Poeira cósmica escurece estrela misteriosa
A descoberta inicial da estrela foi realizada com a ajuda do telescópio Kepler, um poderoso instrumento de busca de planetas da Nasa
Ela foi catalogada como a "estrela mais misteriosa do universo", é maior do que o Sol e tem uma estranha forma de se iluminar e escurecer que, para alguns, sugeria que uma megaestrutura alienígena pudesse estar rondando-a. Mas um estudo divulgado nesta quarta-feira (3), compilado por mais de 100 cientistas que têm observado a estrela KIC 8462852, desconsidera os boatos sobre os extraterrestres.
"A poeira é provavelmente a razão pela qual a luz da estrela parece se atenuar e intensificar", disse a autora principal do estudo, Tabetha Boyajian, professora assistente de Física e Astronomia na Universidade do Estado da Luisiana, a quem o corpo luminoso deve o apelido de "a estrela de Tabby".
"Os novos dados mostram que diferentes cores da luz estão sendo bloqueados em diferentes intensidades. Por isso, o que quer que seja que passe entre nós e a estrela não é opaco, como se esperaria de um planeta, ou de uma megaestrutura alienígena".
A descoberta inicial da estrela - que se situa a mais de mil anos luz de distância e é aproximadamente 50% maior e mil graus mais quente que o Sol - foi realizada com a ajuda do telescópio Kepler, um poderoso instrumento de busca de planetas da Nasa. Kepler detecta planetas ao registrar momentos em que a luz de uma estrela se atenua quando um objeto passa na frente dela.
As incomuns variações de brilho da estrela de Tabby, sem um padrão determinado, despertaram o interesse mundial. Mais de 1.700 pessoas doaram cerca de 100 mil dólares por meio de uma campanha da Kickstarter para estudar o fenômeno mais a fundo. Os astrônomos do observatório Las Cumbres, localizado na Califórnia, o estudaram de perto de março de 2016 até dezembro de 2017.
"Esperávamos que uma vez que captássemos uma atenuação em tempo real, poderíamos ver se as diminuições de brilho tinham a mesma profundidade em todas as longitudes de onda", disse o coautor, Jason Wright, professor assistente do Departamento de Astronomia e Astrofísica da Pensilvânia. "Se fossem quase iguais, isso sugeriria que a causa é algo opaco, como um disco, um planeta, ou uma estrela que está orbitando-a, e até grandes estruturas no Espaço".
Apesar da equipe ter descartado qualquer construção extraterrestre gigante como a causa da diminuição do brilho, "aumenta a possibilidade de que outros fenômenos estejam por trás", disse Wright. "Há modelos que envolvem material circunstelar, como os exocometas, que foram a hipótese original da equipe de Boyajian e parecem ser consistentes com os dados que temos", acrescentou. O relatório foi publicado no The Astrophysical Journal Letters.