No Fantástico, vítima de estupro revela cenas do crime

Em entrevista à repórter Renata Ceribelli, jovem ainda deu detalhes de como está sua vida após o crime e fez séria denúncia: "O próprio delegado me culpou"

por Nathan Santos seg, 30/05/2016 - 00:15
Reprodução/TV Globo Reportagem do Fantástico preservou a identidade da vítima Reprodução/TV Globo

Em entrevista à repórter Renata Ceribelli, na edição deste domingo (29) do Fantástico, na Rede Globo, a jovem vítima do estupro coletivo que chocou o Brasil deu detalhes de cenas do crime. De acordo com a descrição da reportagem, a mulher ainda se mostrava assustada com o ocorrido, mas também esboçou revolta por estar sendo chamada de mentirosa por algumas pessoas e fez sérias acusações contra o delegado que ouviu seu depoimento.

À repórter, a jovem violentada disse que está se sentindo em cárcere privado. “Não posso sair de cada para nada. No Facebook, tinham ‘900 mil mensagens. Gente de Minas Gerais falando que ia me matar. Falaram que se eu fosse em alguma comunidade eu iria morrer”, contou durante a entrevista global.

Renata Ceribelli ainda questionou a vítima se ela teria usado algum tipo de droga e se acreditava que de fato foi dopada . A moça ainda afirmou que nunca havia sido violentada sexualmente. “Não usei drogas. Quando acordei, tinha um menino embaixo de mim e um menino em cima, e dois me segurando. Comecei a chorar. Tinham muitos homens, fuzil, pistola… A casa estava muito suja. Falaram que eu era piranha e vagabunda”, contou a jovem, ainda dizendo que acredita ter sido dopada.

Sobre o depoimento dado ao delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, cujo nome não foi divulgado na reportagem do Fantástico, a moça fez uma séria denúncia. “O próprio delegado me culpou. Quando eu fui à delegacia, não me senti à vontade em nenhum momento. Tentaram me incriminar, como se eu tivesse culpa. Pedi pra ele (delegado) parar. Tinham três homens dentro de uma sala de vidro, todo mundo que passava via,  o delegado não perguntou se eu estava bem. Só falou me ‘conta aí’. Perguntou se eu tinha costume de fazer isso, se eu gostava de fazer isso. Parei imediamente e não vou mais responder”, alegou a vítima em depoimento à Renata Ceribelli.

A reportagem do Fantástico buscou uma versão da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre a acusação da mulher vítima do estupro coletivo. “Isso será apurado. E se realmente o delegado teve alguma conduta inadequada, ele vai responder por isso. Mas a prioridade agora é descobrir as circunstâncias que o crime aconteceu”, argumentou o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, em depoimento dado à repórter da Globo.

Desejo e sentimento

Ao mesmo tempo em que agradeceu ao imenso apoio vindo de pessoas de todo o Brasil, principalmente o dos movimentos sociais em prol das mulheres, a jovem também demonstrou repúdio aos depoimentos que dizem que ela está mentindo. Em resposta a quem não acredita, a vítima argumentou a existência provas, através de vídeos e fotos que demonstram a veracidade do estupro coletivo e que ele estava desacordada.

“Ninguém merece isso. Não me interessa se eu estava com roupa curta ou longa. Estão fazendo áudios meus, montagem com minhas fotos. Fizeram vídeos que não são meus. Desejo esquecer logo esta história”, disse a mulher.

No final da entrevista exibida no Fantástico, Renata Ceribelli perguntou o que a moça deseja aos homens que praticaram o estupro coletivo. “Desejo, sinceramente, que eles tenham filho mulher” foi a resposta da jovem.

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Com colaboração de Paulo Uchôa

 

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