Rússia respira aliviada; COI é criticado

A Wada se mostrou decepcionada, enquanto a Usada, a agência antidoping dos Estados Unidos, falou de "desastre" do COI

seg, 25/07/2016 - 16:53
Kirill Kudryatsev Sede do Comitê Olímpico da Rússia, em Moscou Kirill Kudryatsev

A Rússia e seus atletas respiraram aliviados nesta segunda-feira após a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) de não excluir o país dos Jogos do Rio (5 a 21 de agosto), delegando esta responsabilidade às federações internacionais.

Esta decisão provocou muitas críticas no movimento olímpico, uma vez que o relatório independente do jurista canadense Richard McLaren, encomendado pela Agência Mundial Antidoping (Wada), pôs em evidência um sistema de doping de Estado no esporte russo entre 2011 e 2015.

A Wada se mostrou, assim, decepcionada, enquanto a Usada, a agência antidoping dos Estados Unidos, falou de "desastre" do COI.

Na Rússia, onde o esporte e o número de medalhas são uma questão de Estado, o alívio foi enorme. "Naturalmente comemoramos" a decisão do COI, estimou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmando que foi uma "decisão positiva".

"Não é uma decisão ruim para nós. Foi tomada e é preciso respeitá-la", declarou à AFP o presidente do Comitê de Esporte da Duma (Câmara Baixa do Parlamento), Dmitri Svichtchev, embora tenha lamentado que os atletas russos que tiveram resultado positivo por doping não possam competir no Rio.

"Não se pode punir alguém duas vezes pelo mesmo crime", declarou. O ciclista Ilnur Zakarin, ganhador este ano de uma etapa na Volta da França e suspenso em 2009 pela ingestão de esteroides, será um dos afetados por esta medida.

A tetracampeã mundial de natação Yulia Efimova, que testou positivo em 2014 e foi suspensa por 16 meses, também estará ausente no Rio, assim como sua colega Natalia Lovtsova, suspensa em 2013.

A medalhista olímpica de halterofilismo Tatiana Kashirina, sancionada em 2006, também será privada dos Jogos.

Ginastas e esgrimistas no Rio

Os atletas russos não poderão ir ao Rio se não estiverem autorizados por suas respectivas federações, algo que será influenciado pelo histórico de doping e pelo fato de terem se submetido a controles confiáveis realizados fora da Rússia.

A primeira a se pronunciar foi a Federação Internacional de Tênis (ITF), que autorizou a participação de oito jogadores e jogadoras de tênis selecionados pela Rússia. A decisão da Federação Internacional de Judô, que havia apoiado a Rússia mesmo antes de o COI se pronunciar, em breve seguirá pelo mesmo caminho.

Por outro lado, a Federação Internacional de Natação foi a primeira a vetar oficialmente atletas. São sete no total, entre eles grandes nomes do esporte, como Vladimir Morozov, Yulia Efimova e Nikita Lobintsev, todos medalhistas em Londres-2012.

Os líderes das federações russas de esgrima e pentatlo anunciaram nesta segunda-feira que seus atletas serão autorizados a participar dos Jogos no Rio.

No entanto, alguns atletas não esperarão a resolução de sua situação para viajar ao Rio de Janeiro. É o caso dos esgrimistas e ginastas, que já chegaram ao Brasil.

A maior parte da delegação russa viajará na quinta-feira.

Para os 68 atletas privados dos Jogos devido à suspensão da Federação Russa de atletismo, não há, por sua vez, a menor chance de participar do evento depois da decisão de quinta-feira do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) de Lausanne.

"Nossa batalha pelo Rio está terminada", lamentou a estrela do salto com vara Yelena Isinbayeva, que esperava conquistar no Brasil sua terceira medalha de ouro antes de se aposentar.

Em virtude dos critérios fixados, a atleta Yuliya Stepanova, que deu a voz de alerta nas primeiras revelações sobre o sistema de doping estatal na Rússia, não foi autorizada pelo COI a participar dos Jogos do Rio. A corredora de 800 metros esteve suspensa entre 2011 e 2013 por irregularidades em seu passaporte biológico.

"Stepanova recebeu o que merecia", estimou o jornal Komsomolskaïa Pravda, enquanto um de seus jornalistas comparou a atleta com os colaboracionistas dos nazistas.

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