Milionário "Chinezão" começa na próxima sexta
Quase a metade de todo o dinheiro que os chineses investiram para comprar jogadores foi com brasileiros. Puxam a lista Alex Teixeira, Ramires, Elkeson e o ex-corintiano Gil
O campeonato nacional com maior investimento em 2016 começa nesta sexta-feira. Não é o Espanhol. Nem o Inglês, nem o Italiano. É o Campeonato Chinês que, pela quantidade de jogadores brasileiros inscritos, já está sendo chamado de Chinezão, em alusão ao apelido do Brasileirão. No jogo de abertura, o Guangzhou R&F enfrenta o China Fortune.
Só com a contratação de jogadores, os clubes chineses investiram mais de 300 milhões de euros (quase R$ 1,5 bilhão). Em segundo lugar do ranking está a Inglaterra, onde os clubes gastaram na janela de inverno 235 milhões de euros (R$ 1 bilhão).
Quase a metade de todo o dinheiro que os chineses investiram para comprar jogadores foi com brasileiros. Puxam a lista Alex Teixeira, Ramires, Elkeson e o ex-corintiano Gil.
Apesar de no ano passado ter evitado a convocação de atletas de clubes asiáticos, a recente debandada de jogadores do País para China deve obrigar o técnico Dunga a olhar com mais atenção para o outro lado do mundo. Na quinta-feira, o treinador vai convocar a seleção brasileira para os jogos contra Uruguai e Paraguai pelas Eliminatórias da Copa e há possibilidades de jogadores que atuam na China estarem na lista.
Um dos mais cotados é o zagueiro Gil. Ele foi titular no último jogo do Brasil em 2015 (vitória sobre o Peru por 3 a 0), quando defendia o Corinthians. "Ser convocado é fruto do trabalho, independentemente do local. Tenho me dedicado aqui do mesmo jeito que sempre me dediquei no Corinthians. Procuro fazer complementos físico e técnico e hoje o futebol pode ser visto em qualquer lugar", disse à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo o zagueiro Gil, comprado por 10 milhões de euros pelo Shandong Luneng.
Quem também espera por uma chance na seleção é Ricardo Goulart. Desde que foi contratado pelo Guangzhou Evergrande, no ano passado, não voltou a ser lembrado por Dunga. Eleito melhor jogador da Liga dos Campeões da Ásia e do Campeonato Chinês, renovou contrato até 2020.
"O futebol da Ásia vai demorar quatro anos para estar em um nível muito alto, mas está começando agora. O campeonato vai ficar mais difícil porque vários clubes contrataram grandes jogadores", disse.
Ricardo Goulart tem razão. A meta dos outros 15 times que disputam o Campeonato
Chinês é derrubar a hegemonia do Guangzhou Evergrande. O time treinado por Felipão venceu cinco títulos seguidos (2011, 2012, 2013, 2014 e 2015).
O ex-botafoguense Elkeson jogou no Guangzhou Evergrande entre 2013 e 2015. Em janeiro, foi comprado pelo Shanghai Dongya SIPG por 18,5 milhões de euros. Durante seis dias, a sua transferência foi a mais cara da história do futebol chinês até o Jiangsu Suning pagar 28 milhões de euros por Ramires. O recorde ainda seria batido por Jackson Martinez e depois Alex Teixeira, que custou 50 milhões de euros.
"Conquistei tudo pelo Guangzhou e queria sentir o gostinho de construir uma bonita história por um novo clube. O Shanghai tem como objetivo tirar a hegemonia do Guangzhou e esse desafio despertou o meu interesse", revela Elkeson.
São 16 times disputando o título no sistema de pontos corridos. Os três primeiros colocados vão à Liga dos Campeões e os dois últimos são rebaixados. Ainda não há acordo com TVs brasileiras para transmissão.
RAMIRES - Um dos mais novos integrantes do futebol chinês, Ramires, ex-Chelsea, falou sobre a sua adaptação ao país asiático. "Às vezes ainda sinto um pouco de cansaço, principalmente durante o dia. A primeira pergunta que sempre me fazem é se já comi cachorro, grilo. Mas ainda não fiz isso e espero não precisar. Tenho ficado em hotéis e a maioria oferece uma variedade grande de comidas", revelou.
Já ao ser questionado sobre as chances de voltar para a seleção brasileira atuando no futebol da China, ele respondeu: "Se eu ficasse na reserva no Chelsea, minhas chances de voltar à seleção seriam menores. Se jogar bem aqui, vou chamar atenção. As contratações colocaram a China em outro patamar".
E Ramires garante que não aceitou jogar na China apenas pelo dinheiro que lhe foi oferecido. "Lógico que o dinheiro foi importante, mas não vim só por isso. A minha situação no Chelsea não estava muito boa. Depois que o Mourinho (técnico) saiu, eu acabei me tornando a quarta opção para minha posição. Isso tira de você um pouco do prazer e justamente naquele momento surgiu essa oportunidade. Poderia muito bem ter ficado no Chelsea, acomodado com a situação, mas eu precisava desse gás, do desejo de superar um novo desafio. Tive uma história maravilhosa no Chelsea, mas achei que era a hora de buscar novos desafios", enfatizou.