Mudanças nas regras devem tornar futebol mais dinâmico
São 12 alterações, sete delas mais profundas, que visam aumentar o tempo de bola rolando - a Fifa considera que o ideal é pelo menos 60 minutos
Deixar o jogo mais dinâmico e reduzir a perda de tempo. Esses são os objetivos das mudanças nas regras do futebol aprovadas no início do mês pela International Board, que entrarão em vigor no dia 1.º de junho. São 12 alterações, sete delas mais profundas, que visam aumentar o tempo de bola rolando - a Fifa considera que o ideal é pelo menos 60 minutos -, e também oficializaram situações comuns no futebol.
Há desde medidas que exigirão uma mudança de comportamento em campo, como a que determina que jogadores do time que vai cobrar uma falta fiquem a pelo menos um metro da barreira e a que prevê que atletas substituídos deixem o gramado pela linha mais próxima de onde estiverem, até as meramente esclarecedoras. É o caso da que estabelece que cartão amarelo aplicado ao jogador na comemoração de um gol será mantido mesmo que o gol venha a ser anulado.
"As mudanças darão mais dinâmica ao jogo, é um fator importante. Outro benefício é dar mais transparência", analisou o ex-árbitro e comentarista Arnaldo Cezar Coelho, sobre as decisões da International Board, órgão que regulamenta as regras do futebol. "Eles focaram muito na perda de tempo e isso é positivo. Não vai mais ter tanta enrolação (por parte dos jogadores)", aprovou Marcos Marinho, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF.
SINAL POSITIVO - As mudanças nas regras foram bem aceitas por membros de comissão técnica, jogadores e especialistas ouvidos pelo Estado. É o caso, por exemplo, do ex-técnico e agora comentarista Muricy Ramalho. "A gente sempre critica a Fifa, mas temos que reconhecer que algumas dessas mudanças é para deixar o jogo mais rápido e com mais gols e aprovo isso. O basquete, o vôlei, todos os esportes mudam as regras e chegou a hora de do futebol mexer também", analisou o comentarista do canal SporTV.
Com seu jeito peculiar, Muricy deixou claro qual foi a mudança de que mais gostou. "A do cartão para técnico. Tem que ter cartão mesmo, porque tem muito técnico que é insuportável! Eu não era chato assim, tanto que fiquei uns 15 anos sem ser expulso. Mas tem técnico que fica falando com o quarto árbitro o tempo todo, querendo apitar o jogo."
Marinho, o chefe da arbitragem na CBF, também aplaude essa medida, que inclui os demais membros da comissão técnica que estiverem no banco. "Isso vai permitir ao árbitro um controle maior do banco de reservas. Hoje, cria-se polêmica, há desgaste para arbitragem."
PÊNALTI - Há, entre as mudanças, algumas que apenas legalizam situações já existentes. É o caso da que permite ao goleiro ficar com um pé fora da linha do gol nas penalidades máximas. Especialista desde os tempos da base em pegar pênaltis, o goleiro Rafael, do Cruzeiro, acredita que não haverá tanto efeito, pois os goleiros já não ficam com os dois pés em cima da linha. Arnaldo concorda: "Eles oficializaram uma coisa que já se havia criado o hábito."
Rafael também gostou de poder sair jogando dentro da área no tiro de meta. "Teremos mais campo e aproximação dos jogadores. Isso facilita para sair jogando, sem precisar dar chutão."
Um dos pontos que mais causaram polêmica foi o fim da barreira extra formada por jogadores do time que tem a falta a seu favor. Para Rafael, a mudança vai beneficiar o goleiro. "Os jogadores ficam na frente da cobrança para trombar com a barreira de verdade e tentar evitar que ela pule e ainda tira a visão do goleiro, que só vê a bola quando ela já passou da barreira", explicou Rafael.
O preparador de goleiros do Cruzeiro, Robertinho, ponderou, porém, que os atacantes também podem se aproveitar da mudança. "É bom para o goleiro mesmo, mas também para o cobrador de falta, pois ele terá um campo de visão mais limpo, sem aquela bagunça na frente. Será necessário um treino especial", avisou.