Atividade física garante bem-estar na terceira idade

Os exercícios ajudam a melhorar os reflexos osteoarticulares dos idosos, bem como retardar a progressão da osteoporose. Além disso, permitem o resgate da qualidade de vida.

por Laura Carvalho ter, 17/05/2016 - 17:47

Promover qualidade de vida. Essa é uma das importâncias e finalidades da prática de exercícios físicos na terceira idade. Para o professor de Educação Física Felipe Movilha, a atividade física de maneira regular não deve, a princípio, ter como objetivo apenas fins estéticos, mas, sim, estimular o cuidado com a saúde e bem-estar de quem está ou já passou dos 65 anos de idade. “Ele (o exercício físico) é crucial para uma pessoa manter a longevidade. Pessoas sedentárias ou idosas devem praticar atividades físicas pelo menos três vezes na semana, incluindo exercícios de cunho aeróbico e anaeróbico”, recomenda.

Felipe diz que o exercício resistido, conhecido como musculação, é a prática mais indicada para o público da terceira idade, por apresentar índices menores de lesões. Segundo o professor, estudos apontam que a probabilidade é de que, para um grupo de cem pessoas idosas praticando musculação, apenas uma saia machucada. “A musculação tem equipamentos que guiam o movimento da pessoa e evita lesões, se supervisionada por um profissional”, continua. Felipe pondera que as atividades desenvolvidas coletivamente, como as diversas modalidades esportivas, também são recomendadas.

O engenheiro elétrico Lélio Santos lembra que há muito tempo já é adepto de práticas que ajudam a manter a qualidade de vida, como natação e futebol, além de outras formas de exercício. “Agora, mais velho, faço caminhada e musculação. Geralmente, no começo não dá prazer. Mas aí, depois que começa, sobe a adrenalina e dá prazer.” Foi por meio dessas atividades que o engenheiro viu as mudanças, principalmente no que diz respeito à estética, chegarem. “Você não engorda muito e isso é agradável. Eu tenho uma atividade de trabalho pesada e a parte física é importante para ter disposição. Venho à praça três vezes por semana e vou à academia”, pontua.

A musculação também está entre as atividades da aposentada Stela Maria, que costuma se exercitar em um dos pontos bastante apreciados pela terceira idade fitness da Grande Belém, a praça Batista Campos. “Eu vim me exercitar depois que me aposentei, porque eu era educadora e vivia para o trabalho. A princípio, foi por orientação médica. Agora, é pela necessidade”, reconhece. Stela garante que já percebeu melhoras na locomoção. Antes ela tinha problemas no joelho e no tornozelo e foi por causa dos exercícios praticados que começou a perceber as diferenças e sentir-se bem. “Eu estava fazendo musculação, agora comecei novamente a fazer a caminhada, numa base de meia hora por dia”, conta.

Movilha explica que a musculação é praticada em algumas etapas. Na primeira delas, o idoso começa cumprindo fases que vão desde a adaptação para o organismo e articulações exigidas, passando por uma etapa intermediária até chegar à fase avançada. Baseado em estudos, Felipe afirma que há uma fase da vida em que as pessoas, com destaque para as idosas, tendem a ficar isoladas, mas é através do exercício coletivo que esse quadro pode ser mudado. “Após inscrição e avaliação, os alunos que começam a praticar atividades físicas, principalmente em grupo, melhoram bastante. Alguns moram sozinhos; outros, acompanhados dos filhos. Mas é com a prática de atividades que eles apresentam evolução na qualidade de vida, socialmente e funcionalmente”, observa.

A perda do pai, que morreu com 47 anos, foi o que motivou o engenheiro aposentado José Otávio Figueiredo, de 70 anos, a começar a praticar exercícios físicos. Ao descobrir que tinha um estreitamento nas artérias, José redobrou os cuidados com a saúde, abandonou alguns vícios – como o cigarro – e priorizou as atividades. Em busca da qualidade de vida, ele passou a cuidar, também, da alimentação. “Eu fui criado no interior e lá, invariavelmente, a sobremesa era pirão de açaí. Hoje, eu como realmente o que me dá prazer. Como mais vezes, faço um café da manhã substancial, almoço pouco, faço um lanche e um jantar”, enumera, analisando que a prática de atividades físicas deveria fazer parte da vida, assim como o ato de respirar ou alimentar.

O professor Felipe Movilha diz que uma alimentação adequada influencia positivamente no rendimento e resultados das atividades realizadas. Ele assegura que cada região tem sua alimentação e tradição, mas tudo é válido, especialmente as frutas, legumes, vegetais, fibras, grãos, carnes e o tão apreciado feijão e arroz, que são ricos em proteínas e minerais.

É à prática de exercícios físicos regulares que a aposentada Socorro Borjas atribui o fato de ter chegado aos 71 anos sem as doenças que, segundo ela, costumam afetar os idosos com essa idade. "Não tenho colesterol, diabetes, nada dessas coisas que a maioria das pessoas da minha idade tem", comemora, afirmando que logo no início costumava se exercitar de segunda a segunda, mas depois começou a diminuir a intensidade das atividades, ao lado do marido. "Sempre carrego meu marido comigo. Se eu não caminhar, ele também fica paradão. Ele está com 80 anos e também não tem nada dessas doenças."

Programas - Implantado em 1999, pela Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), o programa Vida Ativa na Terceira Idade tem como objetivo atender o público idoso e proporcionar acesso à atividade física de maneira orientada, possibilitando, assim, resgate e melhor qualidade de vida. O Vida Ativa atende, hoje, cerca de dois mil idosos, em diversos núcleos distribuídos pela Grande Belém e Região Metropolitana. Clube do Remo, Tuna Luso Brasileira, Grêmio Literário Recreativo Português, Asalp, Mangueirão e Hospital Abelardo Santos são alguns desses núcleos.

As atividades desenvolvidas são hidroginástica, natação, caminhada, ginástica, aerodança, dança folclórica, alongamento, voleibol, ioga, xadrez e memorização. Além das atividades físicas, o programa tem parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), que organiza atendimentos médicos, odontológicos e nutricionais, além de ações de saúde para o idoso, visando ao bem-estar dele. O programa também trabalha em parceria com a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) e com o Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa.

Com informações de Julyanne Forte e Márcio Silva.

 

 

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