Pão caseiro vira mania durante a quarentena
Padeiros do lar compartilham seu amor por preparar a receita e já pensam em empreender no futuro
O pão é um dos alimentos mais consumidos em todo o planeta. Além de fonte de renda, a receita tem seu espaço na culinária de diversos povos e é tradição nas receitas de família. Por isso, nos dias em que o isolamento social se faz necessário, devido ao surto do novo coronavírus (Covid-19), preparar pães em casa fez da pandemia a época ideal para colocar a mão na massa.
O gosto por cozinhar sempre esteve presente na vida de Anne Carvalho, 46 anos. Para a professora, o ato sempre foi um gesto de amor à família. "Minha relação com a comida vai além de nutrir. Gosto de estar com as pessoas e fazê-las felizes com o afeto que coloco nas minhas preparações", comenta. Com a quarentena e a impossibilidade de fazer os pratos preferidos, Anne decidiu recordar os tempos em que avó e bisavó lideravam a produção para o café da tarde nas férias. "Adoro o cheiro do fermento levedando a massa, me lembra aconchego de avó. Elas faziam pães deliciosos para o café da tarde no sítio", recorda Anne.
A professora aproveita o tempo em que a saída às ruas não é recomendada para elaborar novas receitas. Até o marido, Roberto, começou como auxiliar de panificação e, hoje, se vira sozinho em meio à "pãodemia". "Ontem fizemos o primeiro pão integral de farinha orgânica com o fermento que criei. A sensação foi ótima e o pão ficou muito saboroso", conta. Segundo Anne, a possibilidade de distribuir um pouco do carinho que aplica na cozinha pode render bons frutos no futuro. "Quem sabe um dia posso abrir um cantinho do pão caseiro, de fermentação natural, em algum canto por aí, não é?", diverte-se.
O educador Roverson Ferreira, ao lado da esposa, Lilian, e do filho, Miguel | Foto: arquivo pessoal
Outro que encontrou uma saída para driblar a crise por meio da produção de pães foi o educador e diretor escolar Roverson Ferreira, 40 anos. O talento para cozinhar veio de família, assim como a arte da panificação. "Minha mãe tinha o hábito de fazer pão e sempre foi um motivo para juntar pessoas em volta da mesa, conversar e aprender com os mais velhos", lembra. "O processo de fazer pão demanda paciência por conta da ação do fermento, então sempre foi um momento muito rico para mim na proximidade com a família", complementa.
Além da tradição, a cozinha serve como terapia para aliviar a tensão das 13 horas diárias de Ferreira, que tem dois empregos. "Como minha rotina de trabalho é bem estafante pela dinâmica das escolas, a cozinha me desestressa. É algo que eu faço por horas no tempo livre. Sou a referência no almoço de família", brinca.
Satisfeito com o rendimento na cozinha, o educador deseja que o hobby possa se tornar um empreendimento em breve. "Tenho interesse em trabalhar com alimentação de alguma maneira, é algo muito prazeroso", fala. "Se tiver a oportunidade de ter um negócio, de alguma maneira o pão vai estar lá", finaliza.