Dossiê: número de vítimas de estupro aumentou no Rio

Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ) revelam 4.173 casos de estupro em 2017, contra 4.073 no ano anterior. Os números estão na 13ª edição do Dossiê Mulher, divulgado nesta sexta (4)

por Mellyna Reis sex, 04/05/2018 - 16:47
Rovena Rosa/agência Brasil/arquivo Do total de casos, 2.855 foram praticados em residências. Maioria dos agressores são próximos das vítimas Rovena Rosa/agência Brasil/arquivo

RIO DE JANEIRO - Mais de quatro mil mulheres foram vítimas de estupro em todo o estado em 2017. O índice é um dos dados alarmantes revelados pela 13ª edição do Dossiê Mulher, divulgado nesta sexta-feira (4) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). No levantamento foram contabilizados os principais crimes relacionados à violência de gênero.

O documento - baseado em registros da Polícia Civil - mostra que os casos de estupro aumentaram de 4.073, em 2016, para 4.173 no ano passado, equivalente a uma taxa de 47,7 vítimas a cada 100 mil mulheres. Outro dado que chama atenção é que a maioria dos crimes ocorreram em residências: 2.855.

De acordo com os dados, nos últimos cinco anos o estado do Rio de Janeiro somou 21.910 mulheres vítimas de estupro, sendo que parte significativa dessas eram meninas de até 14 anos de idade, cujos casos foram qualificados como estupro de vulnerável. Com relação ao ano passado, verifica-se que 2.779 vítimas (66,6%) tinham até 17 anos; 576 (13,8%) eram meninas de 0 a 5 anos de idade e 986 (23,6%) tinham entre 6 e 11 anos.

Pela distribuição territorial, a capital concentra 32,4% das ocorrências, pouco abaixo dos interior onde foram registrados 32,7%. No entanto, a cidade do Rio possui uma concentração maior de habitantes, com mais de 6 milhões. Na Baixada Fluminense, os casos chegaram 26,1% e a Grande Niterói 8,8%. 

Tabela sobre estupros publicada no Dossiê Mulher 2018Sobre o perfil das vítimas, o dossiê aponta que mais da metade são mulheres negras (15,2%) e pardas (41%), enquanto 37% são brancas. Sobre os agressores, a pesquisa ressalta que a maioria dos crimes são cometidos por pessoas com algum grau de intimidade ou proximidade com a vítima, como companheiros e ex-companheiros, familiares, amigos, conhecidos ou vizinhos.

Realizado em parceria com a Defensoria Pública do Rio, o trabalho também mostra que as mulheres continuam sendo as principais vítimas dos crimes de estupro (84,7%),  ameaça (67,6%), lesão corporal dolosa (65,5%), assédio sexual (97,7%) e importunação ofensiva ao pudor (92,1%). 

Nesta edição do dossiê foram analisados casos de homicídio doloso, feminicídio, tentativa de homicídio, tentativa de feminicídio, lesão corporal dolosa, ameaça, estupro, tentativa de estupro, assédio sexual, importunação ofensiva ao pudor, ato obsceno, dano, violação de domicílio, supressão de documento, constrangimento ilegal, calúnia, difamação, injúria e medidas protetivas de urgência. 

"Por meio da análise desses delitos, buscamos construir um panorama mais amplo da violência contra a mulher, observada em suas cinco formas: física, sexual, patrimonial, moral e psicológica", explicou a major Claudia Moraes, uma das organizadoras do material. Para conferir a íntegra do Dossiê Mulher 2018, clique aqui

COMENTÁRIOS dos leitores