Estádio de Olinda é superfaturado com menos de 50% da obra
Com prazo e orçamento estourado, construção do Estádio Grito da República, em Rio Doce, tem previsão para acabar ainda neste ano
As obras do Estádio Grito da República, em Rio Doce estão de volta, após mais de 20 meses paralisada, crescimento nos gastos e cobranças da população. A ordem de serviço foi assinada em 2008 e a construção começou a ser feita no dia 15 de dezembro do mesmo ano, com recursos do Ministério dos Esportes e da Prefeitura de Olinda, que somavam um investimento de mais de R$ 7 milhões.
Agora, depois de seis anos do início das obras, o espaço conta com 49,09% de conclusão e soma um custo total de R$ 10.545.712,63, dos quais já foram utilizados R$ 5.176.793,18. O estádio contará com campo oficial, vestiários, cabines para a imprensa, vagas de estacionamento, duas quadras poliesportivas, playground, brinquedos, seis torres de iluminação, pista de cooper, restaurante e outras áreas de lazer. A capacidade de público será de até 15 mil pessoas.
Atraso e busca de recursos para anteder requisitos da FPF
O primeiro prazo para entrega seria em dezembro de 2012. Porém, o local já passou por mais várias datas de inauguração. Em 2013, a promessa foi finalizar entre os meses de abril e maio deste ano, antes da Copa do Mundo - já que o local estava cotado para ser centro de treinamento para as seleções que viriam a Pernambuco, durante o Mundial. Em junho de 2012, a Prefeitura de Olinda chegou a receber um comunicado oficial da Fifa pré-estabelecendo as cláusulas de contratação, caso o Estádio Rio Doce fosse selecionado para Centro de Treinamento de seleções.
O secretário executivo de obras da cidade de Olinda, João Batista Cavalcanti Neto, revelou que o local chegou a ser cogitado para a Copa, mas para isso precisava se adequar às regras da Fifa para poder se candidatar. “Após as exigências da Fifa, o espaço teve que passar por diversas adequações e não houve tempo suficiente para atingir os padrões exigidos”, disse.
Porém, o secretario deixou claro que a busca por novos recursos para atender os requisitos da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), além da adaptação do estádio para receber jogos oficiais também foram motivos para a demora da construção. “Após receber as modificações para melhoria do estádio, como por exemplo, a instalação de rampas de acessibilidade. Com isso, foi necessário mais tempo para reorganizar o projeto e arrecadar mais recursos necessários para a execução da obra”, explicou.
Meta: construir os outros 50% até o fim deste ano
Com menos de 50% da obra concluída nos últimos seis anos, a nova meta da Secretaria de Obras é entregar o estádio até o final de 2014. Porém, o único espaço visualmente finalizado é a arquibancada, que suportará 15 mil torcedores. Na parte interna do estádio, as cabines de imprensa, os vestiários, sala dos árbitros, túnel de passagem dos jogadores estão na fase de acabamento. Além disso, o fechamento do entorno e a realização do contorno da área norte do local serão as próximas ações a serem executadas.
A bilheteria e a área externa do estádio ainda não foram iniciadas. O local será composto por um mini-campo de areia, que já foi cercado, mas ainda se encontra coberto pelo mato, estacionamento para 130 veículos, playground, que será integrado à escola municipal ao lado do Grito da República e uma pista de Cooper. Segundo o secretario João Batista Cavalcanti Neto (imagem abaixo), os espaços externos serão para a população do bairro. “O mini-campo, a pista de Cooper e o playground poderão ser usados livremente. A escola municipal que fica ao lado do estádio passará a aproveitar o playground durante o intervalo dos alunos”, contou.
Construção serviu de abrigo para usuários de drogas
No período que o estádio estava abandonado, a situação era de risco para a saúde pública. Mato, lixo, poças de águas, que poderiam facilitar a proliferação do mosquito da dengue eram visíveis. Mesmo com o retorno da construção, alguns problemas ainda persistem no local. De acordo com a moradora do bairro, Luciana Meira, à noite, sem iluminação, o espaço era utilizado para atos ilegais. “Era muito inseguro passar aqui à noite por causa dos marginais que ficavam usando drogas. Agora, é possível ver menos pessoas fazendo isso, mas ainda encontramos pessoas debaixo da arquibancada consumindo”, revelou.
Apesar do retorno das obras, os populares ainda estão descrentes com a conclusão do estádio para este ano. “Eles voltaram apenas porque está em período de eleição. Não duvido nada que depois que acabar eles param novamente. Já estamos muito tempo vendo essa situação desse jeito e nada melhora para o povo do loca. Só estamos vendo o campo mesmo”, contou a professora Cristiana Santos.
Prefeitura pretende investir nos arredores do estádio
Entretanto, o ajudante de pedreiro, José Paulo acredita que com a construção do estádio, a população local sofrerá impactos positivos. “Eles não vão deixar as ruas do entorno ficarem esburacadas e cheias de lama não. O local precisa ficar organizado para os ônibus e jogos serem realizados aqui. Além disso, os lixos do canal precisam ser retirados”, disse.
Além da construção do Estádio Grito da República, a Prefeitura de Olinda promete executar obras no entorno do local que beneficiarão a população. “Após a construção do muro, vamos começar a limpeza do canal, para melhorar a qualidade de vida da população”, disse o secretario João Baptista. “Estamos com um projeto junto à Secretaria de Planejamento para também fazer a urbanização do local e para isso já iniciamos a fase de captação de recursos.”, concluiu.