"A poesia cava seu espaço onde não tem"

Poeta e escritora paraense, Heliana Barriga fala sobre processos criativos na arte poética

qua, 30/03/2022 - 13:10
Arquivo pessoal Para Heliana Barriga, a poesia resiste, é teimosa Arquivo pessoal

O mês de março é marcado por um data especial para a literatura. Dia 21 foi comemorado o Dia Mundial da Poesia, em referência e homenagem a homens e mulheres que usam as letras e palavras para contar histórias, expressar pensamentos ou críticas, provocar reflexões e paixões, expor sentimentos, sejam eles verdadeiros ou fictícios.

A data foi criada pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em 1999, com o propósito de estimular a produção de poesia em todo o mundo e notabilizá-la como forma de arte.

Não há como negar a relevância da poesia. Afinal, quem nunca ouviu falar de Shakespeare? Ou mesmo, na cena brasiera, recebeu indicações de leitura dos clássicos Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade, Cecilia Meireles, Vinicius de Moraes, entre outros.

O Pará tem seus representantes, que bebem na fonte de Ruy Barata, assim como na “Academia do Peixe Frito”, criada no início do século XX, passando também por João de Jesus Paes Loureiro e Antônio Juraci Siqueira, até chegar em Raimunda Heliana Magalhães Pereira Barriga.

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Mais conhecida como Heliana Barriga, nascida em Castanhal-PA, a poeta formou-se em engenheira agrônoma e é mestre em Genética e Melhoramento de Plantas. Como escritora, seu trabalho é dedicado à produção infantil.

Heliana é poeta, compositora e musicista, autora de livros infantis como “Abelha abelhuda” e “A perereca sapeca”– FTD/SP (1980); “trava trova língua” e “Livre”, Editora Tempo (2012); “Pirulítero” e “mala sem fundo” pela Editora Alternativa (2017). Ela conversou com o Portal LeiaJá Pará. Acompanhe a entrevista.

De onde veio o interesse pela poesia ?

Desde criança. Em adulta escolhi estudar Agronomia porque queria trabalhar ao ar livre. Considero as agricultoras de sementes as maiores poetas. 

De que maneira a poesia interfere na vida das pessoas ?

As pessoas ficam diferentes depois que se permitem à poesia. Inquietam-se para se buscar mais. Como se virassem ao contrário.  Elas ficam melhores. Percebem mais a vida.

Quando você se viu poeta ? Quanto tempo já está nesse segmento e quantas poemas escritos?

Quando percebi as diferenças sociais. Quando a minha criança interior começou a gritar alto dentro de mim. Estou nessa teimosia boa há mais de 40 anos. Considerando que escrevo pelo menos um poema por dia. Faça as contas. 

O que te move ou inspira para escrever poesia ?

Tudo e nada. Não vou atrás. Vem pra mim. Não perco nada para a poesia.

No mundo distante do afeto, das relações efêmeras, dos smartphones e redes sociais, qual é o espaço hoje da poesia no mundo ?

A poesia cava o seu espaço onde não tem. Quanto mais controvérsias, melhor. Ela é nonsense, inesperada, castigada, e desejada, mas teimosa acima de tudo. Se posiciona entre a verdade e a mentira, o certo e o errado. O amor e o ódio. O dia e a noite. O homem e a mulher etc.

Por Dinei Souza (sob orientação e acompanhamento de Antonio Carlos Pimentel).

 

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