Primeira imagem 3D de zika vírus pode acelerar vacina

O zika vírus seria muito similar a outros da família dos flavivírus, que inclui a dengue, a febre amarela e a febre do Nilo Ocidental

sex, 01/04/2016 - 07:45

Pesquisadores americanos anunciaram nesta quinta-feira (31) que conseguiram obter o primeiro mapa tridimensional do zika, uma conquista que pode acelerar os esforços para desenvolver uma vacina contra esse vírus relacionado a más-formações nos recém-nascidos.

O zika vírus seria muito similar a outros da família dos flavivírus, que inclui a dengue, a febre amarela e a febre do Nilo Ocidental. Teria, porém, diferenças estruturais-chave, segundo o estudo publicado na revista Science.

"O vírus é como um desconhecido que oferece uma bala para uma vítima desprevenida", explicou o comunicado da Universidade Purdue, onde foi feita a pesquisa. "A célula humana vai atrás da guloseima e, aí, é agarrada pelo vírus, que, quando ataca, pode infectar a célula", acrescentou.

As características particulares do zika podem ser as que lhe permitem aderir a certas moléculas e infectar células humanas. "Talvez um inibidor possa ser desenhado para bloquear essa função e evitar que o vírus possa aderir e infectar as células humanas", comentou o professor de Biologia Michael Rossmann, de Purdue.

Ao contrário dos outros flavivírus, o zika aparentemente infecta o cérebro do feto e evidências científicas apontam que a infecção do vírus está ligada à microcefalia, uma doença congênita irreversível que provoca danos irreparáveis no desenvolvimento motor e cognitivo da criança.

"A maioria dos vírus não invade o sistema nervoso, ou o feto, graças à barreira que a placenta representa, mas o vínculo entre o desenvolvimento cerebral inadequado nos fetos sugere que o zika faz isso", afirmou Devika Sirohi, pesquisadora da Purdue.

"Não está claro como o zika pode acessar estas células e infectá-las, mas a chave pode estar em suas diferenças estruturais", completou.

O modelo desenvolvido pelos cientistas foi baseado em uma cepa do vírus de um paciente infectado durante a epidemia da Polinésia francesa entre 2013 e 2014.

Cientistas do governo americano indicaram que levará anos para desenvolver uma vacina contra o zika, um vírus sem cura e sem tratamento que se propagou pela América Latina.

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