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Em 2023, houve 155 mortes de pessoas trans no Brasil, sendo 145 casos de assassinatos e dez que cometeram suicídio após sofrer violências ou devido à invisibilidade trans. O número de assassinatos aumentou 10,7%, em relação a 2022, quando houve 131 casos.

Os dados são na 7ª edição do Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2023  da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), divulgado nesta segunda-feira (29) no Ministério dos Direitos Humanos, como parte da programação dos 20 anos do Dia da Visibilidade Trans, celebrado anualmente em 29 de janeiro..

Em 2023, a média foi de 12 assassinatos de trans por mês, com aumento de um caso por mês, em relação ao ano anterior. De acordo com o levantamento, dos 145 homicídios ocorridos no ano passado, cinco foram cometidos contra pessoas trans defensoras de direitos humanos.

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No ano passado, também foram registradas pelo menos 69 tentativas de homicídio – 66 contra travestis e mulheres trans, além de três homens trans/pessoas transmasculinas (aqueles que, ao nascer, foram designadas como sendo do sexo feminino, mas se identificam com o gênero masculino).

Segundo a Antra, a publicação do dossiê tem o objetivo de contribuir para a erradicação da transfobia, da travestifobia, do transfeminicídio e de outras violências diretas e indiretas contra a população trans no país. A secretária de Articulação Política da Antra, Bruna Benevides, afirma que as trocas de informações pretendem assegurar o direito à vida de pessoas trans. “O dossiê lança luz sobre o problema sistemático que acontece no Brasil, e a gente precisa assumir o compromisso para garantir que a população trans pare de ser assassinada, temos esse desafio”, diz Bruna, que é responsável pela coordenação e análise de dados para produção do dossiê.

Em entrevista à Agência Brasil e à Rádio Nacional, Bruna Benevides questionou o por quê de, mesmo com a redução de 4,09% de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) (40.464 casos, em 2023, no Brasil), os atos violentos contra pessoas trans estarem na contramão e crescerem no último ano. “Chama muito a nossa atenção pelo fato de que os homicídios diminuíram no contexto geral na sociedade brasileira, em 2023. Então, isso acende um alerta de que a comunidade trans continua sendo assassinada.”

O dossiê da Antra menciona também o monitoramento internacional feito pelo Trans Murder Monitoring (TMM), que analisa relatórios de homicídios de pessoas trans e com diversidade de gênero, em todo o planeta, desde 2008. O documento assinala o Brasil como o país que mais mata pessoas trans no mundo, pelo 15º ano consecutivo.

Na divulgação mais recente do TMM, em novembro de 2023, pelo Dia Internacional da Memória Transgênero, foram contabilizados mundialmente 321 assassinatos, registrados entre outubro de 2022 e setembro de 2023. Pelo menos 100 deles foram no Brasil (31% do total).

Localidade dos assassinatos

O dossiê informa que, no ano passado, São Paulo foi o estado em que mais ocorreram assassinatos de pessoas trans, com 19 casos, o que representa aumento de 73%, em relação a 2022. No Rio de Janeiro, o número de assassinatos dobrou de 8, em 2022, para 16, em 2023 e saiu da quinta posição para a segunda no ranking de homicídios contra este grupo.

Os estados do Ceará, com 12 casos, do Paraná, com 12, e Minas Gerais, com 11, ocupam, respectivamente, a terceira, quarta e quinta posições. A Antra não encontrou casos de assassinatos, em 2023, nos estados do Acre, de Roraima, Santa Catarina, Sergipe e do Tocantins, mas pode haver subnotificação.

A maior concentração de assassinatos foi observada na Região Sudeste (37% dos casos); seguida pelo Nordeste (36%); Sul (10% dos assassinatos); Norte (9%); e a região Centro-Oeste (7%).

Os crimes ocorrem majoritariamente em locais públicos (60%), principalmente, em via pública, em ruas desertas. Dos 40% restantes, em locais privados, a residência da vítima aparece com o local onde mais houve casos, além de motéis, unidades de saúde e ainda residências de terceiros.

A maior parte dos assassinatos ocorreu no período noturno, com 62% dos casos brasileiros.

Em 2023, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil também identificou 5 assassinatos de travestis/mulheres transexuais brasileiras no exterior, sendo 2, na Itália; 2, na Espanha; e 1, no Paraguai.

Perfil

Dentre as 145 pessoas trans assassinadas no ano passado, 34 casos não tinham informações sobre a idade das vítimas. Se considerados apenas os 111 casos com identificação da idade, 90 das vítimas tinham entre 13 e 39 anos, o que representa 81% do total. A idade média das vítimas foi de 30,4 anos. A mais jovem trans assassinada no ano passado foi uma adolescente de 13 anos. “Quando vemos determinadas bandeiras falando de proteção das infâncias, sempre questionamos quais são as infâncias que estão sendo protegidas no país?”, reflete Bruna.

Sobre o contexto social em que viviam as vítimas, a prostituição é a fonte de renda mais frequente. O estudo chama a atenção para o fato de 57% dos assassinados serem de travestis e mulheres trans que atuam como profissionais do sexo, consideradas mais expostas à violência direta, mais estigmatizadas e marginalizadas. “Buscamos, não apenas proporcionar condições seguras para o exercício dessa atividade, mas também criar oportunidades para aquelas que desejam buscar outras formas de emprego ou geração de renda”, propõe o dossiê.

No último ano, dentre os casos de homicídios em que foi possível identificar a raça da vítima, a Antra observou que, pelo menos, 72% das vítimas eram pessoas trans negras (pretas e pardas).

O estudo indica também que uma pessoa trans, que não fez modificações corporais e não expressa sua inconformidade de gênero claramente, não está exposta às mesmas violências que as demais,"porque não confronta a sociedade cisgênero" (quando a identidade de gênero corresponde ao gênero que lhe foi atribuído no nascimento).

“É possível afirmar que tanto a raça quanto a identidade de gênero são fatores de risco de morte para a população trans negra. Sobretudo considerando que são as pessoas trans negras as que menos acessam as tecnologias de gênero, seja por meio da transição social, física, hormonal ou cirúrgica e, por consequência, acabam sendo muito mais facilmente sendo lidas a partir do olhar da cisgeneridade e da patrulha de gênero, como alguém que não pertenceria ao gênero que expressa”, diz o estudo.

Quanto à identidade de gênero, aumentou 4,6% o número de travestis e mulheres trans assassinadas em 2023, na comparação com 2022. Das 145 vítimas de assassinatos localizadas e consideradas na pesquisa, 136 eram travestis/mulheres trans. Já homens trans e pessoas transmasculinas são minoria em crimes de assassinatos: 9 casos.

Perfil dos suspeitos

A maior parte dos suspeitos, em geral, não costumam ter relação direta, social ou afetiva com a vítima, aponta o Dossiê de 2023.

Entre os casos em que os suspeitos foram efetivamente reconhecidos, 11 tinham algum vínculo afetivo com a vítima, como namorado, ex ou marido. Outros 12 casos ocorreram em contextos de programas sexuais contratados pelos suspeitos. Em diversos casos, a pesquisa identificou a narrativa em que os suspeitos tentaram transferir a responsabilidade ou justificar o assassinato, sob alegação de legítima defesa.

Violência e crueldades

O dossiê divulga também dados sobre os meios usados para cometer o assassinato, como tiro, facada, espancamento, estrangulamento, apedrejamento e outros.

Os casos ocorrem em sua maioria (54%) com uso excessivo de violência e requintes de crueldade.

Dos 122 casos com informações, 56 (46%) foram cometidos por armas de fogo; 29 (24%) por arma branca; 12 (10%) por espancamento, apedrejamento, asfixia e/ou estrangulamento e 25 (20%) de outros meios, como pauladas, degolamento e corpos carbonizados. Houve, ainda, 24 casos de clara execução, com número elevado de tiros ou a queima-roupa ou de alto número de perfurações por objeto cortante.

Antigênero

O dossiê conclui que a permanência das violências contra a comunidade trans faz parte de um projeto político conservador, que, de acordo com a Antra, tornou-se preocupante para as pautas de interesse desse grupo no Congresso Nacional.

Bruna Benevides rebate o que considera ser um ambiente social e político hostil que tem como alvo as pessoas trans, devido à existência de uma pauta antigênero. “Em 2023, foram mais de 300 projetos de lei que pretendiam institucionalizar a transfobia, no âmbito da Câmara Legislativa Federal. Temos preocupação porque os acenos que esses representantes, que esses políticos e figuras públicas fazem, é que as nossas vidas não importam, o aceno que fala para a juventude é que não há um futuro para elas existirem”, lamenta Bruna.

Subnotificação e impunidade

A Antra aponta ainda a ausência de dados e a dificuldade de acesso a registros de violência LGBTfóbica, somada à subnotificação de casos deste tipo, que prejudica a realização de pesquisas.

Segundo a associação, não existem referências demográficas sobre a população trans brasileira que possibilitem o cálculo da proporção por habitantes, dos casos de violência contra esse público no Brasil. O que se torna um grande desafio na produção de estatísticas, ressalta Bruna.  “O aumento [do número de assassinatos] simboliza também um chamado urgente para que os órgãos de segurança pública em todos os âmbitos: federal, municipal e estadual, se comprometam a ter dados, porque este é o primeiro ponto. O Estado brasileiro não produz dados sobre violência, sobretudo, o assassinato contra a comunidade trans. E a sociedade civil tem que produzi-los”, acrescenta.

A associação destaca ainda a ausência de ações de enfrentamento da violência contra pessoas LGBTQIA+ por parte do Estado brasileiro; a falta de rigor nas investigações policiais de casos de transfobia; a constante ausência, precariedade e fragilidade de dados usada para ocultar ou simular uma diminuição dos casos, na realidade, contribuem para impunidade, que favorece novos assassinatos e gera insegurança na população trans.

“Ficou como um resquício da ditadura [militar] em relação à comunidade trans. Algumas narrativas nos colocam como inimigas. Então, as pessoas trans não vão confiar na segurança pública, que é uma potencial violadora de seus direitos, de sua própria segurança. Então, além de sofrer toda essa violência, as pessoas não se sentem seguras”, constata Bruna Benevides.

Evento 

O dossiê foi apresentado nesta segunda-feira (29) em cerimônia em homenagem aos 20 anos da Visibilidade Trans, promovida pelo  Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).  A atividade aconteceu no âmbito da campanha do MDHC alusiva aos 20 anos da visibilidade trans. 

“Esse dossiê é um pedido de socorro para que nós possamos definitivamente enfrentar e erradicar a transfobia e os assassinatos contra a nossa comunidade”, disse a secretária de articulação política da Antra, Bruna Benevides. 

Durante o evento, a secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, disse que a meta do governo é entregar uma política nacional dos direitos das pessoas LGBTQIA+. "Ainda é a semente do que a gente quer, que essa política continue promovendo acesso, dignidade, respeito e autonomia para a nossa população que é tão vulnerabilizada e tão atacada". 

Para o ministro Silvio Almeida, as questões relacionadas aos direitos das pessoas LGBTQIA+ se desdobram em questões de interesse nacional. “Se falarmos em políticas de saúde, educação, trabalho, emprego e renda e segurança pública sem falar das pessoas trans, não estamos falando de nenhuma dessas políticas da maneira que elas devem ser faladas. Não existirá cidadania, democracia e desenvolvimento econômico no Brasil se as pessoas LGBTQIA+ não poderem exercer seus direitos", disse. 

O MDHC também entregou o Troféu Fernanda Benvenutty para iniciativas de promoção da conquista de direitos e à formulação de políticas voltadas à cidadania e à dignidade das pessoas trans ao longo dos últimos 20 anos.

*Colaborou Sabrina Craide

Um casamento no nordeste da Tailândia no último sábado (25) terminou em tragédia após o noivo matar quatro pessoas que estavam presentes na cerimônia, incluindo a noiva. Após o ataque, o homem se matou com um tiro de pistola em sua própria testa, de acordo com informações do portal tailandês Bangkok Post.

O homem foi identificado como Chaturong Suksuk, de 29 anos. Ele estava se casando com Kanchana Pachunthuek, de 44, no distrito de Wang Nam Khiao. Os noivos estavam em um relacionamento havia três anos.

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Segundo relatos repercutidos pela imprensa tailandesa, em um dado momento da festa Chaturong saiu abruptamente da cerimônia e foi para seu carro. Pouco depois, ele voltou com uma pistola e disparou tiros que mataram a noiva, a mãe dela, de 62 anos, a irmã mais nova da noiva, de 38 anos, e um convidado de 50. Outro convidado ficou gravemente ferido. Chaturong então se matou.

A polícia investiga as causas do ataque. Algumas testemunhas relataram à imprensa local que os noivos brigaram durante a cerimônia, e que o conflito havia sido causado pela insegurança de Chaturong, que temia sua mulher o trocasse por outra pessoa. Também relataram que Chaturong se sentia inseguro quanto à diferença de idade entre ele e Kanchana.

Segundo o Bangkok Post, Chaturong era um ex-soldado da Marinha que perdeu uma das pernas após ser atropelado por um trem. Ele chegou a participar de equipes tailandesas de atletas com deficiência, competindo em provas de natação.

Cinquenta e seis políticos e familiares foram mortos no País nos primeiros nove meses deste ano, de acordo com dados do Grupo de Investigação Eleitoral (Giel), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Assassinado a tiros na porta de casa na noite desta terça-feira, 7, o vereador de São Gonçalo (RJ), Aldecyr Maldonado (PL), de 61 anos, é a vítima mais recente de crimes cometidos contra ocupantes de cargos públicos no Estado.

O parlamentar, conhecido como Cici Maldonado, foi atingido na cabeça por criminosos logo após ser deixado em casa por assessores. De acordo com a Polícia Militar do Rio, policiais foram acionados ao local após o registro dos disparos. O vereador foi levado ao Pronto-Socorro Central de São Gonçalo já sem sinais de vida.

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A equipe do vereador divulgou um comunicado nas redes sociais em que atribui a morte do vereador a uma tentativa de assalto. O caso, no entanto, ainda está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNISG).

"Informamos que, na noite de hoje, o nosso amigo vereador Cici Maldonado nos deixou de uma forma prematura, fruto de uma tentativa de assalto, aonde ceifaram a vida do homem que amava São Gonçalo e doou grande parte da sua vida para ajudar as pessoas", diz o comunicado.

De acordo com os dados do Giel, o Rio de Janeiro já registrou oito homicídios de políticos e familiares somente neste ano, 15% dos casos de todo o País. Outros 19 Estados também tiveram assassinatos de ocupantes ou ex-ocupantes de cargos públicos.

O grupo de pesquisadores da Unirio leva em consideração ex-políticos, candidatos, pré-candidatos, ex-candidatos e funcionários da administração pública no levantamento.

Além dos homicídios registrados neste ano, foram levantados 249 casos de algum tipo de violência (agressão, ameaça, atentado ou sequestro) contra lideranças políticas e familiares.

Ex-vereador do Rio assassinado neste ano

O ex-vereador Jair Barbosa Tavares, conhecido como Zico Bacana, também foi uma das vítimas de homicídio neste ano no Rio de Janeiro. Ele foi morto a tiros no início de agosto no bairro de Guadalupe, Zona Norte da cidade.

Zico Bacana já foi citado como chefe de milicianos em relatório da CPI das Milícias, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ele também depôs em 2018 na investigação da morte da ex-vereadora Marielle Franco. A Polícia Militar informou que os disparos de arma de fogo partiram de um veículo não identificado que havia parado em frente a um estabelecimento comercial onde estava o ex-vereador.

Casa de vereador alvejada

A Polícia Civil do Rio investiga um ataque com arma de fogo contra o vereador Marcelo Diniz (Solidariedade), na comunidade da Muzema, na Zona Oeste da capital fluminense, no fim de agosto. A área é dominada pela milícia e fica dentro de uma região que se tornou alvo de disputa entre milicianos e traficantes.

Marcelo Diniz relatou que "por volta das 17h", foram disparados "mais de uma dezena de tiros de fuzil aqui na minha casa". O ataque foi registrado na 16ª delegacia da Barra da Tijuca.

O vereador filmou a entrada de um estabelecimento comercial e mostrou marcas de tiros nas paredes e de sangue no chão. Diniz afirmou que um funcionário da Prefeitura do Rio estava no local, "tomando café, conversando" e "recebeu dois tiros nas pernas". A Secretaria Municipal de Saúde informou, na ocasião, que o paciente foi atendido e recebeu alta hospitalar no mesmo dia.

"Todo mundo sabe que está tendo guerra aqui entre facções por disputa aqui do poder paralelo nessa região", disse o vereador. "Além da guerra do poder paralelo, isso aqui para mim está caracterizando um ataque contra a minha família, contra o vereador."

Um policial militar acusado de matar dois colegas de farda, em maio deste ano, dentro de um quartel, em Salto, no interior de São Paulo, foi condenado a 45 anos de prisão. A decisão foi dada nesta quinta-feira (26) pelo Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo (TJM-SP). O sargento Claudio Henrique Frare de Gouveia, de 53 anos, recebeu a pena por duplo homicídio com agravantes. A defesa dele informou que a sentença contraria a provas dos autos e vai entrar com recurso.

Os crimes aconteceram no dia 15 de maio. Segundo a investigação, o sargento chegou à 3ª Companhia da PM de manhã e se muniu de um fuzil que estava guardado no local, alegando que faria um treinamento. Em seguida invadiu a sala da administração e fez vários disparos, atingindo o capitão Josias Justi da Conceição Junior, comandante da unidade, e o sargento Roberto Aparecido da Silva, que estavam no local.

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Ele foi desarmado e preso em seguida. Os crimes teriam sido motivados pelo descontentamento do policial com suas escalas de trabalho.

O julgamento começou às 15h15 e foi encerrado às 17h40 com a leitura da sentença. O sargento, que está preso no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital, acompanhou o julgamento por videoconferência.

Ele falou durante 20 minutos em sua defesa. A promotora da Justiça Militar Giovanna Guerreiro e o defensor do réu, Rogério Augusto Dini Duarte, fizeram as alegações à frente do juiz e do Conselho de Justiça, formado por quatro oficiais da PM. A decisão foi dada pelo juiz José Álvaro Machado Marques, da 4.ª Auditoria Militar.

Familiares de Frare acompanharam o julgamento. O defensor do sargento disse que a sentença prolatada foi "manifestamente contrária" à prova dos autos. "Em assim sendo, e a defesa não concordando com a decisão, será interposto recurso no seu devido tempo", afirmou. O recurso será apresentado ao Tribunal de Justiça Militar e, dependendo do resultado, o advogado pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Escalas de trabalho

A investigação, na época, apontou que o sargento estava descontente com as mudanças feitas pelo capitão em suas escalas de trabalho. O superior havia alterado as escalas de forma que suas folgas não coincidiam com as de sua esposa, também policial militar. Frare também enfrentava problemas de cunho pessoal, o que não teria sido percebido pelos seus superiores hierárquicos.

Conforme a promotoria, foram feitos nove disparos de fuzil contra o capitão Josias Justi e quatro contra o sargento Roberto da Silva. A promotora denunciou Frare pela prática de dois homicídios duplamente qualificados, por motivo fútil e pelo emprego de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

Os crimes cometidos no interior do quartel causaram grande repercussão. O capitão Josias, de 39 anos, era casado e deixou dois filhos pequenos. O sargento Roberto, de 52 anos, deixou esposa e três filhos. Os corpos foram velados e sepultados em Sorocaba (SP), onde residiam as famílias das vítimas. O secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, compareceu ao velório dos policiais.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) divulgou uma nota em que lamenta os assassinatos de três médicos nesta quinta-feira (5), na cidade do Rio de Janeiro. Marcos Andrade Corsato, Diego Ralf Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida foram mortos a tiros quando estavam em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade.

Os três eram médicos ortopedistas e estavam na cidade para participar de um congresso internacional de cirurgia ortopédica, na Barra da Tijuca. Corsato e Bomfim tinham registro profissional no Cremesp. Almeida já havia sido registrado no conselho paulista, mas transferiu seu registro para a Bahia.

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Segundo o conselho paulista, um outro médico ortopedista, também registrado no Cremesp, ficou ferido no ataque e foi internado no Hospital Municipal Lourenço Jorge.

“O Cremesp lamenta profundamente o ocorrido e espera que a Justiça seja feita. Atos de crueldade e violência como os praticados contra esses médicos são inaceitáveis e não podem ficar impunes. O Conselho também encaminhará ofícios na presente data ao Ministério da Justiça e à Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro cobrando rigor nas investigações, visando acelerar a apuração do ocorrido”, diz a nota.

A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) também divulgou uma nota em que manifesta “repúdio e pesar”. “A SBOT ressalta a sua preocupação diante de mais um caso de violência no país”.

Também em nota, a Associação Médica Brasileira (AMB) afirmou que recebeu com consternação a notícia dos assassinatos dos médicos nesta madrugada. "É mais um episódio chocante, produto da violência sistêmica que historicamente parece ser negligenciada no país", afirmou a entidade pedindo celeridade na investigação e na apuração dos fatos e a punição dos criminosos. 

Investigações

Os crimes estão sendo investigados pela Delegacia de Homicídios (DH) da Polícia Civil fluminense. A Polícia Civil de São Paulo e a Polícia Federal (PF) também auxiliarão nas investigações. O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano Mattos, determinou ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Investigação Penal que um promotor de Justiça passe a acompanhar as investigações conduzidas pela Polícia Civil.

“Determinei ao secretário de Polícia Civil que empregue todos os recursos necessários para chegar à autoria do crime bárbaro que tirou a vida de três médicos e feriu outro na Barra da Tijuca. Minha solidariedade aos familiares das vítimas. Entrei em contato com o ministro da Justiça, Flavio Dino, que colocou a Polícia Federal à disposição das investigações. Vamos unir forças para chegar à motivação e aos autores. Esse crime não ficará impune!”, afirmou o governador fluminense, Cláudio Castro, em nota divulgada à imprensa.

A morte de cinco pessoas de uma mesma família, após um familiar matar dois policiais militares no bairro de Tabatinga, em Camaragibe, município da Região Metropolitana do Recife, na última quinta-feira (14), chocou a sociedade pela brutalidade e violência demonstradas. Alex “Samurai” Silva foi capturado e morto pela polícia na manhã de sexta-feira (15), totalizando oito mortes em um intervalo de cerca de 12 horas. Confira aqui a cronologia dos acontecimentos. 

Quinta-feira (14), à noite 

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Alex estava com alguns amigos bebendo na laje de uma casa no Córrego do Jacaré, comunidade localizada no bairro de Tabatinga, onde morava. De acordo com moradores da vizinhança, ele tinha um certo costume de beber e se alterar, fazendo demonstrações de violência, e carregando sua arma de fogo. Segundo a Secretaria de Defesa Social, ele era portador da licença para colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (CAC), e sua arma era registrada em seu nome

Quando ele começou a dar tiros para o alto, vizinhos acionaram a Polícia Miliar (PM). O cabo Rodolfo José da Silva, 38 anos, e o soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, foram ao local para verificar a situação relatada na denúncia. Eles teriam sido recebidos por tiros vindos da arma de Alex. Durante o confronto armado, os policiais foram atingidos com tiros na cabeça, e outras duas pessoas foram atingidas, uma mulher grávida e uma adolescente. Alex fugiu. 

Os policiais chegaram a ser socorridos e levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Caxangá, na zona Oeste do Recife, mas não resistiram. A PM deu início a uma busca ostensiva por Alex. 

Sexta-feira (15), madrugada 

Com o início das buscas, a PM foi atrás da família de Alex. A irmã dele, Agata Ayanne da Silva, de 30 anos, estava em casa com seus outros dois irmãos, Amerson Juliano da Silva e Apuyna Lucas da Silva, ambos de 25 anos. 

Agata Ayanne, irmã de Alex. Foto: Reprodução/redes sociais 

Agata iniciou uma transmissão ao vivo no seu perfil pessoal no Instagram para registrar o momento em que um carro para na rua e homens encapuzados e armados se aproximam da casa. Nas imagens não é possível identificar quem eram as pessoas. Eles andam em direção aos irmãos, que estão desarmados, e mandam eles ficarem de joelhos e com as mãos para cima. Agata chega a avisar que a ação está sendo filmada. Se ouvem tiros, o celular que estava gravando cai no chão e a transmissão é encerrada. 

Sexta-feira (15), pela manhã 

Em Chã de Conselho, região do município de Paudalho, na zona da Mata, foram encontrados os corpos de duas mulheres no meio de um matagal. Maria José, de 58 anos, era a mãe de Alex Silva. A outra mulher, embora ainda não identificada, foi apontada como sendo a companheira dele. 

Alex ainda estava foragido. Câmeras de segurança na vizinhança de Tabatinga, onde ele morava, registram momentos em que ele anda pelas ruas. Ele não aparentava estar armado, porém, no segundo confronto com a polícia, que acontece no final da manhã, ele troca tiros e deixa duas pessoas feridas. A ação de captura resulta em sua morte. 

Alex Samurai andando pelas ruas do bairro onde morava. Foto: Reprodução/redes sociais 

Sexta-feira (15), à tarde 

Foram oito pessoas mortas e outras quatro feridas. Os corpos dos policiais mortos foram sepultados ao final da tarde no cemitério de São Lourenço da Mata. http://leiaja.com/politica/2023/09/15/raquel-lyra-se-posiciona-sobre-ass...">A governadora Raquel Lyra (PSDB) se pronunciou, do Palácio do Campo das Princesas, no Recife, se solidarizando pelas famílias enlutadas. 

O secretário de Defesa Civil, Alessandro Carvalho, afirmou que as investigações para elucidar os crimes não descartam nenhuma hipótese. Alex Silva não possuía antecedentes criminais nem passagem pela polícia.

Um tribunal do Reino Unido condenou, nesta segunda-feira (21) à prisão perpétua sem chance de libertação uma ex-enfermeira neonatal que matou sete bebês sob seus cuidados e tentou matar outros seis em um hospital no norte da Inglaterra. O caso provocou grande comoção no Reino Unido.

Lucy Letby, de 33 anos, se recusou a comparecer ao tribunal para enfrentar os pais enlutados e alegou inocência durante o longo julgamento, que começou em outubro de 2022. A mulher foi condenada à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional, uma pena incomum na legislação inglesa e a sentença mais severa possível sob a lei britânica.

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O juiz James Goss disse que o número de assassinatos e tentativas e a natureza dos assassinatos cometidos por uma enfermeira neonatal encarregada de cuidar dos bebês mais frágeis forneciam as "circunstâncias excepcionais" necessárias para impor a chamada "ordem vitalícia", que é excepcionalmente rara.

"Atuou de maneira completamente contrária aos instintos humanos normais, que são cuidar dos bebês, e em violação flagrante da confiança que todos os cidadãos depositam nos profissionais da saúde", declarou Goss. Ele ainda destacou que a enfermeira "não tem remorso" e que houve "uma malevolência que beira o sadismo" em sua ação.

Lucy Letby trabalhava na Unidade de Terapia Intensiva do hospital Countess of Chester, no noroeste da Inglaterra, onde aconteceram os assassinatos, entre junho de 2015 e junho de 2016. A enfermeira foi acusada de injetar ar nos bebês por via intravenosa e com sondas nasogástricas, além de administrar doses excessivas de leite às vítimas.

Durante o processo, uma mãe explicou que, ao comparecer à UTI para levar leite para um de seus gêmeos prematuros em agosto de 2015, o ouviu gritar e percebeu que o bebê tinha sangue ao redor da boca. Letby a tranquilizou e recomendou que retornasse para o quarto.

De acordo com a acusação, a enfermeira tinha acabado de introduzir um utensílio médico até o fundo da garganta do bebê. Também havia injetado ar. A criança morreu poucas horas depois.

Letby atacava bebês depois que os pais saíam, quando a enfermeira chefe estava ausente ou durante a noite, quando ela ficava sozinha. Em algumas ocasiões, participava nos esforços coletivos para salvar os recém-nascidos e, inclusive, apoiava os pais desesperados. Também escrevia cartas aos pais em luto.

Durante o julgamento de 10 meses de Letby, os promotores disseram que em 2015 o hospital começou a ver um aumento significativo no número de bebês que estavam morrendo ou sofrendo declínios repentinos em sua saúde sem motivo aparente. Alguns sofreram "sérios colapsos catastróficos", mas sobreviveram após a ajuda da equipe médica. Letby foi finalmente removida das funções da linha de frente no final de junho de 2016 e foi presa em sua casa em julho de 2018.

Revolta

"Acho que nunca vamos superar o fato de que nossa filha foi torturada até que ela não tivesse mais resistência e tudo o que ela passou em sua curta vida foi deliberadamente feito por alguém que deveria protegê-la e ajudá-la a vir. casa onde ela pertencia", disse a mãe de uma menina identificada como "Criança 1" em um comunicado lido no tribunal.

A ausência de Letby, que é permitida nos tribunais britânicos durante a sentença, alimentou a raiva das famílias das vítimas, que queriam que ela ouvisse as declarações sobre a devastação causada por seus crimes. "Você pensou que era seu direito brincar de Deus com a vida de nossos filhos", disse a mãe de gêmeos, um dos quais foi assassinado e o outro que Letby tentou matar, em declaração ao tribunal.

Políticos e defensores das vítimas pediram mudanças na lei para forçar os criminosos a comparecerem para serem sentenciados depois que vários condenados de alto perfil optaram por não enfrentar suas vítimas nos últimos meses.

O primeiro-ministro Rishi Sunak, que chamou os crimes de "chocantes e angustiantes", disse que seu governo apresentará "oportunamente" seu plano de exigir que os condenados compareçam às suas sentenças.

"É covarde que pessoas que cometem crimes tão horrendos não enfrentem suas vítimas e não ouçam em primeira mão o impacto que seus crimes tiveram sobre elas, suas famílias e entes queridos", disse Sunak. (Com agências internacionais).

Na última década, pelos menos 30 lideranças quilombolas foram assassinados. É o que revela levantamento divulgado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).

Nesta quinta-feira (17), a líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, Yalorixá e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho (BA), Maria Bernadete Pacífico, 72 anos, foi assassinada na noite desta quinta-feira (17).

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Criminosos teriam invadido a comunidade, feito familiares reféns e executado Mãe Bernadete a tiros dentro de casa. O filho dela, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, também foi executado há quase seis anos.

De acordo com a Conaq, a maioria das vítimas liderava territórios quilombolas. Os assassinatos ocorreram dentro dos quilombos e com uso de armas de fogo.  Os estados com maior número de assassinatos são Bahia (11), Maranhão (8) e Pará (4). Há casos registrados em Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais e Alagoas. 

“O caso de Mãe Bernardete se junta a esses assassinatos que estão sem resolução nenhuma. Essa situação é muito grave. Trinta pessoas tiveram as vidas ceifadas ao longo dos anos. Queremos cobrar do Estado brasileiro uma posição. Não dá para o Sistema de Justiça ignorar as violências que acontecem nos territórios quilombolas”, afirma coordenador da Conaq, Denildo Rodrigues, em nota divulgada pela coordenação. 

Para o coordenador, a maioria dos assassinatos estão relacionados a pressões sobre os territórios quilombolas. “Existe uma disputa por terra muito ferrenha da qual nós negros e negra, apesar de estarmos nos territórios há mais de 400 anos, foi negado a nós o direito à terra. Isso é fruto do racismo fundiário que existe no país e esse racismo é responsável por deixar pessoas longe da terra”.  A Conaq cobra do Estado brasileiro resposta às execuções. 

A Polícia Federal da Bahia abriu inquérito nesta sexta-feira (18) para investigar o assassinato de Maria Bernadete Pacífico Moreira. A Superintendência da PF na Bahia é responsável pela investigação do assassinato do filho de Maria Bernadete, ocorrido em 19 de setembro de 2017.

Uma comitiva com representantes dos ministérios da Igualdade Racial, Justiça e Direitos Humanos está na Bahia para realizar reuniões presenciais junto a órgãos do estado da Bahia e prestar atendimentos às vítimas e familiares para que seja garantida proteção e defesa do território.

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) publicou nota de pesar pelo assassinato de Mãe Bernadete.

“Urge, portanto, que o Poder Público das três esferas da Federação adote medidas emergenciais e estruturais para a contenção da violência contra grupos vulnerabilizados e para a incidência sobre as causas reais e originárias desses atos que revoltam e deixam a todas/os atônitas/os. O CNDH se solidariza com familiares e amigas/os da Mãe Bernadete e informa que acompanhará as investigações até que os executores e os mandantes dos crimes que resultaram na sua morte e na de seu filho sejam efetivamente responsabilizados. É dever também do governo do estado da Bahia e do Poder Público Federal assegurar proteção às/aos familiares da Mãe Bernadete e, dada a conotação de racismo religioso, adotar medidas de preservação da liberdade de expressão religiosa”, diz o conselho.

O estado do Texas, sul dos Estados Unidos, executou na terça-feira (7) um homem condenado à morte pelos assassinatos da esposa e da filha em 2009.

O americano Gary Green, de 51 anos, foi declarado morto às 19h07 no horário local (22h07 de Brasília) na Penitenciária de Huntsville. Ele foi o oitavo condenado à morte executado no país desde o início do ano.

Ele havia sido condenado em 2010 por ter, um ano antes em Dallas, esfaqueado a esposa e afogado a filha de seis anos em uma banheira. Na manhã da tragédia, a esposa havia enviado um documento de separação. Ele respondeu que "cinco vidas seriam perdidas", informou a imprensa local.

Ele não matou os dois filhos da esposa, de 9 e 12 anos, mas tentou cometer suicídio.

Os advogados de Green tentaram anular a sentença nos últimos anos, alegando supostos transtornos mentais. A Suprema Corte, de fato, proibiu a execução de pessoas que não têm a capacidade de compreender o significado da sentença.

Gary Green também foi um dos condenados que entrou na justiça para impedir que o Texas o executasse com substâncias letais que podem ter ultrapassado o prazo de validade, de acordo com um recurso apresentado pelos advogados.

Apesar de uma decisão a seu favor de um tribunal de primeira instância, uma corte de apelações rejeitou a decisão e três dos demandantes no Texas já foram executados desde o início do ano.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), decretou, nesta quarta-feira (21), luto oficial no Estado em homenagem às vítimas mortas pelo soldado Guilherme Barros nessa terça-feira (20).

Guilherme matou a esposa grávida de três meses no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, e de lá seguiu para a sede do 19º Batalhão da Polícia Militar, em Boa Viagem, onde trabalhava e atirou nos policiais que estavam na sala de monitoramento. Dois morreram e dois ficaram feridos e estão hospitalizados. Após os assassinatos, Guilherme teria cometido suicídio. 

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Em nota, Paulo Câmara se solidariza com os familiares das vítimas.

"Decretei luto oficial de três dias em memória de Cláudia Gleice da Silva e dos policiais militares Wagner Souza e Aline Maria Lopes, vítimas da ação criminosa do soldado Guilherme Barros, registrada ontem no município do Cabo e na sede do 19º Batalhão, no Recife. Minha solidariedade aos parentes e amigos nesse momento de dor. Que Deus conforte seus corações", disse o governador.

Ainda nessa terça, Paulo determinou ao secretário de Defesa Social, Humberto Freire e à Secretária da Mulher, Ana Elisa Sobreira, que prestassem "toda a assistência aos policiais militares baleados e aos familiares das vítimas fatais da ação criminosa do soldado".

O jornalista mexicano Fredid Román foi assassinado na tarde desta segunda-feira (22) em Chilpancingo, capital do Estado de Guerrero, no sul do México. O atentado é o 15 º assassinato de jornalistas que ocorre no país em 2022. Román foi alvo de disparos dentro de seu carro. Segundo informações da Polícia Estadual, o jornalista já estava morto quando os socorristas da Cruz Vermelha chegaram ao local do crime. Os ferimentos das balas atingiram diferentes partes do corpo.

"Os serviços especializados se deslocaram ao local dos acontecimentos para realizar os atos de investigação, o que permitirá obter as provas necessárias para esclarecer os fatos", informou o Ministério Público Geral do Estado (FGE) de Guerrero.

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As autoridades investigam os responsáveis pelo "homicídio por arma de fogo". Román escrevia a coluna La Realidad Escrito com circulação na mídia local. Antes, ele foi o fundador do extinto jornal impresso La Realidade; também dirigiu o periódico Expresión Popular e colaborou em diferentes mídias na capital de Guerrero.

A FGE apontou que uma das possíveis linhas de investigação pode estar relacionada com o assassinato do filho de Román, ocorrido na cidade de Ocotito, Guerrero, em 1º de julho, o que não teria relação direta com o trabalho jornalístico.

Embora Román não tocasse em questões de violência, há poucos dias o colunista foi ao Ministério Público exigir justiça pelo assassinato do familiar, disse a Associação dos Jornalistas de Guerrero. "Exigimos que o procurador-geral de Guerrero inicie prontamente a investigação do homicídio, bem como um suposto vazamento da exigência de justiça que o nosso colega fez perante a FGE", declarou o comunicado.

O Ministério Público Geral de Guerrero sustentou, porém, que "realiza a investigação e o acompanhamento para esclarecer os fatos, para aplicar a lei aos responsáveis por diversos crimes". Com o assassinato de Fredid Román, há 16 jornalistas mortos em Guerrero desde 2000. É o segundo homicídio no atual governo estadual.

Recentemente, o representante adjunto do escritório mexicano do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (UN-DH) alertou que "o número de assassinatos de jornalistas registrados no México é motivo de preocupação".

Segundo dados da organização Articulo 19, desde 2000, ao menos 154 comunicadores foram assassinados no país com possível relação ao trabalho jornalístico.

Apesar da complexidade dos crimes transfronteiriços e do discurso antidrogas do presidente Jair Bolsonaro (PL), a Polícia Federal tem reduzido o efetivo em Tabatinga (AM), nos últimos anos. Na delegacia localizada na cidade que faz fronteira com Letícia, na Colômbia, trabalham menos policiais do que em 2013.

A região é um conhecido corredor do narcotráfico e onde operam cartéis e quadrilhas nacionais e internacionais. Há, atualmente, 32 policiais federais lotados em Tabatinga, sendo três delegados, três escrivães e 24 agentes. É o mesmo efetivo de 2012.

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Desde que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados, no Vale do Javari, na Amazônia, no início de junho, voltou à tona a gama de crimes que fazem da região uma "terra sem lei". Cabe à delegacia de Tabatinga atuar contra o crime organizado nesta região amazônica e em cidades da tríplice fronteira com a Colômbia e o Peru. A viúva de Bruno cobrou reforço na segurança.

Em 17 de junho, Bolsonaro disse que faltam recursos. "É só ela me dizer onde eu acho recurso para melhorar o trabalho de fiscalização, eu resolvo agora. Eu tenho um teto de gastos", disse ele. Apesar de alegar falta de recursos, o governo conseguiu a aprovação, em julho, da PEC Kamikaze, que possibilitará gastos, às vésperas da eleição, de R$ 41 bilhões para benefícios sociais.

CRIMES

Tráfico de drogas e armas, lavagem de dinheiro, pesca ilegal, garimpo, extração de madeira e execuções costumam ser praticados pelos mesmos grupos. Segundo investigadores, o crime organizado se beneficia da ausência do Estado e as características da atividade criminosa na região tornam o combate mais complexo.

Policiais federais ouvidos pela reportagem sob a condição de anonimato disseram que o efetivo não é suficiente para dar resposta à quantidade de crimes. Agentes consultados relataram que padecem por falta de estrutura para confirmar suspeitas de crimes e que procedimentos básicos de apuração são dificultados. A conexão de internet funciona muito mal em Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia do Norte, cidades fronteiriças.

O superintendente da PF no Amazonas, delegado Eduardo Fontes, disse que o efetivo é suficiente. "Lá nós temos uma delegacia física. Temos um efetivo, não vou citar números, mas é suficiente para atender às nossas demandas. Em sendo necessário, a superintendência dá todo apoio", afirmou, na primeira entrevista coletiva sobre o caso Bruno e Dom, em 15 de junho.

A Polícia Federal prendeu neste sábado três suspeitos de ajudarem na ocultação dos corpos do indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, assassinados em junho deste ano no Vale do Javari. De acordo com a PF, os três são familiares de Amarildo Costa de Oliveira, conhecido como "Pelado", que confessou ter cometido o crime.

Além do envolvimento no homicídio de Bruno e Dom, os detidos também são investigados pela associação com o indivíduo conhecido como "Colômbia" na pesca ilegal na região. Inicialmente tido como peruano, a PF o identificou neste sábado como Ruben Dario da Silva Villar, um cidadão de fato colombiano que usava documentos de identidade falsos do Brasil e do Peru.

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Foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão na região dos municípios amazonenses de Atalaia do Norte e Benjamin Constant.

"Com o avanço das investigações, a PF identificou fortes indícios de que 'Colômbia' seria líder e financiador de uma associação criminosa armada dedicada à prática da pesca ilegal na região do Vale do Javari, responsável por comercializar grande quantidade de pescado que era exportado para países vizinhos", destacou a Polícia Federal, em nota. "As investigações prosseguem para o total esclarecimento do caso", completou.

A Polícia Federal em Manaus cumpriu nesta sexta-feira, 22, mandado de busca e apreensão contra Rubens Dario da Silva Villar, o 'Colômbia' - apontado como financiador da pesca ilegal no Vale do Javari e citado em meio às investigações do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips.

De acordo com os investigadores, a diligência foi realizada no âmbito da investigação que apura uso de documento falso - Colômbia foi preso em flagrante ao apresentar documento falso aos policiais quando compareceu à delegacia da PF para 'negar envolvimento' com o assassinato de Bruno e Dom.

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Durante a busca, os agentes encontraram 'inúmeros documentos com locais de nascimento e nacionalidades diversas', além de um 'Registro Administrativo de Nascimento de Índio (RANI) onde o investigado afirma ter nascido na Comunidade Indígena Boa Vista, Terra Indígena Boa Vista, tribo indígena Kokama', diz a PF.

"Os fatos denotam que o nacional se utiliza deliberadamente da falsificação de documentos para obter benefícios diversos", registrou a corporação em nota.

O mandado de busca contra 'Colômbia' foi cumprido no mesmo dia em que a Justiça Federal no Amazonas colocou no banco dos réus Amarildo da Costa Oliveira, 'Pelado', Oseney da Costa de Oliveira, 'Dos Santos', e Jefferson da Silva Lima, 'Pelado da Dinha', pelos assassinatos a tiros de Bruno e Dom.

Segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, os tiros disparados pelos acusados destinavam-se ao ex-servidor da Funai e a morte do britânico se deu para 'assegurar a impunidade de tal crime'.

Em uma peça de 23 páginas, a Procuradoria indicou que a decisão de matar Bruno 'decorreu do fato de a vítima ter tirado fotografia de Amarildo e de sua embarcação, afirmando que aquela era a 'embarcação do invasor' - informações que constam da confissão do pescador. "Motivo fútil, portanto", indica a denúncia em referência a primeira qualificadora dos crimes de homicídio imputados ao trio acusado.

No entanto, segundo cota apresentada junto à denúncia as investigações sobre o caso seguem, 'a fim de esclarecer a autoria e participação dos demais agentes na prática da ocultação dos cadáveres e do próprio homicídio'.

Foi determinada a transferência, de Tabatinga para Manaus, de 'Pelado', 'Dos Santos' e 'Pelado da Dinha'. A Justiça Federal atendeu um pedido da Polícia Federal, com parecer favorável do Ministério Público Federal, apontando que, em Tabatinga, há 'problemas variados, não só falta de vagas, mas também resgates possíveis'. Além do trio denunciado pelo MPF, a decisão também atingiu 'Colômbia'.

De acordo com a PF, 'Dos Santos' e 'Pelado da Dinha' serão transferidos para Manaus neste sábado, 23, com previsão de chegada às 13h30.

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça denúncia contra três suspeitos por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver no caso das mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, seu irmão Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, tornaram-se réus após a Justiça Federal de Tabatinga (AM) receber a denúncia do MPF, apresentada na quinta-feira (21). O juiz responsável também abriu o sigilo dos autos.

O MPF argumenta que tanto Amarildo quanto Jefferson confessaram o crime. Já a participação de Oseney foi considerada após depoimentos de testemunhas. Segundo os procuradores, havia registro de desentendimentos entre Bruno e Amarildo por pesca ilegal em território indígena.

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No documento, o MPF explica que a razão do crime teria sido o fato de Bruno pedir para Dom fotografar o barco dos acusados, motivação considerada 'fútil' pelo Ministério Público Federal, o que pode agravar a pena.

De acordo com a denúncia, Bruno foi morto com três tiros, sendo um deles pelas costas. Já Dom foi assassinado por estar acompanhando Bruno na visita ao Vale do Javari (AM). O documento mostra a reprodução de conversas e cita laudos periciais, como análise dos corpos e objetos encontrados durante as investigações.

O documento foi elaborado pela procuradora Nathália di Santo, de Tabatinga, e por Samir Nachef Júnior, Edimilson da Costa Barreiro Júnior, Bruno Silva Domingos e Ricardo Pael Ardenghi, integrantes da Câmara Criminal do MPF, que auxilia nas apurações de crimes contra a vida.

Bruno e Dom

O jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira foram assassinados na manhã de 5 de junho, domingo, enquanto faziam o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e o município de Atalaia do Norte, no Amazonas.

Bruno sofria repetidas ameaças por trabalhar com os indígenas isolados do oeste do Amazonas e em defesa da manutenção de áreas ambientais. Antes de atuar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indigenista trabalhou na Funai como coordenador de povos isolados e foi exonerado do cargo durante a pandemia.

Já o jornalista estrangeiro, colaborador do jornal The Guardian e de outros veículos da imprensa internacional, acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever sobre a preservação da Amazônia.

No início de julho, a Polícia Federal (PF) prendeu Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, citado em meio às investigações do assassinato de Bruno e Dom. Ele é apontado como financiador da pesca ilegal na região e tem ligação com Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado.

Colômbia não foi incluído na denúncia do Ministério Público, acatada na quinta-feira pela Justiça Federal no Amazonas. Ele foi preso por outra razão. As autoridades ainda avaliam se houve um mandante para o crime e sua eventual vinculação ao caso.

Após ter comparecido espontaneamente à sede da corporação em Tabatinga a fim de prestar esclarecimentos sobre o assassinato da dupla, ele foi preso por porte ilegal de documento. Colômbia negou participação no crime, mas segue preso pela PF até que sua identidade seja verificada, e porque a polícia teme que ele fuja do País.

A juíza Jacinta Silva dos Santos, da Comarca de Atalaia do Norte, no interior do Amazonas, remeteu para a Justiça Federal o processo sobre os homicídios do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips, na região do Vale do Javari, no dia 5 de junho. A decisão atendeu um pedido do Ministério Público do Estado, que pediu declínio de competência para o âmbito federal.

Ao analisar o relatório das investigações realizadas pelas Polícias Civil e Federal, Jacinta considerou que a motivação dos assassinatos de Bruno e Bom está diretamente ligada com os direitos indígenas, 'cuja análise da matéria jurídica é de competência da Justiça Federal', informou o Tribunal de Justiça do Amazonas.

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"Essas informações não constavam anteriormente nos autos, o que permitia, portanto, a atuação do Juízo estadual nesse processo", disse a juíza.

O declínio de competência será analisado pela Justiça Federal, que vai verificar se fica com o caso. Caso aceite processar a investigação, o juízo federal vai analisar o pedido da Polícia para a conversão da prisão dos três principais investigados em preventiva - quando não há data para a prisão acabar.

Os três suspeitos presos por suposta participação no assassinato de Bruno e Dom são Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, que confessou o crime e indicou o local onde os corpos foram enterrados; o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos; e Jeferson da Silva Lima, conhecido Pelado da Dinha, que se entregou ontem na Delegacia de Atalaia do Norte. Eles tiveram a prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça do Amazonas.

A PF ainda investiga a suposta participação de mais cinco pessoas na ocultação dos corpos.

Um ato reuniu manifestantes na Lapa, região central do Rio, na tarde deste domingo (26), para pedir justiça pelas mortes do jornalista britânico Dom Phillips e o do indigenista Bruno Pereira, assassinados no Amazonas. O protesto reuniu cerca de 50 pessoas nos Arcos da Lapa, antigo aqueduto que é um dos cartões postais do Centro da capital fluminense.

Vestidos de verde e empunhando cartazes, os manifestantes lembraram as mortes de Dom e Bruno, do líder seringueiro Chico Mendes, assassinado no Acre na década de 1980, e pediram providências contra os crimes contra os povos indígenas.

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"Eu não aceito que outro jornalista como Dom morra, como aconteceu. Isso não pode se repetir", diz Victor Silva, jornalista freelancer.

A indígena Tereza Kaiowá lembrou que os povos indígenas estão sendo alvo de ataques na Amazônia e em outras regiões do País por causa de disputas por terra.

"Querem tirar nossos direitos aos nossos territórios. A não demarcação gera a criminalidade. Nós viemos fazer uma homenagem ao Dom e ao Bruno, mortos por defender a floresta", disse.

Os ativistas estenderam uma bandeira com os rostos de Dom e Bruno nos Arcos da Lapa e participaram de uma ação para protestar contra as mortes do jornalista, do indigenista e contra os crimes ambientais nas florestas do país.

Mais cedo neste domingo (26), familiares e amigos de Dom se reuniram no cemitério Parque da Colina, em Niterói, região metropolitana do Rio, para se despedir do jornalista.

O velório foi acompanhado pela família brasileira e britânica do jornalista, além de amigos e ativistas. Alessandra agradeceu ao empenho dos envolvidos nas buscas dos corpos do marido e do indigenista Bruno Pereira, à imprensa e aos povos indígenas.

Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever.

"Seguiremos atentos a todos os desdobramentos das investigações, exigindo Justiça", disse Alessandra Sampaio, viúva do jornalista inglês Dom Phillips, assassinado no Vale do Javari, no Amazonas, durante velório neste domingo em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Familiares e amigos de Dom se reuniram no cemitério Parque da Colina para se despedir do jornalista, que será cremado.

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"Seguiremos atentos a todos os desdobramentos das investigações, exigindo Justiça no significado mais abrangente do termo. Renovamos nossa luta para que nossa dor e da família de Bruno Pereira não se repita, como também a de outras famílias de jornalistas e defensores do meio ambiente que seguem em risco. Seguem em risco. Descansem em paz, Bruno e Dom", disse Alessandra.

O velório foi acompanhado pela família brasileira e britânica do jornalista, além de amigos e ativistas. Alessandra agradeceu o empenho dos envolvidos nas buscas dos corpos do marido e do indigenista Bruno Pereira, à imprensa e aos povos indígenas.

"Agradeço imensamente a imprensa e aos amigos jornalistas que têm sido fundamentais nos esforços de apuração do caso, na cobrança por transparência nas investigações e na mobilização que permitiu que chegássemos todos até aqui. Eu também agradeço de coração a todas as pessoas que se solidarizaram com Dom, com Bruno, com nossas famílias e amigos, aqui no Brasil e em outros países", agradeceu Alessandra. Segundo ela, Dom "será cremado no país que amava".

"Hoje, Dom será cremado no país que amava, seu lar escolhido Brasil. O dia de hoje é de luto. Dom era uma pessoa muito especial, não apenas por defender aquilo que acreditava como profissional, mas também por ter um coração enorme e um grande amor pela humanidade", disse em pronunciamento.

No pronunciamento, a irmã de Dom, Sian Phillips, afirmou que o irmão foi morto "por tentar contar ao mundo o que acontecia com a floresta e seus habitantes".

"Dom era um brilhante jornalista, comprometido em dividir histórias sobre a diversidade brasileira, habitantes de favelas e indígenas da Amazônia. Ele foi morto pois tentou contar ao mundo o que está acontecendo com a floresta e seus habitantes, sobre o impacto das atividades ilegais nessa floresta. Ele foi morto tentando ajudar indígenas", disse Sian.

Os corpos de Bruno e Dom foram encontrados a 3 km do rio Itaquaí, em Atalaia do Norte, em uma área de igarapé. Eles foram identificados após a Polícia Federal levar um dos suspeitos de envolvimento no crime ao local das buscas, onde apontou o ponto da mata em que ocultou os corpos. Dois dias antes, as autoridades disseram ter coletado material biológico próximo ao rio, na mesma região em que também acharam uma mochila com pertences de Dom e Bruno. O barco usado pelo indigenista e pelo jornalista foi identificado no domingo, 19.

Dom Phillips e Bruno Pereira eram profissionais reconhecidos em suas áreas e compartilhavam a paixão pela Amazônia e pela preservação da natureza e dos povos originários da região. Dom era um jornalista freelancer e colaborador do jornal The Guardian. O inglês tinha 57 anos e vivia no Brasil desde 2007, onde publicou diversas reportagens sobre política e meio ambiente em veículos como Financial Times, New York Times, Bloomberg e Washington Post.

Bruno Pereira era natural de Recife, tinha 41 anos e ingressou na Funai como agente em indigenismo em setembro de 2010. Dois anos depois, ele passou a integrar a coordenação regional da Funai de Atalaia do Norte - área em que foi visto pela última vez. Ele deixou o cargo em 2016 e, em 2018, voltou a prestar serviço para a Funai como coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial.

Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro, que pretendia escrever.

Um homem que diz ter envolvimento no assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips se apresentou nesta quinta-feira, 23, à Polícia de São Paulo. Gabriel Pereira Dantas prestou depoimento e foi detido no 77º Distrito Policial, na região central da capital paulista. O relato dele ainda não foi confirmado pela Polícia Federal e pela força tarefa no Amazonas, responsáveis pela investigação do caso.

Ainda não se sabe se o homem é um dos cinco suspeitos identificados pela Polícia Federal. Os três presos na região do crime são Amarildo da Costa Oliveira, o "Pelado", seu irmão Oseney da Costa de Oliveira e Jeferson da Silva Lima.

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Em depoimento à Polícia Civil, Gabriel afirmou que, no dia do assassinato, estava bebendo com "Pelado". Ele diz que estava na mesma embarcação do outro suspeito quando eles avistaram Bruno e Dom passarem de lancha pelo rio. Logo, teriam partido atrás do indigenista e do jornalista, afirmou.

Segundo Gabriel, "Pelado" puxou uma espingarda calibre 16 e apontou para Bruno e Dom, tendo primeiro atirado no jornalista e depois no indigenista, a uma distância de cerca de três metros. O local do crime teria sido o Rio Madeira, próximo à comunidade Santa Isabel. Ele ainda disse que conhecia "Pelado" havia apenas uma semana.

Gabriel afirmou à polícia que ficou responsável por esconder os pertences dos mortos na floresta, enquanto "Pelado" teria saído para buscar ajuda de moradores ribeirinhos e "dar destino aos corpos". Depois dos crimes, o novo preso disse ter fugido para Santarém (PA), depois Manaus (AM), Rondonópolis (MT) e por fim para a capital paulista, onde relatou que estava morando nas ruas.

Segundo informações da Polícia Civil, o suspeito afirmou que "não aguentava mais a situação" e que carregava "um sentimento de peso e culpa nas costas" por ter filhos pequenos. Uma entrevista coletiva em São Paulo deve esclarecer mais detalhes sobre o novo depoimento e a prisão.

Os peritos do Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, concluíram nesta quarta-feira (22) os exames nos restos mortais do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Os corpos serão entregues nesta quinta-feira (23) aos familiares.

A Polícia Federal (PF) reiterou que todos os testes realizados confirmaram a identidade de Bruno e de Dom. Em nota, a corporação também confirmou que não há restos mortais de outra pessoa.

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"Os trabalhos dos peritos do Instituto Nacional de Criminalística continuarão nos próximos dias concentrados na análise de vestígios diversos do caso", diz o comunicado.

Os corpos ficaram seis dias em Brasília. As perícias foram concluídas em prazo bem mais curto que o padrão para procedimentos semelhantes. Geralmente, os testes duram entre 30 e 60 dias.

Os peritos fizeram exames de DNA, impressão digital e antropologia forense - método que analisa características físicas, como estrutura óssea.

Com a liberação dos corpos, as famílias poderão finalmente organizar as despedidas ao indigenista e ao repórter. O transporte será feito de avião pela PF.

Até o momento, os investigadores identificaram oito suspeitos de envolvimento nos assassinatos. Três deles estão presos temporariamente.

O trabalho de investigação continua em duas frentes. No Amazonas, o comitê de crise criado para encontrar Bruno e Dom continua em busca de elementos que possam ajudar a esclarecer a dinâmica do crime. O próximo passo é a análise da embarcação usada pelo indigenista e pelo repórter quando eles foram assassinados. O barco, afundado pelos criminosos, foi encontrado na noite do último domingo (19). Em Brasília, os peritos examinam as provas colhidas a partir dos exames nos restos mortais.

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