Leão volta a ser o rei da Amazônia
Crônica de Luiz Antonio Pinto destaca a falta de garra da equipe bicolor no clássico Re x Pa
Era domingo, o relógio marcava quase 16 horas, as ruas estavam engarrafadas, a gritaria só aumentava. O cheiro do churrasquinho, a reunião com os amigos, a preocupação em pegar o melhor lugar. O clássico Re x Pa proporciona toda essa atmosfera. Mais de 28 mil bicolores e remistas apropriaram-se, no domingo (8), das arquibancadas do estádio Olímpico Mangueirão. Clube do Remo e Paysandu estavam disputando o título do Campeonato Paraense 2018. No final, o rugido do Leão ecoou mais alto.
No gramado, o retrospecto azul-marinho, de três vitórias em três partidas, estava sendo explicado. O time de Antonio Baena jogava o verdadeiro clássico, com raça, vontade e espírito de vencedor. Às vezes, não precisa jogar bonito, dar aula de tática e padrão de jogo. O gol não precisa ser uma “obra de arte”, como já diria a frase de Dada Maravilha: “Não existe gol feio, feio é não fazer gol”. E dessa forma a vitória remista foi construída.
Precisando apenas de um empate, os Guerreiros Azulinos administraram a vantagem. Quando necessário, criavam jogadas de perigo. Aos 26 minutos do primeiro tempo, a Nação Azul foi à loucura. Isac, de pênalti, aumentou a vantagem: 1 a 0.
Do outro lado, os jogadores bicolores pareciam extenuados, sem vontade, conformados, apesar de criarem algumas jogadas de perigo. De nada adiantou ter um elenco mais qualificado, salários em dia e uma estrutura melhor. A postura era de um time afobado, longe do ideal. A Fiel Bicolor se perguntava: “É por esse time que torço? Foi esse time que participou da Libertadores e venceu o Boca Juniors em pleno La Bombonera? Essa equipe é bicampeã do Campeonato Brasileiro da Série B?”. Para todas as perguntas, a resposta era quase unânime: não!
As atitudes mantiveram-se inalteradas, o placar também. Leão venceu! Foi o 45° título paraense conquistado pelo Clube do Remo, dois a menos que o maior rival. A festa de campeão entrou pela noite, pelas ruas, principalmente, de Belém. A festança pode durar, quem sabe, até próximo desafio da equipe em competições oficiais, que será daqui a uma semana, diante do Atlético Acreano, pelo Campeonato Brasileiro da Série C.
“Já podemos brincar com o nosso adversário, quatro vitórias seguidas. O time do Remo acertou-se, com destaque para o meio-campista Dudu, que é jogador da ‘terra’. Somos campeões!”, alegrou-se o torcedor do Remo Eduardo Barbier, que mora na França e acompanhou o jogo pela Internet.
Aos asseclas do azul-celeste restou enrolar a bandeira, descer a rampa do Colosso do Bengui e ir para casa. Como alento servem as participações do time na Copa Verde, competição pela qual volta a campo na próxima quarta-feira (11), e no Campeonato Brasileiro da Série B, para enfrentar a equipe da Ponte Preta (SP), no sábado (14).
“Depois de tantos anos assistindo o Re x Pa é dificil para um bicolor ver um time vestindo Paysandu jogar sem vontade, desprezando uma rivalidade centenária. Se não consegue vencer um time limitado como o Remo, melhor desfazer os contratos milionários atuais e ir logo garimpando jogadores locais que com certeza baterão à porta da Curuzu pra pedir uma vaga. Trazer paulistas, gaúchos, catarinenses, paranaenses pra jogar futebol em Belém é pedir pra perder quatro vezes seguidas pro maior rival”, extravasou o torcedor Pedro Carlos Pinto.
Por Luiz Antonio Pinto.