Ana Lúcia Altino é uma das realizadoras do Virtuosi Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O amor pela música erudita e a vontade de difundi-la entre os mais diversos públicos têm sido impulso para a realização do Virtuosi - Festival Internacional de Música de Pernambuco. O evento, produzido pela pianista Ana Lúcia Altino e pelo maestro Rafael Garcia, chega à sua 21ª edição em 2018, com status de festival de sucesso e exemplo de resistência. Este ano, Recife e Olinda recebem a programação, entre os dias 2 e 9 de dezembro.

E foi esse amor que ensinou Ana Lúcia Altino a "fazer o festival acontecer". Enfrentando dificuldades na captação de recursos nos últimos anos, ela não desanimou e achou estratégias para colocar o Virtuosi na rua: “A gente enxuga, consegue manter a programação bonita, com qualidade, com bons músicos, fazendo outras coisas para preencher a semana toda”, contou em entrevista ao LeiaJá. Ela reconhece a importância do evento não só a título de entretenimento, mas também como ferramenta de educação e desenvolvimento da cultura do Estado. “Só não vê quem não quer”, comenta.

Ana é responsável por levar a música erudita, através do Virtuosi, às mais diversas plateias. O festival é prova concreta de que o brasileiro aprecia o gênero, a despeito do sendo comum que diz o contrário, e não deixa de prestigiar os concertos: “É impressionante quando você vê o público no interior, com eles gostam. Belo Jardim é interior e você tá com as igrejas cheias nos concertos, alunos (nas atividades formativas), chovem”, diz referindo-se às edições que acontecem no interior, além de Belo Jardim o festival também passa por Gravatá e Garanhuns.

O Virtuosi, do alto dos seus 21 anos, já se consagrou como um dos festivais mais importantes do segmento no cenário nacional. A paixão e a vontade de fazer sempre melhor de Ana e demais realizadores do evento o mantém sempre atual e atuante. E a realizadora vislumbra ainda mais: “Meu sonho é fazer um Coquetel Molotov só de música clássica. Num parque enorme, com vários palcos, com música clássica de diferentes gêneros e estilos: orquestra de câmara, sinfônica, recitais. Só precisa do dinheiro”, brinca. E de fato, é ‘só’ o que falta pois disposição, criatividade e aquele amor grande tem de sobra.

21º Virtuosi

A 21ª edição do Virtuosi, sob o tema Brahms & Amigos, vai ocupar diversos espaços do Recife e Olinda com uma programação preocupada com a parte social da música e eventos especiais para as crianças. Na abertura do festival, no dia 2 de dezembro, a Orquestra de Mulheres do Instituto Grupo Pão de Açúcar, de São Paulo, sob regência de Renata Jaffé, se apresenta na Igreja da Sé de Olinda.

Dos dias 5 a 9, a programação migra para o Teatro de Santa ISabel, no Recife, com uma série de concertos quando serão apresentados os quartetos para piano em mi bemol maior, de Schumann, e o quarteto Op.60, de Brahms, pelo Quarteto Metamorfosis, da Universidade Federal da Bahia.

O festival também vai promover uma mesa redonda com o tema A música como elemento de inclusão social, que contará com a participação das orquestras Instituto Grupo Pão de Açúcar (SP) e Criança Cidadã (PE), no Instituto JCPM, no dia 3 de dezembro; e 'talks' com o tema Aprendendo a ouvir música clássica, com o compositor Marcílio Onofre, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, nos dias 4 e 5.

A criançada também terá atividades especialmente voltadas para elas no Virtuosinho. Além de apresentação do grupo O Tapete Voador, haverá brincadeiras musicais para bebês e apresentação da Orquestra Criança Cidadã; no dia 9 de dezembro, no Museu do Estado de Pernambuco. A programação completa do 21º Virtuosi pode ser vista no site do festival.