China desmente detenção de bispo designado pelo Vaticano
Os difíceis vínculos entre Vaticano e Pequim foram retomados há três anos pelo papa Francisco
O governo chinês negou nesta terça-feira (3) a detenção na semana passada por algumas horas de um bispo da Igreja 'clandestina', depois que o Vaticano desmentiu o anúncio de Pequim sobre um acordo iminente acordo para a designação de prelados.
Desde 1951, Vaticano e China, com 12 milhões de católicos, não mantêm relações diplomáticas e atualmente convivem duas igrejas: uma 'patriótica' dirigida pelo regime comunista e uma 'clandestina' que obedece ao papa.
Os difíceis vínculos entre Vaticano e Pequim foram retomados há três anos pelo papa Francisco. Mas a questão sobre a designação dos bispos é o grande obstáculo para um eventual acordo.
A AFP informou que o bispo Vincent Guo Xijin foi detido na segunda-feira passada e obrigado a viajar para a cidade de Xiamen, a 200 km de sua diocese, antes de ser libertado.
"Dizer que sua liberdade é limitada não é coerente com os fatos", afirmou Chen Zongrong, ex-vice-administrador de Assuntos Religiosos do governo, em uma entrevista coletiva.
Guo, bispo da província de Fujian, no sudeste do país, é reconhecido pelo Vaticano, mas não pelas autoridades chinesas.
Uma fonte a par dos detalhes da detenção afirmou à AFP que a visita de Guo a Xiamen "não foi uma escolha dele, mas negociou com os funcionários e recebeu permissão para retornar no sábado, a tempo para oficiar as atividades de Páscoa".
A respeito do acordo, nenhuma parte revelou até o momento o conteúdo do que está sendo preparado, mas consistiria para o Vaticano em reconhecer sete bispos nomeados pelo regime sem o aval da Santa Sé, com a esperança de que, em troca, Pequim admita a autoridade do Papa sobre os católicos do país, informou no mês passado uma fonte próxima às negociações.