Ao som do Maracatu, jovens especiais unem arte e inclusão

Grupo Maracaarte se apresentou na tarde deste sábado (25) no Parque Santana, durante o Festival Vox

por Eduarda Esteves sab, 25/11/2017 - 22:19

A arte torna o ser humano consciente da existência individual e coletiva na sociedade. É uma ferramenta de satisfação e traz luz ou desafios através da criatividade, flexibilidade, sensibilidade, reflexão e conhecimento. Vanessa souza, 31 anos, é dançarina e portadora da síndrome de Down e para ela, a arte se materializa através da música e da dança, desde que passou a integrar o grupo Maracaarte, projeto social inclusivo formado por 30 jovens especiais  que se apresentam no ritmo do Maracatu.

Menos de uma hora para a apresentação ter início, Vanessa era pura expectativa. O figurino é um vestido todo colorido no tecido de chita  um chapéu para combinar com a roupa. Nas mãos, as baquetas para tocar a alfaia no ritmo do Maracatu. Ela faz parte do Centro Pró Integração Cidadania e Arte (Integrarte), fundado em 1997 com o objetivo de favorecer a interação social de pessoas com dificuldades específicas.

Na tarde deste sábado (25), Vanessa se apresenta junto com um conjunto de batuqueiros, corte, pagens, dama das flores e baianas, em sua maioria são pessoas com síndrome de Down, no Parque Santana, onde acontece o Festival Vox. “Eu entrei na Integrarte e comecei a tocar, aprendi com minha professora e já sou artista. Eu faço teatro, maracatu e já me apresentei muito. Sou faixa preta de Karatê”, conta Vanessa.

Vanessa se apresentou na tarde deste sábado (25), no Parque Santana, com o grupo Maracaarte. (Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

Uma das fundadoras do Integrarte e mãe de um jovem especial, Laise Rezende diz que a arte na educação especial é uma técnica estimulante e possibilidade igualdade e integração dos seres humanos. “A arte tem um vínculo muito forte com o que a gente faz. Queremos um exercício da cidadania por esse segmento que é muito discriminado na sociedade. Eles se desenvolvem porque  é como se o palco fosse um laboratório de cidadania”, pontua Laise.

O batuqueiro André diz que percussão sempre lhe despertou interesse. (Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

André Felipe, 30 anos, entrou no Integrarte em 2009. Tem o sonho de ser ator e músico e neste sábado também se apresenta junto com o grupo de Maracatu. Aos 16 anos começou a se interessar pelos instrumentos de percussão e hoje é um dos principais músicos do Maracaarte. Toca alfaia e diz que é muito feliz sendo um artista. “Somos uma família, não tem briga e ninguém é menosprezado. Somos especiais e lutamos para quebrar os limites. Tem muita gente preconceituosa no mundo, mas o que importa é o bom coração que temos”, conta.

Professora do Maracaarte e regente do grupo, Drica Moraes, explica que todos têm possibilidade de trabalhar com a arte e para eles não há essa limitação. “Eu vejo que a delicadeza que eles recebem a música, os instrumentos e o ritmo é de uma forma diferente. Isso me encantou demais. É um desafio, mas é gratificante, apesar de ser um processo novo”, conta.

Organizados em fileiras, os jovens músicos e dançarinos mostram porque são tão especiais. Os batuques soam e os passos pareciam se encaixar a cada vibração. É um banho de cultura pernambucana e chama atenção de quem circula pelo Festival Vox, no parque. O professor de dança Roberto Silveira guia o grupo e a apresentação é linda e cheia de vida.

Solange Melo, mãe de Anderson Melo, 32 anos, assiste orgulhosa os passos do filho. Para ela, a cultura foi um diferencial na vida dele porque ele começou a participar de atividades e a sociabilização aumentou. “Ele é  xodó da família e se entrosa em qualquer ambiente que chega. A arte é uma forma de quebrar preconceitos e mostrar as pessoas que nossos filhos também podem quebrar barreiras e são importantes”, finalizou.

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