Tópicos | PF

O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, enviou na noite dessa quarta-feira (31) ofício ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, pedindo a relação de deputados e senadores supostamente monitorados de forma ilegal pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro.

Pacheco pediu acesso às informações levantadas pela Polícia Federal, que investiga o uso da Abin para espionagem ilegal com uso do programa FirstMile, que permite a geolocalização por meio dos celulares das pessoas monitoradas. 

##RECOMENDA##

"Não havendo prejuízo para a continuidade das investigações, que tramitam sob sigilo, obter informações relacionadas ao procedimento adotado pelos investigados e a extensão e o conteúdo de informações relacionadas aos parlamentares, a fim de que sejam adotadas as medidas institucionais pertinentes ao Congresso Nacional", escreveu Pacheco no ofício encaminhado a Moraes.

[@#video#@]

*Da Agência Senado

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a defesa do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) a ter acesso aos autos da investigação da Polícia Federal (PF) sobre o suposto esquema de espionagem ilegal que teria sido montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O vereador é um dos investigados, suspeito de fazer parte do "núcleo político" do esquema, e foi alvo de buscas nesta semana. A defesa dele pediu para se inteirar dos documentos e provas e, segundo o STF, o material está disponível para consulta. "Os advogados precisam buscar no gabinete", informou a Corte.

##RECOMENDA##

O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, esclareceu em sua decisão que o acesso "permanece até o final da investigação", ou seja, a defesa do vereador estará a par de novos volumes que venham a ser juntados aos autos.

A Abin é o principal órgão do sistema de inteligência federal e tem como atribuição produzir informações estratégicas sobre temas sensíveis, como ameaças à democracia e às fronteiras, segurança das comunicações do governo, política externa e terrorismo. Para a PF, a agência foi instrumentalizada no governo Bolsonaro e usada para atender interesses privados do grupo político do ex-presidente.

Carlos Bolsonaro foi arrastado para o inquérito depois que a Polícia Federal encontrou mensagens trocadas entre uma assessora dele e uma auxiliar do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem sobre inquéritos sigilosos de interesse da família Bolsonaro. A assessora do vereador pede ajuda para levantar informações sobre as investigações.

O novo número 2 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Marco Cepik, afirmou nesta quarta-feira (31), que todas as descobertas feitas até agora pela Polícia Federal apontam o funcionamento de uma "Abin paralela" durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Cepik foi nomeado para o cargo de diretor adjunto do órgão após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitir Alessandro Moretti, que era ligado a Bolsonaro.

"Todos os indícios que se tem é de que havia, sim, (uma estrutura paralela na Abin)", disse Cepik em entrevista à GloboNews. "Temos que aguardar o final dos processos investigatórios nas instâncias para verificar a comprovação não apenas de que se houve, mas de quem estava ali." Para o novo diretor, o software FirstMile, que é capaz de detectar um indivíduo com base na localização de aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G, era feito para "bisbilhotar pessoas" e não era condizente com as funções da Abin.

##RECOMENDA##

Inquérito da Polícia Federal apura a suspeita de uso indevido da Abin para monitorar pessoas consideradas adversárias de Bolsonaro. Na semana passada, a PF vasculhou endereços do ex-diretor do órgão e hoje deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Na última segunda-feira, nova fase da investigação atingiu o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente.

'Captura'

Cepik disse que as instituições foram "fortemente atacadas" durante o governo Bolsonaro. Para ele, houve uma "tentativa de captura" de órgãos estratégicos na gestão anterior. Cepik ainda rechaçou a suspeita de conluio entre atuais servidores da Abin e investigados. Moretti caiu por supostamente ter dificultado as apurações da PF sobre monitoramentos ilegais.

Segundo o diretor adjunto, a Abin criou uma sindicância no ano passado, assim que as primeiras informações sobre o software espião utilizado pela agência repercutiram. "A ideia de que há um conflito entre Polícia Federal e Abin ou que há um grande conflito de pessoas dentro do governo não me parece correta. Não existe a Abin do Lula, não existe a Polícia Federal do Lula, existem as instituições republicanas voltando a funcionar", afirmou Cepik.

Perfil

Lula queria um nome técnico para a Diretoria Adjunta da Abin, e seguiu a indicação do diretor-geral do órgão, Luiz Fernando Corrêa. Cepik ocupava o cargo de diretor da Escola de Inteligência da Abin desde abril de 2023. Doutor em Ciência Política e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) desde 1995, Cepik é um dos maiores pesquisadores do País nas áreas de inteligência de Estado e governança digital.

Foram de Cepik as propostas adotadas pela transição de governo que reformularam a estrutura da Abin na atual gestão. Ele sugeriu, por exemplo, que postos de comando, então ocupados por militares, voltassem ao controle de civis. (COLABOROU JULIANO GALISI)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou, nesta quarta-feira (31), que ele e outros parlamentares oposicionistas apresentaram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), um conjunto de propostas para "reafirmar as prerrogativas do Parlamento", com a intenção de "resguardá-lo e equilibrar o processo democrático".

A reunião com Pacheco ocorre após dois deputados bolsonaristas do PL do Rio de Janeiro - Carlos Jordy e Alexandre Ramagem - serem alvo de operações da Polícia Federal, com buscas e apreensões nos gabinetes dos parlamentares na Câmara. "Não se entende uma democracia onde a inviolabilidade do mandato dos parlamentares e as suas respectivas atuações estejam em risco", disse Marinho.

##RECOMENDA##

O senador do PL não explicou quais seriam todos os itens dessa agenda. Limitou-se a dizer que o fim do foro privilegiado está na pauta e que é preciso haver a definição de uma agenda comum entre Câmara e Senado para que o assunto avance no Congresso. Para isso, afirmou que foi pedido a Pacheco que mantenha um canal de diálogo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre a tema.

Foro privilegiado

Uma das ideias em discussão é resgatar uma proposta de emenda à Constituição que extingue o foro especial por prerrogativa de função no caso de crimes comuns. Esse texto já foi aprovado em comissão especial e teria o caminho mais curto para aprovação. Outra opção seria apresentar uma nova PEC que teria a vantagem de já nascer com um texto mais adequado a esse objetivo.

Por meio dela, os crimes comuns, ou seja, não relacionados ao mandato, passariam a ser julgados, por exemplo, em tribunais regionais federais primeiro, indo para os tribunais superiores (Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal) posteriormente. A mudança permitiria alongar processos e garantir o direito de recursos efetivos aos políticos, o que não acontece quando o caso é julgado diretamente no Supremo.

Atrito

A operação da PF que cumpriu diligências em endereços de Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pré-candidato à prefeitura do Rio, levou a um embate entre Pacheco e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O dirigente afirmou que a ofensiva da PF só foi possível porque o presidente do Senado é "frouxo", ao permitir diligências no Parlamento e por não "agir" para dar seguimento a um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

Pacheco reagiu. Disse ser "difícil manter algum tipo de diálogo com quem faz da política um exercício único para ampliar e obter ganhos com o fundo eleitoral e não é capaz de organizar minimamente a oposição para aprovar sequer a limitação de decisões monocráticas do STF". O atrito expôs o clima conflagrado no Legislativo, com uma parcela significativa incomodada com o que considera interferência do Judiciário no Congresso.

Depois das ações da PF contra Jordy e Ramagem, deputados da oposição passaram a coletar assinaturas para protocolar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que dificulta a execução de operações policiais contra parlamentares no Legislativo. A PEC é de autoria do deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE).

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi outro a tecer críticas à atuação da PF. A operação que atingiu Ramagem por suspeita de espionagem ilegal na Abin sob Bolsonaro alcançou, nesta semana, o irmão do senador, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). "Fica claro que está acontecendo uma perseguição." Ele falou, ainda, em uma "PF paralela", que, segundo Flávio, age contra críticos do governo. "Estão acabando com a credibilidade da Polícia Federal."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal vasculhou endereços em cinco Estados na manhã desta quarta-feira, 31, para investigar a venda de informações pessoais de autoridades a facções do crime organizado. Os dados confidenciais de agentes públicos teriam sido acessados por meio de invasão de bancos de dados de sistemas federais.

Segundo a PF, a quadrilha montou um painel de informações que contava com ao menos dez mil 'assinantes'. A média de consultas mensais às informações pessoais roubadas era de dez milhões. Dentre os usuários, foi possível identificar até integrantes das forças de segurança.

##RECOMENDA##

Batizada 'I-Fraude', a ofensiva cumpriu mandados em São Paulo (3), Pernambuco (1), Rondônia (2), Minas (4) e Alagoas (1). A operação foi autorizada pela 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, que ainda impôs medidas cautelares alternativas à prisão aos investigados.

A investigação mira supostos crimes de invasão de dispositivo informático, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Segundo a PF, as investigações tiveram início após a identificação da invasão de banco de dados de sistemas federais, os quais continham informações pessoais de milhares de cidadãos.

A quadrilha sob suspeita vendia acesso a um painel de consulta com as informações de 'inúmeras autoridades e pessoas publicamente conhecidas'. O serviço era divulgado nas redes sociais.

Os investigadores apontam que os alvos da operação comercializavam planos de mensalidades, de acordo com o número de consultas que seriam realizadas no banco de dados.

Entre os usuários estavam integrantes de facções criminosas e membros de forças de segurança, os quais acessavam o painel gratuitamente. No entanto, em troca do acesso, o servidor precisava enviar à quadrilha uma foto de sua carteira funcional. Assim, os investigados conseguiram um cadastro com foto de milhares de servidores da segurança pública, também fornecendo esses dados na plataforma ilegal.

A PF alertou que a 'utilização e comercialização de sistemas de pesquisa ilícitos cujos insumos são dados pessoais, ilicitamente obtidos, fomenta a indústria de intrusão em bancos de dados, em especial de órgãos públicos, incentivando a ação de grupos especializados nesse tipo de crime'.

A marca brasileira de roupas íntimas Duloren usou ao próprio favor a repercussão da operação da Polícia Federal (PF) contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e elaborou uma nova campanha nas redes sociais. Uma sacola da loja apareceu em um vídeo gravado pelo parlamentar e no qual ele mostra a casa “revirada” após a presença de agentes da PF, que teriam realizado o cumprimento de um mandado de busca e apreensão horas antes, em endereços ligados ao legislador, no Rio de Janeiro. 

O assunto foi o mais buscado no Google e também um dos com maior alcance no X (antigo Twitter) na última segunda-feira (29). Em uma publicação feita em formato de carrossel no Instagram, a Duloren mostra, na primeira imagem, uma sacola da loja, filmada por Carlos Bolsonaro no quarto de um dos imóveis visitados pela polícia. Na segunda foto do post, a empresa deixa um recado para a PF: “Sabemos que era isso que vocês procuravam”. A frase é acompanhada da imagem de outra sacola da marca, repleta de calcinhas de renda, carro-chefe de vendas na empresa. 

##RECOMENDA##

Nos comentários, a estratégia de marketing da marca foi elogiada pelo bom humor e por aproveitar bem da polêmica envolvendo o filho 02 de Jair Bolsonaro (PL). “Aí sim, publi de milhões, marketing é tudo, e com os Bolsonaros não tem erro", disse uma internauta. “Que sacada! Amei o bom humor e a ousadia”, escreveu outra. 

A operação 

O vereador Carlos Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) na manhã da última segunda-feira (29). Ele é suspeito de receber materiais obtidos com a espionagem ilegal feita pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro. O mandado foi cumprido em endereços ligados ao filho do ex-presidente, como a Câmara dos Vereadores do Rio. Há suspeita de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Jair Renan também tenham sido beneficiados com relatórios produzidos pela Abin. 

 

A Polícia Federal (PF) pediu nesta terça-feira, 30, ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra dos sigilos bancário e fiscal do deputado André Janones (Avante-MG) no inquérito que investiga se ele operou um esquema de rachadinha.

Procurado pelo Estadão, ele não comentou o movimento da PF. Janones tem reiterado que a investigação do caso pelas autoridades competentes é o único caminho para provar que é inocente. Nas redes sociais, disse que já colocou as contas à disposição dos investigadores.

##RECOMENDA##

O delegado Roberto Santos Costa, que conduz a investigação, pediu para analisar as movimentações financeiras do deputado entre janeiro de 2019, quando ele assumiu o primeiro mandato na Câmara, e janeiro de 2024. O pedido também alcança seis assessores de Janones.

O delegado argumenta que não há outra alternativa para "elucidar" o caso. "Em investigações dessa natureza, em especial quando envolve a prática da 'rachadinha', em que normalmente são realizados saques e depósitos em espécie, conhecer o fluxo financeiro dos envolvidos é fundamental."

Cabe ao ministro Luiz Fux, relator do caso, decidir se autoriza ou não a devassa nas contas de Janones e de seus auxiliares.

A "rachadinha" é a prática ilegal de repasse de salários de funcionários, sobretudo em cargos comissionados, para o político ou partido que o empregou.

PF vê contradição em depoimentos de assessores e aponta indícios de rachadinha

O deputado foi arrastado para o centro de suspeitas de corrupção depois que vieram a público áudios em que ele pede doações de assessores para compensar gastos de campanha. Para a PF, a gravação já é um indício do crime de corrupção passiva. O objetivo agora é verificar se os repasses de fato aconteceram.

"As diligências concluídas até o momento sugerem a existência de um esquema de desvio de recursos públicos no gabinete do deputado", afirma a Polícia Federal no pedido enviado ao STF.

Os assessores de Janones já foram ouvidos pela PF. Eles disseram que a gravação está fora de contexto e negaram a devolução dos salários, mas a Polícia Federal viu "inconsistências" e "contradições" nos depoimentos.

"É crucial considerar que todos os assessores investigados ainda mantêm vínculos com o deputado federal André Janones, dependendo de seus cargos ou para a sua sobrevivência política ou para a sua subsistência", destacou a PF.

Alguns auxiliares relataram, por exemplo, que o deputado pediu doações para uma "caixinha espontânea" que seria usada cobrir despesas de campanha de assessores que viessem a se candidatar. Outros narraram que advogadas aconselharam Janones a abandonar a ideia.

A Polícia Federal (PF) intimou o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para prestar depoimento na investigação sobre o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele é esperado na próxima terça-feira, 6, na sede da PF em Brasília.

O Estadão entrou em contato com o general, que ainda não se manifestou sobre a intimação.

##RECOMENDA##

A Abin fez parte da estrutura administrativa do GSI enquanto Heleno esteve no cargo. A agência passou para o guarda-chuva da Casa Civil em março de 2023, já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A Abin é o principal órgão do sistema de inteligência federal e tem como atribuição produzir informações estratégicas sobre temas sensíveis, como ameaças à democracia e às fronteiras, segurança das comunicações do governo, política externa e terrorismo. Para a PF, a agência foi instrumentalizada no governo Bolsonaro e usada para atender interesses privados do grupo político do ex-presidente.

A Polícia Federal acredita que aliados de Bolsonaro infiltrados na Abin faziam parte de um grupo mais amplo responsável por uma espécie de serviço clandestino de "contrainteligência".

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) prestou depoimento por cerca de uma hora na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF), no Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (30). O parlamentar foi ouvido em uma investigação sobre uma postagem que fez no X (antigo Twitter). O depoimento não tem relação com a operação que apura um suposto esquema ilegal de espionagem montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A postagem de Carlos Bolsonaro foi feita em 27 de agosto de 2023. O depoimento atende a um pedido do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.

##RECOMENDA##

Na publicação, o filho de Bolsonaro compartilhou uma postagem do perfil "Dama de Ferro" com imagens que remetem à morte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A sátira traz as legendas: "zero busca e apreensão, zero inquérito, zero perfis bloqueados, zero reportagem em repúdio, pessoas presas: zero". Carlos compartilhou a postagem com o título: "O seu guarda diretor aqui enxerga com outros olhos". 

Carlos Bolsonaro chegou à sede da PF para prestar depoimento às 9h50 em um veículo fechado e com película nos vidros. Menos de uma hora depois, às 10h45, ele deixou o prédio na zona portuária do Rio sem falar com a imprensa.

[@#video#@]

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, se for provado o conluio com investigados da Polícia Federal, não haverá "clima" para manter Alessandro Moretti, número dois da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no órgão. Questionado se tem segurança na Abin de hoje, Lula disse que "a gente nunca está seguro".

Em entrevista à Rádio CBN Pernambuco, nesta terça-feira (30), o presidente ressaltou a confiança que tem no diretor-geral da Agência Nacional de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa. "O companheiro que indiquei para ser diretor-geral da Abin é o que foi meu diretor da Polícia Federal entre 2007 e 2010. É uma pessoa que tenho muita confiança, e por isso eu chamei, já que não conhecia ninguém dentro da Abin. E esse companheiro montou a equipe dele", disse.

##RECOMENDA##

Sem citar nominalmente Moretti, o chefe do Executivo disse que, dentro da equipe de Corrêa, "tinha um cidadão, que é o que está sendo acusado, que é o que mantinha relação com o [Alexandre] Ramagem [ex-diretor da Abin]". "Inclusive, a relação que permaneceu já durante o trabalho dele na Abin. Se isso for verdade, e isso está sendo provado, não há clima para esse cidadão continuar na Polícia", declarou.

Na semana passada, a Polícia Federal abriu uma operação que investiga espionagens ilegais na Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os agentes foram às ruas cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados, dentre eles o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Já nessa segunda-feira (29), um dos alvos foi o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho de Bolsonaro.

Também nesta segunda, o ex-presidente acusou o governo Lula e o ministro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de perseguição na investigação. Para o petista, contudo, isso é uma "grande asneira". "O governo brasileiro não manda na Polícia Federal, muito menos manda na Justiça. Ou seja, você tem um processo de investigação, você tem decisão de um ministro da Suprema Corte que mandou fazer busca e apreensão sob suspeita de utilização com má fé pela Abin, dos quais o delegado que era responsável era ligado à família Bolsonaro e a Polícia Federal foi cumprir um mandato da Justiça", declarou.

"Não vejo nenhum problema anormal se é uma decisão judicial", acrescentou o presidente. Na fala, Lula disse que "quem não deve, não teme" e acusou Bolsonaro de tentar intervir na Polícia Federal durante seu mandato. "O cidadão que está acusando, ele foi presidente da República, ele lidou com a Polícia Federal, ele tentou mandar na Polícia Federal, ele tentava trocar superintendente a bel prazer, sem nenhum respeito ao que pensava o próprio diretor-geral da Polícia Federal e o ministro da Justiça."

"Eu acho que tem que funcionar as coisas de acordo com os interesses da instituição, a Polícia Federal é uma instituição muito importante para o Brasil, é chamada a polícia da inteligência, do combate ao crime organizado, à lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, nossas fronteiras. Então, eu tenho profundo respeito, sempre tive respeito, e acho que a Polícia Federal exorbitar em fazer pirotecnias, todo mundo sabe o que eu penso, tanto Polícia Federal quanto o Ministério Público, quer investigar, investigue, mas não faça show pirotécnico, não fique divulgando nome das pessoas antes de ter prova concreta contra as pessoas", disse.

Na entrevista, Lula também defendeu que os acusados tenham o direito à presunção de inocência, "que eu não tive". "Antes de fazer simplesmente a condenação a priori, é importante que a gente investigue corretamente, que a gente apure, que garanta o direito de defesa", afirmou.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) negou nesta segunda-feira, 29, que Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro, e os outros filhos políticos, tenham pedido informações para Alexandre Ramagem (PL), ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Em entrevista à CNN Brasil, o ex-chefe do Executivo disse que não recebeu qualquer informação ou relatório da agência e falou em "perseguição claríssima" contra ele e os filhos.

"Jamais meu filho pediria algo que não é legal para o Ramagem", afirmou o ex-presidente.

##RECOMENDA##

Ele disse ainda que nunca buscou informações "de quem quer que seja". "Eu gostaria de saber o que foi informado pelo Ramagem de volta. Obviamente, nos órgãos do governo, é comum as pessoas fazerem questionamentos. O que foi perguntado? Se é o andamento de um processo, não tem problema nenhum. Se é interferência, é outra questão. O que foi informado pelo delegado Ramagem? O que estava sendo investigado nesse processo, parece que é de 2020 essa mensagem? Que processo é esse? O que estava sendo investigado? Eu nunca busquei colher dados de quem quer que seja para me defender", comentou.

Mensagens enviadas por uma assessora de Carlos Bolsonaro o colocaram no centro da investigação da PF sobre o esquema de espionagem ilegal que teria sido montado na Abin durante o governo Bolsonaro. Luciana Almeida pediu a uma assessora de Ramagem, na época diretor da Abin, informações sobre dois inquéritos de interesse da família Bolsonaro.

"Estou precisando muito de uma ajuda", escreve Luciana à auxiliar de Ramagem ao informar o número das investigações e indicar que elas envolveriam o "PR (presidente da República) e 3 filhos".

Segundo a PF, o filho do ex-presidente e o então diretor da Abin conversavam por meio das assessoras para evitar deixar "vestígios". Carlos ainda não se manifestou sobre a investigação.

O ex-presidente negou que tenha recebido "qualquer informação ou relatório da agência de inteligência". "Eu raramente tinha contato com a Abin. Nunca recebi informação, localização geográfica, de quem quer que seja. Nunca precisei disso. Não pedi e não tive qualquer relatório da Abin", afirmou.

Ao pedir autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer buscas em endereços ligados ao vereador carioca, a PF afirmou que ele fez parte do "núcleo político" do grupo que teria se instalado na Abin no governo do ex-presidente. A polícia chama os investigados de "organização criminosa" e vê indícios de espionagem ilegal e aparelhamento dos sistemas de inteligência.

Para a PF, as mensagens entre a assessora de Carlos Bolsonaro e a auxiliar de Ramagem confirmam que aliados de Bolsonaro tinham acesso direito ao ex-diretor da Abin e usavam o canal para conseguir informações sigilosas e sobre "ações não totalmente esclarecidas".

A Polícia Federal acredita que o aparato da Abin tenha sido usado para monitorar políticos de oposição ao governo do ex-presidente e para auxiliar a defesa de filhos de Bolsonaro em investigações criminais. A agência também teria sido usada para atacar as urnas e para tentar associar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Sem plano B para eleição do Rio

Como mostrou o Estadão, sem um plano B para a disputa à Prefeitura do Rio de Janeiro, o PL aguarda os desdobramentos da operação da Polícia Federal contra o deputado federal e ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem para avaliar os impactos na corrida eleitoral municipal na capital fluminense.

A operação representa um novo desgaste para a pré-candidatura de Ramagem, mas não tem forças para lhe tirar da corrida, avaliam líderes da legenda e até mesmo opositores.

Na entrevista desta segunda-feira, Bolsonaro reafirmou a intenção de apoiar Ramagem na disputa municipal. "O Ramagem, no que depender de mim, é o nosso candidato a prefeito. Está indo muito bem. É uma pessoa competente e responsável", disse.

Homem de confiança do clã Bolsonaro, Ramagem foi escolhido para suceder ao ex-ministro Walter Braga Netto (Casa Civil) e ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na indicação do diretório carioca na disputa contra o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), que tentará a reeleição.

A Polícia Federal (PF) identificou a existência de um "núcleo político" da organização criminosa responsável pela espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, faria parte desse núcleo, de acordo com a investigação.

Na manhã desta segunda-feira, 29, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao filho do ex-presidente.

##RECOMENDA##

A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro retirou o sigilo da decisão no período da tarde.

Pedido de ajuda de assessora

De acordo com o despacho de Moraes, o que colocou Carlos Bolsonaro no centro da investigação foram mensagens identificadas pela PF com um pedido de ajuda realizado pela assessora do vereador a uma assessora do delegado Alexandre Ramagem, então diretor-geral da Abin.

Os assessores envolvidos também foram alvos da operação da PF.

"Os elementos de prova colhidos até o momento indicam, de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na Abin também se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras", diz Moraes no despacho.

O objetivo da espionagem ilegal seria obter ganhos políticos ao "criar narrativas" para envolver autoridades da oposição, jornalistas e políticos, além de fiscalizar o andamento de investigações de aliados, de acordo com a PF.

Ramagem, que hoje é deputado federal (PL-RJ), já foi alvo de busca e apreensão pela PF na última quinta-feira, 25. Ele foi nomeado diretor-geral da Abin em 2019 por Bolsonaro e deixou o cargo em março de 2022.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) afirmou na tarde desta segunda-feira, 29, que a ordem judicial que autorizou a operação da Polícia Federal (PF) contra o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) é "ilegal" e "imoral".

Segundo o parlamentar, o mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é "genérico" e visava atingir todos os membros do clã Bolsonaro que estavam na casa de férias da família em Angra dos Reis, no litoral sul fluminense.

##RECOMENDA##

Pelo X, Eduardo diz que o mandado foi assinado por Moraes nesta segunda, pouco antes da operação, e que o objetivo seria atingir, além de Carlos Bolsonaro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os irmãos do vereador carioca.

"O mandado de apreensão era datado de hoje, 29/JAN. Ou seja, durante o recesso, logo após a super live que pela 1º vez reuniu Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e eu, Alexandre de Moraes escreveu os mandados. Tudo confeccionado entre meia-noite e 06:00h de hoje. Ao que tudo indica, para que todos fossem objeto de busca com base em investigação direcionado ao Carlos", afirmou. A publicação foi compartilhada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na rede social. Carlos ainda não se pronunciou.

Eduardo afirmou que os agentes cogitaram apreender o celular dele, do pai e de Flávio Bolsonaro, que não são alvos da operação.

"Esse estado de coisas não pode permanecer, não pode uma ordem judicial ter uma ampliação dessa forma. Isso é ato ilegal, além de imoral", afirmou.

Carlos Bolsonaro está em Angra dos Reis com o pai e dois irmãos. O clã promoveu uma live neste domingo, 28, para lançar um programa de formação para candidatos a vereador e reforçar a polarização com o PT nas eleições municipais deste ano.

A operação é um desdobramento da Operação Vigilância Aproximada, que vasculhou 21 endereços no último dia 25. O principal alvo da ofensiva foi o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão Bolsonaro e hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A investigação se debruça sobre a suspeita de que a Abin teria sido usada ilegalmente para atender a interesses políticos e pessoais do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua família.

A Operação Vigilância aproximada, por sua vez, é uma continuação da Operação Última Milha, que, em outubro de 2023, chegou a prender servidores da Abin que usaram indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção. À época, o Estadão mostrou como a ofensiva ligou um sinal de alerta para o vereador Carlos Bolsonaro, que hoje é alvo de buscas.

O advogado do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, Fabio Wajgarten, afirmou nesta segunda-feira, 29, que Bolsonaro e os filhos, que estavam em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, teriam saído para pescar antes mesmo da notícia de busca e apreensão da Polícia Federal na investigação sobre a "Abin paralela". "O presidente Jair Bolsonaro saiu para pescar as 5:00 [da manhã] com filhos e amigos bem antes de qualquer notícia", escreveu Wajgarten em uma rede social.

Ele diz que "não foi encontrado nenhum computador de quem quer que seja na residência ou gabinete do vereador Carlos Bolsonaro".

##RECOMENDA##

Após rebater o que havia sido veiculado, no mesmo post, o advogado critica dizendo que "a responsabilidade com a apuração e com a notícia faz parte do Jornalismo dito profissional".

Na manhã desta segunda-feira, foi deflagrada uma nova operação da PF que investiga a "Abin paralela" - suposta espionagem ilegal na Abin - no governo de Bolsonaro.

Um dos alvos é o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), conforme o blog da Andreia Sadi, no G1.

A informação foi confirmada pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Uma publicação da Secretaria de Comunicação (Secom) nas redes do Governo Federal, nesta segunda-feira (29), tem chamado a atenção de internautas pelo possível duplo sentido. A postagem alerta a população para a campanha nacional de combate à dengue, doença que acumula mais de 120 mil casos prováveis no país, apenas em 2024. Acompanhando o texto, há uma imagem de uma mão batendo à porta e a legenda “toc, toc, toc”. 

Na web, usuários repercutiram que o perfil oficial de comunicação do governo pode ter alfinetado o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), alvo de operação da Polícia Federal (PF), também nesta segunda. O tuíte da Secom aconteceu minutos depois de dezenas de manchetes repercutirem a suposta apreensão de um notebook da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em um endereço de Carlos

##RECOMENDA##

Na legenda, a secretaria escreveu que “quando os agentes comunitários de saúde baterem à sua porta, não tenha medo, apenas receba-os". No momento em que a PF cumpria os mandados de busca e apreensão, nesta segunda-feira (29), em Angra dos Reis, Carlos foi fazer um passeio de lancha junto aos irmãos, Flávio e Eduardo, e também junto ao pai, Jair Bolsonaro (PL). A PF encontrou a casa vazia. Os mandados foram expedidos para as localidades do Rio, Angra, Salvador (BA), Brasília (DF) e Formosa (GO). 

No ato desta publicação, o post do Governo Federal já possuía mais de 12 mil curtidas, quase mil respostas e quatro mil republicações. Os memes tomaram conta das respostas no X (antigo Twitter), alegando o suposto “deboche” da Secom; enquanto outros teceram críticas ao mau uso da plataforma oficial. A rede social do governo é um instrumento da administração pública e deve seguir, por lei, o princípio da impessoalidade. 

A PF investiga a participação de Carlos e outros políticos na chamada “Abin paralela”, gabinete paralelo criado na estrutura da Abin, com o intuito de espionar e obter dados de opositores políticos. Segundo a PF, Carlos seria a principal pessoa da família a receber, ilegalmente, informações do grupo. 

LeiaJá também: 'Pacheco quer os nomes de monitorados pela 'Abin paralela''

“Toc, toc, toc” 

A brincadeira com o “toc, toc, toc” surgiu a partir de um discurso da jornalista e ex-deputada federal Joice Hasselmann, ex-aliada do Clã Bolsonaro, em 2022. À época, ela reproduziu, na tribuna da Câmara, como imaginava que seria a chegada dos agentes ao endereço de Jair Bolsonaro, sob possibilidade de investigação. O vídeo já ressurgiu outras vezes, como durante a investigação da PF contra Carla Zambelli (PL-SP), no ano passado. 

Nesta segunda-feira (29), após a repercussão da nova investigação contra Carlos, Joice recriou o meme, com uma taça na mão e fazendo um brinde ao antigo aliado. “Para você, Carluxo. Com todo carinho, Joice”, escreveu a ex-parlamentar.  

Confira, abaixo, o tuíte da Secom, a publicação de Joice e a repercussão 

[@#video#@] 

[@#podcast#@] 

 

A família Bolsonaro deixou a casa na praia da Mambucaba, em Angra dos Reis, na manhã desta segunda (29), antes da chegada da Polícia Federal (PF). Os agentes cumpriam uma ordem de busca e apreensão contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). O filho do ex-presidente teria se beneficiado com informações colhidas de forma ilegal pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra adversários políticos da família.

Bolsonaro e os filhos Carlos, Flávio e Eduardo não estavam em casa quando os agentes chegaram. Conforme apurado pela jornalista Mônica Bérgamo, eles teriam deixado a casa por volta das 5h para pescar.

##RECOMENDA##

Além da casa em Angra dos Reis, foram cumpridas ordens judiciais em uma residência no Rio ligada a Carlos e em seu gabinete do vereador na Câmara Municipal.

LeiaJá também: Ramagem é investigado por espionar autoridades e ministros

Após identificar que o ex-diretor da Abin, o deputado Alexandre Ramagem (PL), teria usado a ferramenta espiã de geolocalização "First Mile" de forma criminosa, a PF começa a investigar o núcleo político do esquema. Carlos teria virado alvo das investigações depois que celulares e computadores de Ramagem foram apreendidos.

Seu irmão mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL) também teria se beneficiado com informações contra auditores da Receita Federal para se livrar da investigação do caso das "rachadinhas" em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Ele nega.

LeiaJá também: Pacheco quer os nomes de monitorados pela 'Abin paralela'

Já o irmão mais novo, Jair Renan, teria sido ajudado pela Abin com informações privilegiadas durante a investigação da PF sobre os contratos do governo federal com empresas em seu nome. A defesa apontou que Renan não tem nada a esconder.

Na live desse domingo (28), Jair Bolsonaro negou ter aparelhado a Abin e classificou a investigação como uma "narrativa". "Eu não tenho inteligência da Abin, da PF, da Marinha, do Exército. Uma vez fui no centro de inteligência do Exército, o pessoal fez uma demonstração. 'E aí, não chega nada para mim, só fica com vocês aqui?'", disse o ex-presidente.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse, nesta segunda-feira (29), que encaminhará um ofício ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a lista de nomes de deputados federais e senadores que possam ter sido monitorados "clandestinamente" pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin)."

"Encaminharei ao Supremo Tribunal Federal ofício solicitando os possíveis nomes de parlamentares clandestinamente monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência, dada a gravidade que um fato dessa natureza representa", afirmou.

##RECOMENDA##

A Polícia Federal investiga se existia uma espécie de "Abin paralela" durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa estrutura serviria, segundo a apuração, para monitorar ilegalmente autoridades e adversários políticos do núcleo bolsonarista.

Na semana passada, o ex-diretor da Abin e atual deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ), foi alvo de busca e apreensão por causa da investigação. A pressão de Pacheco acontece no dia em que a PF cumpre novos mandados de busca e apreensão, um deles contra o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Também acontece poucos dias depois de o presidente do Senado protagonizar uma discussão pública com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que cobrou dele uma postura mais firme em relação às operações da PF contra parlamentares. Valdemar chegou a chamar Pacheco de "frouxo". O presidente do Senado respondeu de forma enfática, dizendo ser "difícil manter algum tipo de diálogo com quem faz da política um exercício único para ampliar e obter ganhos com o fundo eleitoral".

Citado em delação premiada no caso Marielle Franco, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão ganhou o direito de tirar 360 dias de férias em dinheiro, referentes aos anos de 2017 a 2022, período em que ele esteve afastado da Corte após ser acusado de fraude e corrupção. O benefício foi concedido em sessão do Conselho Superior de Administração do TCE-RJ no último dia 24.

Brazão foi citado em delação premiada de Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes em 2018. O acordo de colaboração, que ainda precisa ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi revelado o colunista Lauro Jardim, de O Globo. Segundo o site The Intercept Brasil, Brazão foi apontado por Lessa como o autor intelectual do crime. O conselheiro nega qualquer participação e disse que não teve acesso às investigações.

##RECOMENDA##

Quinto do Ouro

Além de Brazão, o TCE-RJ também concedeu o direito de tirar 360 dias de férias ao conselheiro José Maurício Nolasco. Acusados de fraude e corrupção, Brazão e Nolasco chegaram a ser afastados de suas funções no Tribunal e foram presos temporariamente em 2017. Ambos foram alvo da Operação Quinto do Ouro, que foi um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio.

De acordo com a investigação, Nolasco, Brazão e outros três conselheiros teriam organizado um esquema que desviava valores de contratos com órgãos públicos para agentes da administração fluminense.

Nolasco retornou para a Corte estadual em 2021 por decisão do Supremo Tribunal Federal, enquanto a volta de Brazão se deu em março do ano passado, após decisão do Tribunal de Justiça do Rio. Durante o período em que ficaram afastados, os conselheiros tiveram direito ao salário, mas não desfrutaram das férias.

Na terça-feira, o TCE decidiu que Nolasco e Brazão possuem direito às férias passadas e que podem converter o benefício em dinheiro ou tirar os 360 dias de folga. Procurada pelo Estadão, a assessoria da Corte não informou se os conselheiros optaram pelo acréscimo no salário ou pelo período de descanso. Os valores a serem recebidos pelos dois serão divulgados após a escolha dos magistrados.

Caso optem pelo dinheiro, os conselheiros terão um terço do abono de férias acrescido à remuneração básica. Em dezembro do ano passado, o salário bruto de Brazão foi de R$ 52,6 mil. No mesmo mês, Nolasco recebeu R$ 48,3 mil.

Até a publicação deste texto, a reportagem do Estadão procurou Brazão, mas não obteve retorno, enquanto Nolasco não foi localizado. O espaço permanece aberto para manifestações.

Ao O Globo, o conselheiro disse que o dinheiro das férias é um direito dele e que não sabe quanto vai receber. Segundo Brazão, o tempo em que ficou distante das atividades no TCE-RJ produziu um "intenso" sofrimento para ele e para a sua família. "Se tenho direito, eu quero. Faço questão. Não abro mão dos meus direitos, mesmo que eu não precise desse dinheiro. Quero o que a lei manda, nada mais do que isso", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) na manhã desta segunda (29). Ele é suspeito de receber materiais obtidos com a espionagem ilegal feita pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro.

O mandado foi cumprido em endereços ligados ao filho do ex-presidente, como a Câmara dos Vereadores do Rio. Há suspeita de que Flávio Bolsonaro e Jair Renan também tenham sido beneficiados com relatórios produzidos pela Abin.

##RECOMENDA##

Na quinta (25), a PF deflagrou a operação em cumprimento de ordens judiciais contra o amigo da família Bolsonaro e ex-diretor da Abin, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL).

Segundo a PF, quatro computadores, seis celulares e 20 pendrives foram apreendidos com Ramagem. Um notebook e um celular seriam da Abin, que não teriam sido devolvidos após a saída do ex-diretor.

LeiaJá também: Abin defende apuração rigorosa da PF sobre Ramagem

Ex-chefe de segurança de Jair Bolsonaro na campanha à Presidência, Ramagem se tornou amigo pessoal do ex-presidente e é o atual pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro.

A investigação apura o uso indevido do software First Mile, usado para a geolocalização de celulares em tempo real. Os sistemas da agência de inteligência teriam sido usados para monitorar ilegalmente adversários políticos de Jair Bolsonaro, como ministros do Supremo Tribunal Federal e o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Os passos da promotora de Justiça do caso da ex-vereadora Marielle Franco também seriam acompanhados. 

A conduta do alto escalão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em meio às diligências da Operação Vigilância Aproximada, que apura suposto monitoramento ilegal para atender a interesses do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, também é alvo de investigação da Polícia Federal. A cúpula da Agência convocou uma reunião extraordinária enquanto a PF saia às ruas no dia 25 - e agora os investigadores ouvem servidores para identificar o teor do encontro.

Três funcionários da Abin foram convocados para depor sobre o episódio. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada pelo Estadão. A averiguação da PF sobre a reunião interna se dá no bojo do braço da investigação sobre suposto 'conluio' entre a atual gestão do órgão e servidores que já estavam na mira da PF.

##RECOMENDA##

A reunião sob suspeita ocorreu no final da manhã da quinta-feira, 25, antes de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, levantar o sigilo da decisão que mobilizou agentes da PF para cumprirem 21 mandados de busca e apreensão. O principal alvo da ofensiva foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a agência na gestão Bolsonaro e hoje é pré-candidato à prefeitura do Rio com o apoio do ex-chefe do Executivo.

A linha investigativa que tem a cúpula da Abin na mira apura se, a pretexto de proteger informações "sensíveis", a agência estaria dificultando acesso a dados necessários ao avanço da investigação. Como mostrou o Estadão, a PF entende que a cúpula da agência estaria preocupada, na verdade, com a exposição da espionagem clandestina de autoridades.

"A preocupação de 'exposição de documento' para segurança das operações de 'inteligência', em verdade, é o temor da progressão das investigações com a exposição das verdadeiras ações praticadas na estrutura paralela, anteriormente, existente na Abin", diz um trecho do relatório da PF que culminou na Operação Vigilância Aproximada.

A PF crava que a conduta prejudicou a investigação. "A direção atual da Abin realizou ações que interferiram no bom andamento da investigação sem, contudo, ter sido possível identificar o intento das ações."

Luiz Fernando Corrêa, atual chefe da Abin, responsável por convocar a reunião no dia 25, ainda teria estado presente, segundo a PF, na reunião em que o ex-diretor da agência e sucessor de Ramagem, Alessandro Moretti, afirmou que a investigação tinha "fundo político e iria passar".

A PF ouviu dos investigados que a direção atual da Abin teria se comprometido a "construir uma estratégia em conjunto" e "convencer o pessoal que há apoio lá de cima".

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando