantamento do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro aponta que 12 superintendentes regionais do Iphan têm perfis profissionais incompatíveis com os cargos. Outros cinco são arquitetos ou técnicos da área, mas não têm especialização acadêmica.

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A exigência de capacitação específica para a nomeação está expressa em decreto do próprio governo Bolsonaro, de 2019.

O primeiro a perder o cargo, em outubro de 2019, após as primeiras queixas do dono das lojas Havan, foi o arquiteto Andrey Schlee, então diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização. A seção supervisiona as atividades do Centro Nacional de Arqueologia, responsável pela suspensão provisória da construção da unidade da Havan na cidade de Rio Grande (RS), em 2019.

Na semana passada, Bolsonaro admitiu que "ripou" dirigentes do Iphan por causa de embargo na obra da Havan. Aliado de primeira hora do presidente, Luciano Hang disse que a interrupção causada por achados arqueológicos no terreno o levou a colocar "a boca no trombone".

Depois de Schlee, outros quatro diretores foram substituídos. O mesmo ocorreu com Kátia Bogéa, que teve de entregar a presidência do Iphan para Larissa Pereira, até então servidora do Ministério do Turismo. Kátia atuou no Iphan por quase 40 anos. "Tiraram todos os diretores que estavam há mais de 30 anos na casa. Eram pessoas do Iphan, como eu, funcionária de carreira", disse a ex-presidente ao Estadão. "O que houve no Iphan foi um desmonte."

A Justiça chegou a suspender a nomeação de Larissa por "falta de capacitação técnica". Ela é graduada em turismo e hotelaria, com pós-graduação na área de marketing. A decisão, no entanto, foi revertida em segunda instância.

Loteamento

Entre os novos diretores do instituto está o pastor Tassos Lycurgo, no Departamento de Patrimônio Imaterial. Ele assumiu no lugar do advogado Hermano Guanais, mestre em preservação do patrimônio cultural. A falta de qualificação técnica para atuar no cargo é um dos principais problemas na gestão do órgão apontados por entidades e especialistas. No Distrito Federal, o superintendente, Saulo Diniz, é uma indicação da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF). Antes de assumir o posto no Iphan, ele era do diretório do PSL.

Em Goiás, o superintendente é indicado pelo deputado Alcides Ribeiro (Progressistas-GO). Allyson Cabral é advogado, sem experiência na área em que atua hoje. Olav Schrader, responsável pelo órgão no Rio, é formado em relações internacionais, administrava imóveis antigos e é ligado ao movimento monarquista.

Procurados, o Iphan e o Palácio do Planalto não se manifestaram.

Mário de Andrade fez o primeiro projeto do órgão

Uma das instituições mais antigas do Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Turismo. O órgão tem, entre suas funções, a de proteger e promover os bens culturais do País, evitando a evasão e perda de obras, objetos de arte e outras peças de relevância.

O Iphan possui 27 Superintendências, uma em cada Unidade Federativa, e 37 Escritórios Técnicos. O primeiro projeto para a criação do Iphan foi redigido pelo escritor modernista Mário de Andrade, em 1936. O órgão seria criado no ano seguinte, por iniciativa do advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco, que presidiu o instituto por 30 anos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Randolfe Rodrigues, que acionou o Supremo Tribunal Federal com notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro após a admissão de interferência no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pediu que o ministro André Mendonça, recém-chegado na Corte, se declare suspeito para analisar o caso. A petição em que Randolfe pede a investigação do chefe do Executivo foi distribuída para o gabinete do segundo ministro indicado à corte máxima por Bolsonaro, que foi advogado-geral da União e ministro da Justiça no atual governo.

Em manifestação a Mendonça, Randolfe destaca que, ‘no processo legal, a imparcialidade é imprescindível como medida de justiça, além de ser pressuposto processual em relação ao órgão jurisdicional’, lembrando da ‘estreita relação’ entre o ministro e o chefe do Executivo.

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"O Ministro assumiu em 2019 o comando da AGU, com a chegada de Bolsonaro à Presidência, saindo somente em abril de 2020, para assumir a pasta da Justiça e Segurança Pública. A troca da diretoria do Iphan ocorreu em dezembro de 2019, de modo que se percebe que o Ministro foi Advogado-Geral da União durante o período em que o Presidente da República promoveu a mudança da cúpula do órgão administrativo, tornando-se temerária sua atuação neste processo por sua vinculação direta aos fatos ocorridos", escreveu o senador.

Randolfe pede a Mendonça o ‘acolhimento voluntário’ de suspeição de imparcialidade, com a remessa dos autos a um outro ministro. Caso a solicitação não seja acolhida, o senador que o caso seja remetido ao Plenário do STF ou ao presidente da corte, ministro Luiz Fux, para ‘julgamento do incidente processual que se formará’.

Na notícia-crime apresentada ao STF, Randolfe imputa a Bolsonaro supostos crimes de prevaricação e advocacia administrativa envolvendo a nomeação de Larissa Rodrigues Peixoto Dutra - turismóloga e mulher de um ex-segurança do presidente Jair Bolsonaro - à presidência do Iphan.

Na última quarta-feira, 15, Bolsonaro afirmou que trocou o comando da instituição, no fim de 2019, para atender ao empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

"Tomei conhecimento que uma pessoa conhecida, o (empresário bolsonarista) Luciano Hang, estava fazendo mais uma obra e apareceu um pedaço de azulejo nas escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta (Marcelo Álvaro Antônio, à época titular do Turismo): ‘que trem é esse?’ Porque não sou inteligente como meus ministros. ‘O que é Iphan?’, com ‘PH’. Explicaram para mim, tomei conhecimento, ‘ripei’ todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá", disse Bolsonaro durante uma palestra para empresários na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

A declaração levou o Ministério Público Federal a pedir o afastamento de Dutra da presidência do Ipha. O pedido foi inicialmente acatado pela juíza Mariana Tomaz da Cunha, da 28ª Vara Federal do Rio de Janeiro, considerando que Bolsonaro admitiu que, após ter tomado conhecimento de que uma obra realizada por Luciano Hang, ‘empresário e notório apoiador do governo’, teria sido paralisada por ordem do Iphan, ‘procedeu à substituição da direção da referida autarquia, de modo a viabilizar a continuidade da obra’.

No entanto, a liminar acabou sendo suspensa pelo desembargador Theophilo Antonio Miguel Filho, responsável pela presidência do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região no plantão Judiciário. O magistrado acolheu pedido da Advocacia-Geral da União sob o argumento de que a falta de um dirigente no Iphan poderia causar ‘inega´veis prejui´zos a` atividades administrativas e a`s poli´ticas pu´blicas de compete^ncia da autarquia’.

O Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), no Rio de Janeiro, derrubou nesta segunda-feira, 20, a decisão que suspendeu a nomeação de Larissa Rodrigues Peixoto Dutra para a presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e determinou seu afastamento das funções.

A ordem é do desembargador Theophilo Antonio Miguel Filho, responsável pela presidência do tribunal no plantão Judiciário. Ele considerou que a falta de um dirigente no Iphan poderia causar 'inegáveis prejuízos a` atividades administrativas e às políticas públicas de competência da autarquia'. O desembargador analisou um recurso apresentado no sábado, 18, pela Advocacia-Geral da União (AGU).

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"Essa decisão, portanto, tem potencialidade de causar grave lesão à ordem administrativa", escreveu. "O afastamento abrupto como realizado neste caso, a partir de uma fala isolada de uma gestora pública, sem qualquer início de prova dos vícios apontados, além de violar o princípio do contraditório, gera grave insegurança social e jurídica e coloca em risco o desempenho de políticas públicas conduzidas por relevante instituição pública", segue o desembargador.

O afastamento havia sido determinado pela juíza Mariana Tomaz da Cunha, da 28.ª Vara Federal do Rio de Janeiro, a pedido do Ministério Público Federal. O órgão move uma ação em que acusa desvio de finalidade na nomeação de Larissa. O caso é antigo, corre na Justiça desde o ano passado, mas ganhou novo fôlego depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que trocou o comando do Iphan para atender ao empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, depois que ele teve uma obra interditada pelo instituto.

A escolha da turismóloga, casada com um dos seguranças do presidente na campanha de 2018, vem sendo contestada desde a sua nomeação. Isso porque ela tem graduação em Turismo e não possui qualquer experiência anterior na área de patrimônio histórico. Entidades de arquitetos e urbanistas chegaram a lançar um manifesto para repudiar a indicação por falta de requisitos técnicos para o cargo. Ela já havia sido impedida de assumir o cargo, mas a liminar também foi cassada quando chegou ao TRF-2.

Na decisão de hoje, o desembargador Theophilo Antonio Miguel Filho disse que 'inexiste o apontado desvio de finalidade'. Ele afirma que o processo administrativo de licenc¸a do empreendimento da Havan, mencionado por Bolsonaro, já havia sido encerrado quando Larissa foi nomeada para o cargo.

"É plenamente possível que seja realizado debate sobre a legalidade da decisão administrativa que nomeou a atual Presidente do Iphan na intenção de proteção dos interesses da sociedade. Entretanto, a discussão deve respeitar, no mi´nimo, o devido processo legal, garantindo que todos os envolvidos possam contribuir para formação da compreensão judicial", diz outro trecho da decisão.

A obra em questão foi paralisada em 2019. O caso foi mencionado pela primeira vez na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, tornada pública no inquérito que apura se o presidente tentou interferir politicamente na Polícia Federal para blindar aliados. "O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Enquanto 'tá' lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra", disse Bolsonaro na ocasião.

Em evento na Federação das Indústrias do Estado de São (Fiesp), no último dia 15, o presidente voltou a fazer referência ao caso e disse ter 'ripado' funcionários do instituto que interditaram a obra.

"Tomei conhecimento que uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, estava fazendo mais uma obra e apareceu um pedaço de azulejo nas escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta (Marcelo Álvaro Antônio, à época titular do Turismo): 'Que trem é esse?' Porque não sou inteligente como meus ministros. 'O que é Iphan?', com 'PH'. Explicaram para mim, tomei conhecimento, 'ripei' todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá", disse Bolsonaro aos empresários.

A Advocacia Geral da União (AGU) recorreu, nesse sábado (18), contra decisão de afastamento da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Larissa Peixoto, determinada pela Justiça Federal do Rio de Janeiro. A decisão foi da juíza Mariana Tomaz da Cunha, da 28ª Vara Federal. 

No recurso, a AGU sustenta que a presidente do Iphan tem função extremamente relevante no desempenho das atividades da autarquia e que encontra-se prejudicado todo o funcionamento administrativo e finalístico do instituto com o seu afastamento das funções, impactando diretamente nas políticas conduzidos pela instituição. 

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“A ausência da figura do presidente impactará na tomada de decisões estratégicas do Iphan, tendo aptidão para gerar efetiva paralisia nas atividades realizadas com grave prejuízo ao interesse público”, destacou a AGU no recurso apresentado, em segunda instância, ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). 

A AGU argumentou também que a atual presidente não teve qualquer envolvimento no caso envolvendo o licenciamento da construção de uma unidade da loja Havan, do empresário Luciano Hang, na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, em 2019, quando foram encontradas cerâmicas antigas no terreno.

O presidente Jair Bolsonaro recentemente fez menção a esse fato, em um discurso a empresários em São Paulo, o que levantou polêmica sobre a questão. 

Porém, a AGU demonstrou em sua peça que a nomeação de Larissa Peixoto se deu muito tempo depois do episódio do licenciamento do empreendimento da Havan, não guardando relação com o fato.

  “A decisão que deferiu a tutela de urgência se lastreou no entendimento de que teria ocorrido desvio de finalidade no ato de nomeação da servidora pública federal Larissa Rodrigues Peixoto Dutra ao cargo de presidente Iphan para atendimento de interesses particulares do empresário Luciano Hang. Contudo, data máxima vênia, tal dedução ou inferência não guarda qualquer correspondência com a realidade. O supracitado processo teve início em 31 de maio de 2019... Com efeito, a nomeação da servidora pública federal Larissa Rodrigues Peixoto Dutra...ocorreu somente em 11 de maio de 2020, quando o referido processo já havia se encerrado há muito”, sustentou a AGU.

A confissão de Jair Bolsonaro de ter interferido no Instituto de Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) por embargos a uma obra do seu aliado e dono das lojas Havan, Luciano Hang, resultou no afastamento da presidente do órgão, neste sábado (18), por ordem judicial.

"Com efeito, no exercício de suas funções, o atual Exmo. Presidente da República admitiu que, após ter tomado conhecimento de que uma obra realizada por Luciano Hang, empresário e notório apoiador do governo, teria sido paralisada por ordem do Iphan, procedeu à substituição da direção da referida autarquia, de modo a viabilizar a continuidade da obra”, diz parte da liminar publicada pela coluna de Juliana Dal Piva, do UOL. 

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Larissa Dutra Peixoto, atual presidente do Iphan, foi afastada pela Justiça Federal do Rio de Janeiro depois de Jair Bolsonaro dizer que “ripou todo mundo” após uma obra do aliado Luciano Hang ser paralisada. 

A decisão de afastar a presidente do órgão foi da juíza federal substituta Mariana Cunha, da 28ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que atendeu um pedido do deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ). Em 2020, ele pediu o afastamento de Larissa por ela supostamente não atender critérios técnicos requeridos para o cargo.

O ministro André Mendonça, recém chegado ao Supremo Tribunal Federal (STF), foi sorteado nessa sexta-feira (17) para relatar três notícias-crime contra o presidente Jair Bolsonaro (PF). A principal das ações é a apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) contra o mandatário por prevaricação e advocacia administrativa. O parlamentar acusa interferência do chefe do Executivo no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em manobra para beneficiar uma obra da rede de lojas Havan, de seu aliado Luciano Hang. Bolsonaro chegou a confessar algumas das ações. 

As notícias-crime também são de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), e da deputada federal Natalia Bonavides (PT-RN). Na última quarta-feira (15), durante discurso realizado no evento Moderniza Brasil, realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Bolsonaro confessou ter mandado "ripar" servidores da autarquia que estariam dificultando a realização de um empreendimento de Hang. 

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"Tomei conhecimento que uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, estava fazendo mais uma obra e apareceu um pedaço de azulejo nas escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta (Marcelo Álvaro Antônio, à época titular do Turismo) e perguntei: 'Que trem é esse?' Porque eu não sou tão inteligente como meus ministros. 'O que é Iphan, com PH?' Explicaram para mim, tomei conhecimento, 'ripei' todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá. O Iphan não dá mais dor de cabeça para a gente", disse Bolsonaro. 

Na live na última quinta-feira (16), o presidente tentou defender a interferência no Iphan. "Mandei investigar e cheguei à conclusão de que o pessoal do Iphan teria que ser trocado. Vocês votam no presidente para deixar tudo como está ou para mudar alguma coisa?", indagou. 

Na ação de Alessandro Vieira, o parlamentar salienta que "a declaração do presidente da República, por si só, já indica a suposta prática do crime de advocacia administrativa, ao patrocinar interesses pessoais e privados na gestão da máquina pública. A de Randolfe classifica como incompatível a "demonstração patrimonialista do presidente, que parece não ver qualquer diferença entre seus interesses pessoais".  

Nesta sexta-feira (17), o senador Randolfe Rodrigues, da Rede, pediu ao ministro André Mendonça que voluntariamente se declare suspeito para atuar no caso ou que acione a presidência do STF para que decida se ele deve permanecer com o processo.

O Ministério Público Federal pediu o afastamento da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Larissa Rodrigues Peixoto Dutra, após o presidente da República, Jair Bolsonaro, admitir que interferiu no instituto para atender a interesses privados. Nessa quarta-feira (15), o presidente afirmou que trocou o comando da instituição, no fim de 2019, para atender ao empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

"Tomei conhecimento que uma pessoa conhecida, o (empresário bolsonarista) Luciano Hang, estava fazendo mais uma obra e apareceu um pedaço de azulejo nas escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta (Marcelo Álvaro Antônio, à época titular do Turismo): 'que trem é esse?' Porque não sou inteligente como meus ministros. 'O que é Iphan?', com 'PH'. Explicaram para mim, tomei conhecimento, 'ripei' todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá", disse Bolsonaro durante uma palestra para empresários na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

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"O Iphan não dá mais dor de cabeça para a gente. E quando eu 'ripei' o cara do Iphan… O que teve, me desculpa aqui, prezado Ciro (Nogueira, ministro da Casa Civil), de político querendo indicação não estava no gibi. Daí eu vi, realmente, o que pode fazer o Iphan. Tem um poder de barganha extraordinário", disse o presidente da República.

A ação que pede o afastamento de Dutra do Iphan foi pedida pelo deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ), na época em que ela foi nomeada, em maio do ano passado. Na época, a alegação foi de que ela não atendia aos requisitos para ocupar o cargo. A atual chefe do órgão tem graduação em Turismo e sem qualquer experiência anterior na área de patrimônio histórico.

"Houve uma decisão liminar da Justiça, em 1ª Instância (afastando Larissa do cargo), mas foi cassada pelo Tribunal Regional Federal (da 2ª Região, no Rio de Janeiro). E agora, diante deste novo vídeo, pedimos à Justiça que conceda uma liminar para o afastamento dela", disse ao Estadão o procurador da República Sergio Gardenghi Suiama, autor do pedido.

"É um desvio de finalidade do ato administrativo. A nomeação do presidente do Iphan tem que estar vinculada à finalidade do órgão, que é justamente a proteção do patrimônio (histórico). O Iphan analisa processos de licenciamento ambiental, fiscaliza várias atividades ligadas ao patrimônio. Então, a nomeação do presidente tem que estar vinculada a estas finalidades, e não à finalidade privada de 'não dar dor de cabeça' ao presidente da república", diz o procurador. Larissa é casada com Gerson Dutra - um ex-integrante da equipe de segurança particular do presidente da República.

Interferência em favor de Hang foi arquivada em 2020

A interferência de Bolsonaro no Iphan para favorecer Luciano Hang veio à tona pela primeira vez em 22 de maio de 2020, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou uma reunião ministerial no Palácio do Planalto ocorrida em abril daquele ano. Na gravação, Bolsonaro diz, sem dar detalhes, que mudou o comando do Iphan para evitar a paralisação de obras.

"O Iphan, não é? Tá lá vinculado à Cultura (…). E uma excelente pessoa que tá lá, tá? Mas tinha que ter um outro perfil também. O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Enquanto tá lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né?", diz o presidente.

Dias depois, a antiga presidente do Iphan, Kátia Bógea, reafirmou em entrevista que foi removida do comando do órgão por causa da pressão do empresário catarinense, depois da paralisação da obra de uma loja na região Sul do país. "Ele (Luciano Hang) criou esse escarcéu porque nem a mais simples das obrigações eles querem fazer. Estávamos ali para cumprir a Constituição. O que queriam é que não observássemos a lei", disse ela, à época. Na ocasião, a servidora também disse que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, pediu mudanças no comando do órgão.

Na época, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou uma notícia de fato sobre o assunto, após as declarações de Kátia Bogéa à imprensa. A representação foi encaminhada à Procuradoria da República no DF, mas acabou arquivada meses depois pelo procurador Helio Ferreira Heringer Junior.

O procurador entendeu que, como o cargo de presidente do Iphan é de livre nomeação e exoneração, Bolsonaro não precisaria apresentar qualquer justificativa para trocar a chefia do órgão, sendo esta uma prerrogativa do presidente. "Ademais, a mera alegação do demissionário (Bogéa) quanto a supostos interesses privados em sua exoneração não fornecem qualquer suporte de justa causa para a abertura de investigações", escreveu ele.

À reportagem, a Procuradoria da República no DF disse que o caso poderá ser reaberto, caso haja uma nova representação. "O MPF arquivou o procedimento com base nos fatos e elementos apresentados à época. Caso seja apresentada uma nova representação, baseada em novos fatos, o caso poderá ser reaberto", disse a PRDF ao Estadão, em nota. Nas redes sociais, Randolfe Rodrigues anunciou que apresentará uma nova representação sobre o caso.

COM A PALAVRA, O PLANALTO

Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre o assunto.

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu nesta quarta-feira (15) que trocou a direção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) depois de saber que o órgão paralisou uma obra da Havan no Rio Grande do Sul por conta de um achado arqueológico.

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Bolsonaro fez a declaração em discurso a empresários no evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiespe). 

“Há pouco tempo tomei conhecimento de uma obra de uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, que estava fazendo mais uma obra e apareceu um 'pedaço de azulejo' durante as escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra", disse o presidente.

“Liguei pro ministro da pasta (responsável pelo Iphan), e perguntei 'que trem é esse?' Porque eu não sou tão inteligente como meus ministros. 'O que é Iphan, com PH?' Explicaram para mim, tomei conhecimento, 'ripei' todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá, o Iphan não dá mais dor de cabeça pra gente ”, completou o presidente.

No dia 22 de abril do ano passado, durante uma reunião ministerial, Jair Bolsonaro havia sugerido que a interferência no Iphan foi motivada por interesses do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, que é seu apoiador.

Entenda

O caso citado hoje pelo presidente aconteceu em 2019. Na época, o Iphan havia explicado que a obra da Havan foi suspensa pela própria empresa, que seguia um termo já assinado por ela, onde se comprometia a contratar profissional de arqueologia para monitorar os trabalhos e paralisá-los em caso de achados de bens arqueológicos.

"Por meio deste documento, a empresa assumiu a responsabilidade de auto licenciar-se junto ao Iphan, o que significa suspender imediatamente as atividades caso fossem identificados sítios arqueológicos; comunicar a ocorrência de achados à superintendência estadual do Iphan; e responsabilizar-se pelos custos de gestão que possam advir da necessidade de resgate de material arqueológico", explicou o órgão por meio de nota.

Um dos ritmos mais queridos pelo povo brasileiro conquistou um reconhecimento esperado desde 2011. Na última quinta (9), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) declarou o forró como patrimônio imaterial brasileiro por unanimidade. A definição ocorreu durante reunião extraordinária do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural da entidade, o qual também considerou a expressão musical como supergênero.

O pedido de consideração de registro das matrizes tradicionais do forró foi encaminhado ao Iphan pela Associação Cultural Balaio Nordeste, de João Pessoa, na Paraíba. Após a solicitação, o processo foi aberto em 2011. Uma década após a abertura, o ritmo teve seu reconhecimento alcançado além de ter sido considerado um ‘supergênero’ por agrupar diversas expressões musicais como o baião, o xote, o xaxado, o chamego, o miudinho, a quadrilha e o arrasta-pé.

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Em 2019, o Iphan iniciou uma pesquisa nos nove estados do Nordeste, além do Distrito Federal, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo para entender e identificar como se expressa o esse gênero musical. Também houve pesquisa nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, com a identificação de festivais sobre tal expressão musical. O título chega às vésperas do Dia do Forró, celebrado anualmente no dia 13 de dezembro, dia do nascimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, um dos maiores representantes do gênero em todo o país. 

A ciranda do Nordeste é o mais novo Patrimônio Material do Brasil. O título foi aprovado na última terça (31), durante a 97ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O pedido para o reconhecimento do ritmo tradicional tramitava desde 2014, quando foi solicitado pelo então governador de Pernambuco, Eduardo Campos. 

O pedido para registro da ciranda enquanto patrimônio foi formalizado em 2014 por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), responsáveis pela produção do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC). Para tanto, foi enviado ao Iphan, à época, um inventário com documentos acerca de 38 grupos desta tradição. 

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Com o registro, a ciranda fica inscrita no Livro das Formas de Expressão. O objetivo da iniciativa é apoiar, fomentar e salvaguardar essa tradição. Agora, a ciranda ostenta o título de Patrimônio Cultural ao lado de outras expressões bem como o maracu de baque solto, maracatu de baque virado e o frevo, que teve seu registrado renovado por mais 10 anos na mesma reunião, na última terça (31). 

A campanha Conectando Patrimônios: redes de artes e sabores, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), lançou esta semana uma oportunidade para que cordelistas do Distrito Federal divulguem seus trabalhos para a sociedade brasileira, estimulando a venda de livretos, xilogravuras e outros produtos relacionados a esse bem cultural. A meta é promover o Patrimônio Cultural Imaterial, com a venda de produtos associados a bens registrados em todo o país. A campanha foi iniciada há cerca de dois meses e já reúne nove patrimônios imateriais, incluindo a literatura de cordel do DF.

A coordenadora geral de promoção e sustentabilidade do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan, Rívia Ryker Bandeira de Alencar, disse à Agência Brasil que a ideia é incluir na campanha todos os 48 bens imateriais reconhecidos hoje como patrimônio. 

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“Estamos em vias de inserir mais cinco patrimônios imateriais e 20 estão em negociação, pegando contatos para aderir à campanha”, informou Rívia. Em processo mais avançado estão a Literatura de Cordel, de Sergipe; Marabaixo, do Amapá; Capoeira, do Amapá; Ofício de Baiana de Acarajé, da Bahia; Maracatu, de Pernambuco; e Mamulengo, de Pernambuco. Rívia explicou que, a cada semana, conforme vai entrando na campanha um bem regional, é dada projeção nas redes sociais e divulgação na mídia local da região determinada.

Caráter permanente

A campanha Conectando Patrimônios tem caráter constante. “A ideia é que seja permanente e cada vez mais aprimorado. Que aumentem o alcance e a quantidade de participantes, que tenham outras formas de visualização para constante aperfeiçoamento para viabilizar a divulgação do patrimônio, que ele chegue na sociedade de forma mais fácil, mais rápida, como os produtores, que são os detentores das práticas culturais”, disse Rívia.

A campanha faz a divulgação dos contatos dos produtores de bens imateriais e eles oferecem o que vendem. “Já temos relatos de artesãos que fazem uma viola tradicional, que é a viola de cocho do Mato Grosso. Há pessoas de São Paulo ligando para eles. Eles nunca tinham imaginado isso”.

Cordelistas do DF

A literatura de cordel foi registrada como Patrimônio Cultural Brasileiro desde 2018. É uma das formas de expressão e faz parte da identidade do Distrito Federal, porque coincide com a história da construção de Brasília, quando inúmeros operários deixaram seus estados para trabalhar nos canteiros de obras da nova capital, trazendo consigo a arte de rimar e improvisar versos. Presente na cultura nacional, o cordel é também ofício, veículo de comunicação e constitui uma importante forma de expressão, informou o Iphan.

O cordelista Davi Mello, morador de Brasília, destacou que, nessa pandemia, os cordelistas que vendiam seus trabalhos em praças, eventos e feiras foram muito impactados. “A parceria com o Iphan surge em um momento em que precisamos nos reinventar para promover os nossos trabalhos e fortalecer a nossa arte”, disse. Ele afirmou, ainda, que a campanha Conectando Patrimônios beneficia não apenas os artistas e detentores de bens culturais, "mas também a sociedade, que tem na arte e na cultura uma forma de revigorar as pessoas e suas subjetividades, especialmente nesses tempos de isolamento social.”

Alvo de diversas ações de penhora judicial, a garagem de remo do Náutico foi classificada nesta sexta-feira (27) como imóvel especial de preservação pela Prefeitura do Recife, título concedido pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano da Cidade. O presidente do clube, Edno Melo, celebrou o momento e a preservação do patrimônio do clube.

"A garagem de remo faz parte da história do clube e possui um imenso valor histórico para todos os alvirrubros. É muito importante este tipo de classificação por parte da Prefeitura do Recife. É mais uma etapa vencida", disse o mandatário. Em 2019 a sede dos Aflitos recebeu a mesma classificação. 

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A decisão envolveu o Conselho Deliberativo do clube além do poder executivo e a Câmara de Vereadores do Recife que iniciou os procedimentos. Para determinar o patrimônio como imovél especial de preservação também foi necessário parecer técnico apresentado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

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O juiz Adriano de Oliveira França, da 28ª Vara Federal do Rio de Janeiro, suspendeu a nomeação de Larissa Rodrigues Peixoto Dutra como presidente do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). O magistrado acolheu a pedido em ação popular, e entendeu que Larissa, mulher de um ex-segurança do presidente Jair Bolsonaro, não possui formação e a experiência profissional compatíveis com a finalidade determinada por lei para o instituto - a promoção e proteção do patrimônio cultural brasileiro. Larissa é graduada em Turismo e Hotelaria e cursa uma especialização na área de gestão estratégica de marketing, planejamento e inteligência competitiva.

"Embora pareça notório a este órgão jurisdicional que a promoção e proteção do patrimônio cultural não se enquadra dentro da expertise dos igualmente relevantes profissionais formados em turismo e hotelaria, como a primeira ré - podendo por vezes até haver contraposição de interesses - em breve busca de informação na internet constata-se que todos os ex-Presidentes do IPHAN, pelo menos de 1988, não se formaram em turismo e hotelaria, mas sim em história, arquitetura ou antropologia. Estes ramos da ciência mais se coadunam com os componentes descritos nos incisos do art. 216 da Constituição, o que corrobora para identificação de incompatibilidade da nomeada para o cargo de presidente do IPHAN", escreveu o juiz.

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A decisão foi dada no âmbito de uma ação popular apresentada pelo deputado federal Marcelo Calero, que argumentava que a nomeação de Larissa afrontava os princípios da legalidade e da eficiência da atividade administrativa, bem como desvio de finalidade, uma vez que ela não possuiria diversos requisitos preestabelecidos para o cargo.

O Ministério Público Federal também chegou a entrar na Justiça contra a nomeação de Larissa e deu parecer favorável à suspensão no âmbito da ação apresentada por Calero. Segundo a Procuradoria, Larissa Rodrigues Peixoto Dutra é graduada em Turismo e Hotelaria pelo Centro Universitário do Triângulo, e cursa atualmente pós-graduação lato sensu, um "MBA Executivo em gestão estratégica de marketing, planejamento e inteligência competitiva" na Faculdade Unileya.

Intimada, a União defendeu a legalidade da nomeação de Larissa, argumentando que ela pertence aos quadros do Ministério do Turismo há 11 anos. Antes de assumir a presidência do Iphan, Larissa era Diretora do Departamento de Desenvolvimento Produtivo da Secretaria Nacional de Integração Interinstitucional, do Ministério do Turismo.

Ao analisar o caso, França viu provável violação do artigo 2º do Decreto nº 9727/2019 que estabelece a necessidade de perfil profissional ou formação acadêmica compatível com o cargo ou função. Segundo o magistrado, mesmo com o remanejamento do órgão do Ministério da Cultura (extinto) para o Ministério do Turismo, o Iphan continua com a finalidade de proteção e promoção dos bens culturais do país, assegurando sua permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras.

O juiz apontou que Larissa "possui robusto curriculum e experiência profissional, além de ser servidora concursada", mas não atende à adequação exigida pelo artigo 2º do Decreto nº 9727/2019, não apresentando perfil e formação compatíveis com a finalidade determinada por lei para o Iphan.

Reunião Ministerial

As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o Iphan que foram registradas no vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril foram citadas pelo deputado Marcelo Calero na ação popular e assim analisadas por França. O MPF também lembrou das falas quando acionou a Justiça.

"Eu fiz a cagada em escolher, não escolher uma pessoa que tivesse também outro perfil. É uma excelente pessoa que tá lá, tá? Mas tinha que ter um outro perfil também. O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Enquanto tá lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né? E assim nós temos que proceder", disse Bolsonaro durante a reunião.

Menos de 20 dias depois a nomeação de Larissa foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 11 de maio, em portaria assinada pelo ministro chefe da Casa Civil, Braga Netto. O cargo estava vago desde a passagem relâmpago da arquiteta Luciana Rocha Feres, em 2019. Sua nomeação foi feita em 11 de dezembro e cancelada no dia seguinte pelo então secretário especial da Cultura Roberto Alvim.

Antes de Luciana, quem comandava a autarquia, desde 2016, era Kátia Bogéa. Ela foi demitida da direção do órgão depois de o empresário Luciano Hang, amigo e doador da campanha eleitoral de Bolsonaro, reclamar no Twitter, em 7 de agosto de 2019, que o Iphan teria embargado a obra de uma loja sua.

Ao lembrar da fala de do presidente na reunião ministerial, Calero argumentou que a declaração do presidente corroborava o desvio de finalidade na indicação de Larissa à Presidência do Iphan.

Ao analisar a questão, França afastou a alegação sob o entendimento de que o "teor da conversa não era claro no sentido de que a nomeação foi realizada para atender a interesses privados".

"Ademais, eventual desvio de finalidade dessa projeção, poderia justificar a instauração de investigação criminal para apurar eventual crime de corrupção ativa, corrupção passiva, advocacia administrativa entre outros, o que justificaria até mesmo a suspensão do atual processo de natureza cível até a resolução da pertinente ação penal que por envolver as autoridades mencionadas, teria competência originária no Supremo Tribunal Federal", escreveu o juiz.

A ação do presidente Jair Bolsonaro no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, interferindo na direção do órgão, será analisada pela Procuradoria-Geral da República.

O município de Igarassu, berço da nação de maracatu de baque virado mais antiga do estado de Pernambuco, o Estrela brilhante de Igarassu, sedia, a partir desta quarta (18), a Mostra de Maracatu - evento realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional (IPHAN) e pelo Instituto Papiro de pesquisa. Até o próximo sábado (21), o evento vai promover oficinas e palestras sobre esta manifestação cultural tombada como patrimônio imaterial nacional culminando com a apresentação da nação anfitriã. 

Abrindo a programação da Mostra de Maracatu, nesta quarta (18), o mestre Gilmar Santana, mestre da nação Estrela brilhante de Igarassu, ministra uma oficina de confecção de alfaias. A oficina segue até a sexta (20), sempre às 14h, na Casa do Patrimônio do IPHAN, em Igarassu. Já no sábado (21), a Nação Estrela Brilhante de Igarassu se apresenta, às 17h. 

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Também no sábado (21), no mesmo local, o mestre apresenta a palestra O maracatu como bem cultural: memórias e práticas, ao lado do produtor cultural Hugo Nascimento. Sendo a mais antiga nação de maracatu de baque virado em atividade no Estado, com 195 anos de história, o Estrela de Igarassu é Patrimônio Vivo de Pernambuco e vencedor do Prêmio de Culturas Populares do extinto Ministério da Cultura. 

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Programação

Tambores de Igarassu - Oficina de confecção de alfaias

Quarta (18) a sexta (20) - 14h às 17h

Casa do Patrimônio do IPHAN em Igarassu (PE), Sobrado do Imperador (Rua Barbosa Lima, n° 122, Sítio Histórico)

Palestra - O maracatu como bem cultural: Memórias e Práticas

Sábado (21) - 14h às 17h

Casa do Patrimônio do IPHAN em Igarassu (PE), Sobrado do Imperador; rua Barbosa Lima, n° 122, Sítio Histórico.

Apresentação da Nação Estrela Brilhante de Igarassu

Sábado (21) - 17h às 19h

Casa do Patrimônio do IPHAN em Igarassu (PE), Sobrado do Imperador; rua Barbosa Lima, n° 122, Sítio Histórico.

Serviço

Mostra Maracatu

Quarta (18) a sábado (21) 

Casa do Patrimônio do IPHAN em Igarassu (PE), Sobrado do Imperador; rua Barbosa Lima, n° 122, Sítio Histórico

Gratuito

Recife foi a cidade escolhida para sediar o Seminário Forró e Patrimônio Cultural, realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entre os dias 8 e 10 de maio. A pesquisa a respeito das Matrizes Tradicionais do Forró é inédita e é uma das etapas do processo de registro para avaliação do bem como Patrimônio Cultural do Brasil.

O evento reunirá forrozeiros, artistas, músicos, artesãos e dançarinos, além de gestores públicos e culturais, produtores e pesquisadores de todo o Nordeste e Estados com forte presença nordestina. O Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI/Iphan) buscará, também, a participação ativa das comunidades e atores sociais que mantenham viva a tradição do forró no país a fim de que o dossiê resultante da pesquisa contemple a história, atuais desafios e perspectivas de sua continuidade.

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Além dos debates acerca da compreensão e preservação do forró, o seminário promoverá oficinas e aulas com mestres sobre diferentes instrumentos musicais, ritmos e danças. Também haverá espaços para apresentações, interações musicais entre músicos, dançarinos e um show de encerramento na Sala de Reboco, no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, na noite de 10 de maio. A programação pode ser vista na internet.

A pesquisa se estenderá até meados de 2020 e resultará no dossiê de Registro a ser analisado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que vai decidir se o forró vai ganhar o reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil. O processo teve início em 2011, através de um pedido da Associação Cultural do Nordeste.

 

Segundo trem de passageiros do Brasil, com 400 pessoas, partindo do Pátio rumo à Vila do Cabo, em 1858. (Acervo do Museu do Trem)

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O oito de fevereiro não é um dia comemorativo para o Estado de Pernambuco por mera desatenção. Nessa data, no ano de 1858, um trem com 400 pessoas a bordo partia do Pátio das Cinco Pontas rumo à Vila do Cabo e à história ferroviária e urbana do país. Segunda composição brasileira e primeira pernambucana a transportar passageiros, ela percorreu o célebre trajeto sob os trilhos da Estrada de Ferro Recife-São Francisco, inaugurada em 1958, para também se tornar a segunda mais antiga do Brasil. Apesar de sua importância, a estação foi demolida na década de 1960, tendo como último resquício o Pátio das Cinco Pontas, localizado no interior do Cais José Estelita e inscrito como Patrimônio Ferroviário do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Agora, o Pátio das Cinco Pontas corre o risco de ser completamente apagado do mapa do Recife, ao lado dos armazéns de açúcar do Cais José Estelita, que voltaram a sofrer com demolições na manhã desta segunda (25).

“É importante destacar o pioneirismo da Estrada de Ferro Recife-São Francisco, onde, pela primeira vez no Brasil, se estabeleceu o ticket de ida e volta, além do abatimento do valor da passagem das pessoas que construíram casas em seu entorno. Infelizmente, o que sobrou de Cinco Pontas foi o Pátio”, comenta Josemir Camilo, doutor em história pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autor do livro “A primeira Ferrovia Inglesa do Brasil”. Conforme denuncia seu nome, a ferrovia foi criada para chegar ao Rio São Francisco, objetivo que nunca conseguiu concretizar. Apesar disso, a Estrada de Ferro Recife-São Francisco teve seu trajeto prolongado até Garanhuns, no Agreste pernambucano, a partir de onde foi conectada à cidade alagoana de Imperatriz (atual União dos Palmares), através da já existente Estrada de Ferro Sul de Pernambuco.

Registros da antiga Estrada de Ferro Recife-São Francisco, de 1905. (Acervo Fundação Joaquim Nabuco)

De lá, foi novamente integrada a outra linha férrea, desta vez, a Estrada de Ferro Central de Alagoas, estendendo-se até Maceió, Alagoas. “As três foram unificadas quando a Great Western, em 1901 ganhou a concessão da Recife-São Francisco e da Sul de Pernambuco, e em 1903, tornou-se também responsável pela Central de Alagoas. É nesse período que a companhia inglesa cria a chamada Linha Sul”, comenta o coordenador do museu do trem, André Cardoso.

Demolição do Cais José Estelita

Assim, a Sul se tornou uma das três linhas que orientaram a formação do metrô do Recife e parte do desenvolvimento urbano da cidade, intimamente ligado aos trens. Apesar disso, o projeto escolhido para ocupar o espaço do Pátio de Cinco Pontas, de autoria do consórcio formado por Queiroz Galvão, Ara Empreendimentos, Moura Dubeux e GL empreendimentos, foi intitulado “Novo Recife” e não faz nenhuma referência à história do patrimônio. Nele, está prevista a construção de 12 torres comerciais e residenciais de alto padrão serão erguidos e acomodarão uma estrutura que incluirá “terraços gourmet”, “piscina aquecida” e “quadra de tênis”. “A situação de degradação do Pátio de Cinco pontas é fruto de um duplo desamparo: do governo e das empresas. O Estelita poderia ter seus antigos armazéns mantidos para finalidades sociais e próprio pátio continuar existindo como museu aberto, vivo. Não há como conciliar arranha-céus com uma memória tão chã”, lamenta o pesquisador Josemir Camilo.

Tratores destroem o pouco que restou dos armazéns de açúcar do Cais. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

A advogada do Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH) Tereza Mansi questiona ainda o leilão do Cais José Estelita. “O Ministério Público Federal entrou com uma ação para anular esse leilão. Como o terreno era Patrimônio da Rede Ferroviária transferido para a União, antes da venda, ela teria que ter dado preferência ao IPHAN, que inclusive já tinha uma parecer demonstrando seu interesse na área”, completa. Posteriormente, a Polícia Federal (PF) verificou que apenas o consórcio se candidatou durante o processo de licitação. “Por fim, o terreno acabou sendo vendido por um valor muito baixo”, conclui a advogada, referindo-se ao subfaturamento de R$ 10 milhões do leilão, também apurado pela PF.

Em reação à retomada das demolições, o Ministério Público Estadual deu entrada em uma ação na 5ª Vara da Fazenda Pública, que demanda a anulação da lei 18.128/2015, que prevê um plano urbanístico para os bairros do Cabanga, Cais José Estelita e Cais de Santa Rita. “Além disso, o CPDH entrou com uma ação popular na 3ª Vara da Fazenda Pública, em que a gente questiona a ilegalidade do início das obras, no qual não foi colocada a placa de transparência com informações sobre a obra. O espaçamento dos tapumes também está em desacordo com a lei. A gente pede para embargar a obra até que essas questões sejam corrigidas”, afirma Mansi. 

Segundo CPDH, tapumes foram colocados em desacordo com a lei. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

Nesta segunda-feira, a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) da Prefeitura do Recife publicou nota alegando que o alvará de demolição dos armazéns do Cais para o empreendimento Novo Recife foi concedido. “O documento foi emitido atendendo à solicitação dos responsáveis pelo projeto e está em conformidade com as normas de licenciamento vigentes, inclusive com anuência do IPHAN. É importante esclarecer que os 28 armazéns próximos ao Viaduto das Cinco Pontas serão preservados e restaurados pelo empreendedores”, informa o comunicado.

Ainda de acordo com a Prefeitura, um novo alvará ainda precisará ser expedido para que as obras sejam iniciadas. “O alvará de demolição concedido estava suspenso pela gestão municipal desde 2014, com o objetivo de rediscutir o projeto. Após amplo debate com a sociedade, o novo projeto, com 65% da área para uso público, foi aprovado em 2015. Vale salientar que, entre as melhorias no projeto, uma delas é o início das obras pela parte de uso público”, conclui a nota.

Também nesta segunda-feira, a reportagem do LeiaJá acompanhou o processo de demolição e a participação de ativistas e autoridades contrários à obra. Confira no vídeo a seguir:

Como resultado de ação civil pública (ACP) proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em Goiás, a Justiça Federal determinou que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) retifiquem o Edital n° 1 – Iphan, de 11 de junho de 2018. O documento disciplina a realização de concurso público destinado ao provimento de vagas e formação de cadastro de reserva para diversos cargos de níveis superior e médio para o instituto.

A sentença determina que o edital preveja, em cada uma das etapas e fases do concurso, que não sejam computados, para efeito de preenchimento do percentual de vagas reservadas a candidatos negros, nos termos da Lei 12.990/2014, os candidatos autodeclarados negros classificados ou aprovados dentro do número de vagas oferecido para ampla concorrência, devendo esses candidatos constar tanto da lista dos aprovados para as vagas da ampla concorrência como também da lista dos aprovados para as vagas reservadas a candidatos negros, em todas as etapas do concurso. A sentença, proferida pelo juiz federal Juliano Taveira Bernardes, ratifica decisão liminar dada em 27 de julho do ano passado na mesma ACP.

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Entenda – De acordo com o MPF, a metodologia adotada pelo edital do certame levaria à concorrência de candidatos negros apenas entre si. Isso teria como consequência prática a probabilidade de que, ao final do concurso, as vagas reservadas não fossem preenchidas totalmente. Isso poderia ocorrer, por exemplo, caso certo número de candidatos negros tivessem nota suficiente para figurar na lista da ampla concorrência, podendo ser deixadas vagas “em branco” na lista reservada para candidatos negros, que, então, seriam revertidas para a ampla concorrência.

O Cebraspe, realizador do concurso, interpretava que a regra deveria ser implementada apenas no resultado final do concurso. O MPF entende, no entanto, que essa interpretação é equivocada, pois o dispositivo legal deve ser aplicado em todas as fases e etapas do certame, notadamente em todas as vezes em que houver formação de lista de classificação.

Decisões favoráveis – Recentemente, o MPF obteve outra decisão judicial determinando, pelos mesmos motivos, a retificação do Edital n°1/2018 do concurso público para provimento de vagas nos cargos de oficial de inteligência, de oficial técnico de inteligência e de agente de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Da assessoria do MPF

O Sistema Agrícola Tradicional das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira, no estado de São Paulo, foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil. A decisão foi tomada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – órgão de decisão máxima do instituto para as questões relativas ao patrimônio material e imaterial do país –, nesta quinta-feira (20).

A declaração foi comemorada pelo Instituto Socioambiental (ISA) que informou em nota que a decisão foi resultado do trabalho realizado pelo instituto em parceria com as comunidades quilombolas. “Entre 2014 e 2017, o ISA e as comunidades redigiram o dossiê que deu início ao processo de análise de reconhecimento do Iphan”, afirmou o comunicado.

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O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural reúne 26 conselheiros, representantes de órgãos como os ministérios da Educação, das Cidades, do Turismo e do Meio Ambiente, do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB).

De acordo com a moradora do Quilombo São Pedro, Elvira Morato, o reconhecimento é um incentivo a mais para cobrar do governo a implantação de políticas públicas na região. “Ter mais uma garantia para a nossa agricultura quilombola. Os municípios também vão valorizar mais a nossa produção, quem sabe compram para a merenda escolar. Para as comunidades, sabemos que é uma conquista a mais da nossa luta”, acrescentou.

O sistema agrícola quilombola ter sido declarado patrimônio imaterial brasileiro também é visto pelos moradores do Vale do Paraíba como uma forma de ganhar liberdade. “O registro é mais uma ferramenta para combater a desigualdade e fortalecer as comunidades e seu modo de vida. Que seja uma ferramenta para combater a desigualdade. Assim como o sol nasce para todos, que assim seja a nossa liberdade”, destacou Osvaldo dos Santos, do Quilombo Porto Velho.

O ISA ressaltou que apesar do reconhecimento do Iphan, as comunidades quilombolas da região enfrentam um grande desafio, pois suas roças tradicionais, que fazem parte do sistema agrícola, estão ameaçadas pela burocracia e pela falta de conhecimento de órgãos ambientes de São Paulo.

Para ajudar a reverter a situação, as comunidades quilombolas criaram a campanha “Tá Na Hora da Roça”, cujo o objetivo é pressionar o governo paulista a emitir as licenças para abertura das áreas das roças no prazo adequado. Segundo o ISA, a ação garante a autonomia, a segurança alimentar e o fortalecimento cultural dos quilombolas que vivem no Brasil.

 

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu, na última quarta-feira (19), a literatura de cordel como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. A decisão foi tomada por unanimidade pelo Conselho Consultivo, que se reúne no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.

"Poetas, declamadores, editores, ilustradores, desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores, e folheteiros, como são conhecidos os vendedores de livros, já podem comemorar, pois agora a Literatura de Cordel é Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro", anuncia o Iphan. A reunião contou com a presença do Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, da presidente do Iphan, Kátia Bogéa e do presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Gonçalo Ferreira.  

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O gênero literário é ofício e meio de sobrevivência para inúmeros cidadãos brasileiros. Segundo o instituto, apesar de ter começado no Norte e no Nordeste do país, o cordel hoje é disseminado por todo o Brasil, principalmente por causa do processo de migração de populações. 

História

O cordel foi inserido na cultura brasileira ao final do século 19. O gênero resultou da conexão entre as tradições orais e escritas presentes na formação social brasileira e carrega vínculos com as culturas africana, indígena e europeia e árabe. Tem ligação com as narrativas orais, como contos e histórias; à poesia cantada e declamada; e à adaptação para a poesia dos romances em prosa trazidos pelos colonizadores portugueses. 

Originalmente, a expressão literatura de cordel não se refere em um sentido estrito a um gênero literário específico, mas ao modo como os livros eram expostos ao público, pendurados em barbantes, em uma especie de varal. De acordo com o Iphan, os poetas brasileiros no século 19 conectaram todas essas influências e difundiram um modo particular de fazer poesia que se transformou numa das formas de expressão mais importantes do Brasil.

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