Juizado do Torcedor ainda não saiu do papel
O primeiro passo concreto para a efetivação do Juizado do Torcedor no Estado de São Paulo poderá ser dado na manhã de segunda-feira, numa reunião na sede da Secretaria de Segurança Pública. O encontro foi convocado pelo responsável pela pasta, Alexandre de Moraes, com o objetivo de discutir com autoridades e clubes a criação de uma estrutura que torne mais eficaz o combate à violência entre as torcidas organizadores.
Moraes vai comandar a reunião, que terá a presença dos juízes Ulisses Pacolatti e José Zoega, dos promotores Paulo Castilho e Danilo Palomoni, e de representantes das polícias Militar e Civil.
O futebol estará representado pelo presidente e pelo vice da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo del Nero e Reinaldo Carneiro Bastos (que assumirá a presidência da FPF em abril, quando Del Nero for efetivado no comando da CBF) e pelos presidentes de Corinthians (Roberto Andrade), São Paulo (Carlos Miguel Aidar) e Santos (Modesto Roma Júnior). Paulo Nobre, do Palmeiras, está no exterior e informou que mandará um representante.
O Juizado do Torcedor já foi criado, mas na prática até hoje não saiu do papel. Isso levou o promotor do Juizado Especial Criminal (Jecrim) Paulo Castilho a pedir a adoção de uma "política de Estado" para o combate à violência no futebol. Para isso, ele sugere que o Juizado tenha juiz e promotor especialistas no tema, além de ser estruturado com funcionários e equipamentos como carros e telefones próprios.
Há nove anos à frente do Jecrim, Castilho ameaçou abandonar o trabalho que tem feito contra a violência dos torcedores organizados se o Juizado não for efetivado.
"Ou nós transformamos isso numa política de segurança pública ou estou fora", disse o promotor em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada na segunda-feira.
Castilho espera que o encontro da próxima segunda-feira comece a alinhavar a estruturação do Juizado do Torcedor. "Sinto por parte do secretário grande disposição em tratar desse tema." Alexandre de Moraes se dispôs a ser o interlocutor do Ministério Público com o governador Geraldo Alckmin.
A proposta de "turbinar" o Juizado do Torcedor foi levada por Castilho ao secretário de Segurança Pública há 13 dias, numa reunião da qual também participaram, entre outros, representantes do Tribunal de Justiça e da Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo. A reunião de segunda-feira, porém, está sendo considerada como o ponto de largada sobre o tema.
Aos clubes deverá ser pedido que endureçam a relação com as torcidas organizadas, negando ajuda financeira e também abandonando de vez alguns expedientes antigos, como destinar a esses torcedores parte da cota de ingressos para as partidas.