Corinthians processará torcedor que brigou no Itaquerão
O clube vai pedir na Justiça o ressarcimento do prejuízo causado pelo torcedor
Tiago Aurélio dos Santos Ferreira vai ser processado pelo Corinthians. O clube vai pedir na Justiça o ressarcimento do prejuízo causado pelo torcedor por ter participado da briga entre integrantes das organizadas Pavilhão 9 e Camisa 12 no clássico do dia 21 de setembro contra o São Paulo, no estádio Itaquerão.
Por causa da confusão, o Corinthians foi multado em R$ 50 mil pelo STJD e perdeu um mando de campo. A pena foi cumprida semana passada, em Cuiabá, contra o Vitória. "Vou determinar ao departamento jurídico que entre com uma ação. Vou procurar saber quem é, pedir para o jurídico verificar e buscar a Justiça", disse o presidente Mário Gobbi.
Ferreira é um dos 12 corintianos que foram presos no ano passado em Oruro, na Bolívia, acusados da morte do garoto Kevin Espada durante partida da Copa Libertadores. Ele também foi preso em fevereiro após invadir o CT do clube com mais de 100 torcedores. A participação de Ferreira na briga do Itaquerão foi revelada na semana passada pela reportagem. E as imagens foram avaliadas por técnicos do Instituto Brasileiro de Peritos. Líder da Pavilhão 9, o torcedor chega a acertar um chute em um integrante da Camisa 12.
Gobbi decidiu processar Ferreira por não concordar com a pena imposta pela STJD ao clube. "Se sou que dou causa para uma perda de mando de campo do Corinthians, eu sou fuzilado. Olha a inversão de valores que nós vivemos! Está tudo louco, sem bússola. Fomos jogar em Cuiabá porque perdemos o mando de campo por causa de uma briga de duas torcidas na Arena Corinthians".
Apesar de ter tomado a decisão de entrar com uma ação contra Ferreira, o presidente do Corinthians acredita que dificilmente o clube vai ser ressarcido financeiramente. "Se perguntarem se tenho vontade de entrar na Justiça, digo que é zero. Não tenho vontade porque não vai resolver e não acredito nos poderes constituídos e nas pessoas".
DESCRENÇA - Gobbi diz ter ficado decepcionado com a Justiça principalmente depois que Ferreira foi solto três semanas após ser preso por invadir o CT do clube. Funcionários relataram que foram agredidos e tiveram seus celulares roubados, mas o despacho do juiz Gilberto Azevedo Morais Costa, da 17.ª Vara do Fórum Criminal da Barra Funda, diz que os torcedores foram apenas manifestar o seu descontentamento com a má fase da equipe. "Um juiz dar a sentença que ele deu, sarcástica, depois do terror que nós passamos, desmotiva até viver no Brasil", criticou.
O presidente do Corinthians ainda atacou o CBJD (Código Brasileira de Justiça Desportiva), que determina que os clubes têm de ser punidos pelos atos violentos praticados pelos seus torcedores. "É uma vergonha um vagabundo escrever que a responsabilidade é dos clubes pela postura da sua torcida. Isso é jogar a sujeira debaixo do tapete, é esconder a falência do Estado que não dá educação, saúde, moradia e distribuição de renda. O diretor de clube tem de tomar conta de marmanjo porque o Estado não toma".