Massacre em presídio no Pará: 21 mortos

Confronto entre policiais e presos na unidade prisional do município de Santa Izabel agrava o cenário de violência no Estado. Em Belém, 13 pessoas foram executadas em apenas cinco horas.

ter, 10/04/2018 - 21:17
Agência Pará Cúpula da segurança pública do Pará anunciou medidas de emergência para combater a violência Agência Pará

A tentativa de fuga de presos do Centro de Recuperação Penitenciário do Pará III (CRPP III), no Complexo de Santa Izabel, Região Metropolitana de Belém, ocorrida nesta terça-feira (10), deixou 21 mortos, segundo informação oficial da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup). Durante a ação, agentes penitenciários foram feitos reféns e houve troca de tiros. Um agente prisional morreu.

A Segup informou que o caos se instalou na unidade prisional por causa de uma tentativa de resgate. Bandidos usaram explosivos contra um dos muros do Pavilhão C. O combate entre policiais e detentos durou mais de duas horas. Quatro agentes de segurança ficaram gravemente feridos.

De acordo com testemunhas, a rodovia BR-316, que corta Santa Izabel, ficou intrafegável durante o tiroteio. No início da noite, familiares das vítimas interditaram a pista da via que dá acesso à capital paraense e houve tumulto no trânsito. Uma equipe da Força Tática da PM foi deslocada para o presídio. As buscas por criminosos prosseguiu nos arredores do presídio. Sete armas, sendo dois fuzis, três pistolas e dois revólveres, além de um cartucho com munições, foram apreendidos com o bando que tentou invadir a casa penal. A Segup disse ainda que irá investigar a entrada de armas na unidade, além das circunstâncias das trocas de tiros durante a tentativa de resgate de presos.

A onda de violência explodiu na noite de domingo. Em apenas cinco horas, 13 pessoas foram executadas em sete bairros periféricos de Belém e da cidade de Ananindeua, na região metropolitana. A sequência de assassinatos, praticada por homens em motocicletas e fortemente armados, foi registrada após a morte de dois policiais militares. Até a manhã desta terça-feira (10), ninguém havia sido preso.

A matança começou por volta das 15h30 da segunda-feira (9), depois da notícia da morte dos cabos da Polícia Militar Ivaldo Joaquim Nunes Silva, assassinado no bairro da Sacramenta, e Ernarni Rogerio Silva da Costa, executado no bairro 40 Horas, em Ananindeua. No total, 12 homens e uma mulher, com idades entre 18 e 30 anos, foram mortos.

Somente neste ano, 19 policiais foram mortos no Pará. Em menos de quatro meses, esse número já passa da metade de homicídios de PMs em comparação aos dados de 2017, que apontam 35 assassinatos de militares, segundo a Associação de Cabos e Soldados da PM.

Dados do Sistema Integrado de Segurança Pública do Pará (Sisp) revelam que, nos três primeiros meses de 2018, foram registradas mais de mil mortes violentas, o que dá uma média de quase 13 mortes violentas por dia no Pará. A Secretaria de Estado de Segurança Publica (Segup) reconheceu os assassinatos e informou que nove das vítimas tinham passagem pela polícia.

Em coletiva à imprensa nesta manhã, o governo do Estado informou que a Segup instalou, ainda na tarde da segunda-feira um gabinete especial de situação com os comandos de policiamento Civil e Militar para reforçar o policiamento em Belém e região metropolitana. Os assassinatos estão sendo apurados pela Polícia Civil, com reforço nas equipes da Delegacia de Homicídios e contra Agentes Públicos (DHP).

Na noite da segunda-feira (9), uma operação de reforço policial nas ruas da capital paraense e dos demais municípios da Região Metropolitana de Belém (RMB). O maior efetivo nas ruas foi colocado logo após as mortes registradas ao longo daquele dia. As investigações iniciaram e as vítimas já foram identificadas. Além disso, uma sala de situação foi implantada no Centro Integrado de Operações (Ciop) para traçar e definir metas para as operações, comandada pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup). Essas informações foram divulgadas na terça-feira (10) em coletiva de imprensa, na sede da Delegacia Geral da Polícia Civil, em Belém.

Do Redação do LeiaJá Pará (com informações do Estadão Conteúdo e da Agência Pará).

 

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