Jovem denuncia que amigo morreu após agressão de PMs

Segundo o relato, violência ocorreu porque policiais acreditavam que estavam sendo fotografados. Caso aconteceu durante o Carnaval e jovem morreu na última terça-feira (27)

qui, 29/03/2018 - 12:26
Reprodução/Facebook Amiga conta que Felipe Paes sempre temeu as abordagens policiais por ser negro Reprodução/Facebook

Na última terça-feira (27), morreu no Hospital Getúlio Vargas, na Zona Oeste do Recife, o dançarino Felipe Paes, de 20 anos. Ele estava hospitalizado desde o dia 18 de fevereiro após, segundo relato, ter sido agredido por policiais no Carnaval.

A denúncia foi feita por uma amiga de Felipe, a estudante Rafaela Souza, nas redes sociais. Os próprios familiares do jovem não sabiam das agressões, que ele pediu à amiga que fossem mantidas em segredo.

Rafaela conta que eles estavam no Bloco da Ressaca, em Casa Amarela, Zona Norte da capital. Por volta das 21h30, os dois decidiram ir a um clube no Vasco da Gama, também na Zona Norte.

Enquanto os jovens caminhavam, policiais se aproximaram, andando um pouco mais atrás. Quando Rafaela foi tirar uma foto do amigo, os policiais imaginaram que estavam sendo fotografados.

"Eles começaram a bater nele, sem dó e sem piedade. Mandando eu apagar as fotos... Na hora, paralisei", diz a jovem, destacando que não haviam sido tiradas fotos dos policiais. Ela recorda que cinco policiais, que seriam do Grupo de Apoio Tático Itinerante (GATI), espancaram o dançarino.

Após as agressões, Felipe foi levado pela amiga até a casa dele no bairro da Torre. O avô levou o jovem a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de onde foi transferido ao Hospital Getúlio Vargas. Ele foi diagnosticado com infecção no estômago.

Rafaela lembra de ter visitado o amigo uma vez e ele estava andando. Em uma segunda visita, ela já o encontrou pior. "Eu não consegui ficar lá, saí e chorei muito, vim para casa chorando muito por ver Felipe, o meu amigo, daquela forma e eu não poderia fazer nada para mudar a situação dele e isso me doía mais e mais". Rafaela continua: “Até quando vamos ter que ver negros sendo mortos por polícias, até quando os negros vão ser vítimas? Negro significa ladrão? É isso que somos pra sociedade? Até quando vamos ser maltratados por justiceiros, por pessoas incapacitadas de ter empatia?".

Apesar de ter tomado coragem para denunciar o fato, a estudante não esconde o medo que sente. Como a família desconhecia a origem da hospitalização, não foi feita qualquer tipo de denúncia. Segundo Rafaela, os parentes acreditavam que Felipe estava naquela situação por ter ingerido uma comida que não lhe fez bem.

O LeiaJá procurou a Polícia Militar em busca de algum posicionamento da corporação. Por email, a PM se limitou a responder que denúncias contra policiais são apuradas pela Corregedoria. 

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