Idosa presa com 6g de maconha luta para reverter sentença

Ela foi condenada a seis anos de prisão mais pagamento de multa

por Jorge Cosme qua, 04/10/2017 - 18:49
Reprodução/Google Street View Idosa foi presa enquanto entrava na Colônia Prisional Feminina Reprodução/Google Street View

O projeto Além das Grades, que presta assessoria jurídica gratuita para presos em Pernambuco, está tentando reverter a sentença dada a uma senhora de 64 anos, moradora do Prado, Zona Oeste do Recife. Grinaura Francisca dos Santos foi condenada a seis anos de prisão mais pagamento de multa após ser flagrada com seis gramas de maconha.

A idosa está há três anos e três meses na Colônia Prisional Feminina de Abreu e Lima (CPFAL). Foi detida no dia 29 de junho de 2014 na revista da CPFAL, quando ia visitar uma companheira. “Eu tinha um bar, aí havia virado a noite trabalhando e tinha um resto de cigarro no bolso da bermuda que esqueci de tirar, porque eu era viciada, graças a deus não sou mais”, conta Grinauria.

O caso da mulher ficou configurado como tráfico de drogas, com agravante de ter sido cometido nas dependências de estabelecimento prisional. Grinaura diz que praticamente só restava papel consigo na ocasião do flagrante. A mulher responsável por detê-la, conta a idosa, ainda hoje pede desculpas pelo que fez quando se encontram. 

Para o Além das Grades, a pena foi multo alta para o tipo de crime. “A nossa sociedade tem a ilusão de que quanto maior a punitividade, maior a sensação de segurança e acaba se preocupando mais em punir do que educar. 64% das mulheres estão presas por questão do tráfico de drogas e muitas foram presas com pouca quantidade de droga”, diz Amanda Cavalcante, integrante do projeto.

A maior saudade da comerciante são seus netos, assunto que faz ela se emocionar imediatamente. É avó de seis pessoas, alguns ela considera como filhos. Teve três filhos, fora um de criação. Dois deles morreram, a filha não a visita e o último, o adotado, aparece volta e meia. 

Quando Grinaura visitou a família durante o salvo conduto a que tem direito, diz ter ficado bastante envergonhada de exibir a tornozeleira eletrônica. “Eles [os netos] pensam que eu estou no Rio de Janeiro”, diz emocionada.

A idosa conta que não consegue arrumar trabalho no presídio, como concessionada, por causa da idade avançada. Afirma orar diariamente pedindo sua soltura antes do fim do ano. “Aprendi que a Justiça é lenta. É  fácil entrar, mas para sair é difícil”, finaliza. 

O Além das Grades entrou com um pedido de revisão criminal. A ação é direcionada para aqueles já condenados que querem que o tribunal reveja a decisão.

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