Futebol brasileiro tem 'invasão' de técnicos estrangeiros
Apenas entre os times da Série A são quatro profissionais 'importados'
Em vez de gramado e goleiro, relvado e guarda-redes. No lugar de bola, balón. Palavras típicas de Portugal e vocabulário em espanhol vão se tornar comum entre os jogadores dos clubes do Campeonato Brasileiro deste ano. O País inicia a temporada com o número recorde de treinadores estrangeiros. Apenas entre os times da Série A são quatro profissionais "importados".
Os portugueses Jorge Jesus (Flamengo) e Jesualdo Ferreira (Santos), terão as companhias do argentino Eduardo Coudet (Internacional) e do venezuelano Rafael Dudamel (Atlético-MG). A presença do quarteto faz o início da temporada ser a de maior presença de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro. Há ainda um quinto nome no mercado. Para a disputa da Série B, o Avaí trouxe outro português, Augusto Inácio.
A lista de estrangeiros pode até aumentar. O Red Bull Bragantino está à procura de técnico e o favorito é outro português. Ex-auxiliar do Real Madrid, José Peseiro é cotado para assumir a equipe. O outro time da elite com o cargo vago de treinador é o Atlético-GO.
A grande presença internacional vem na esteira do sucesso de dois nomes no ano passado. O português Jorge Jesus levou o Flamengo às conquistas da Copa Libertadores e do Campeonato Brasileiro. O vice-campeão nacional foi o Santos, então comandado pelo treinador argentino Jorge Sampaoli.
Pouco antes de ser campeão com o Flamengo, Jesus criticou a falta de receptividade de alguns colegas brasileiros ao seu trabalho e citou uma possível perseguição. "Não entendo essas mentes fechadas, mas isso não me incomoda. Quero que meus colegas cresçam. Não sabem o que é globalização. Que de uma vez por todas tirem os fantasmas da cabeça, porque o Brasil tem grandes treinadores", disse o português. "Não vim tirar lugar de ninguém. Não vim ensinar a ninguém. Não sou melhor nem pior do que ninguém", completou.
Nos últimos dez anos, 13 estrangeiros trabalharam na Série A do Brasileiro. A imigração aumentou de 2016 para cá, quando oito profissionais chegaram aos clubes do País. A grande presença internacional conviveu por outro lado com alguns fracassos.
O português Paulo Bento ficou três meses no Cruzeiro em 2016 e conquistou só 41% dos pontos disputados. Atual treinador da seleção peruana, o argentino Ricardo Gareca durou só 13 partidas no Palmeiras em 2014 e acumulou resultados ruins. No mesmo ano, o espanhol Miguel Ángel Portugal teve trabalho breve no Athletico-PR.
Houve ainda os casos de quem teve a passagem abreviada por ter recebido o convite para dirigir seleções. O São Paulo perdeu o colombiano Juan Carlos Osorio para o México em 2015 e no ano seguinte viu Edgardo Bauza partir para comandar a Argentina. O colombiano Reinaldo Rueda chegou ao Flamengo em 2017, foi vice-campeão da Copa Sul-Americana e logo saiu para assumir o Chile.