Liberação do compulsório enfrenta resistências no BC
A pressão pela redução dos depósitos compulsórios é antiga
Em evento patrocinado pelo banco Itaú Unibanco, na última quinta-feira, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, expôs de forma clara a pressão dentro do governo para que o Banco Central mexa nos depósitos compulsórios - recolhimentos obrigatórios de recursos que as instituições financeiras fazem ao Banco Central - para ajudar as empresas.
Barbosa disse que a Fazenda estava trabalhando com o BC em medidas para ajudar as empresas que "passam por uma fase forte de reestruturação de dívidas", mas sem que sejam destinados "novos recursos públicos" para essa finalidade.
O ministro disse que a redução do compulsório do BC poderia melhorar a liquidez no sistema financeiro, ajudando nesse momento de crise.
No mesmo dia, o diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Anthero Meirelles, colocou o posicionamento da autoridade monetária ao alertar que não há apetite dos bancos públicos e privados para ampliar os financiamentos, assim como também não há demanda por parte de empresas e consumidores. Na avaliação do BC, é preciso primeiro retomar a confiança para se observar um crescimento do crédito.
A pressão pela redução dos depósitos compulsórios é antiga, mas enfrenta resistências internas no Banco Central. Uma ala defende que a liberação desse dinheiro tem como endereço investimentos externos e o aumento da dívida pública.
Segurança do sistema. A Fazenda também aumentou a pressão para um afrouxamento nas regras de Basileia para abrir espaço para os bancos emprestarem mais e promoverem a reestruturação das suas dívidas.
No Ministério da Fazenda, segundo fonte, há grande desconforto com a demora do BC, que é criticado por adotar regras muito mais conservadoras do que nos outros países. "É preciso urgência", criticou uma fonte da área econômica em relação à falta de ação do Planalto. Desde o ano passado, essas medidas vem sendo estudadas, mas ainda não foram adiante.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem sido uma barreira para o afrouxamento das regras. Quando foi anunciado o ingresso do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil, o presidente do BC quase deixou o cargo, uma vez que Lula era um dos que cobrava uma maior injeção de capital na economia como "antídoto" para a crise que assola o País. Os rumores que ganharam espaço no mercado financeiro eram sobre o descontentamento com a pressão pela adoção dessas medidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.