Inverno pode aumentar risco de morte por AVC, diz estudo
Temperaturas abaixo de 15 ºC são mais perigosas para mortalidade de mulheres e idosos
O risco de morte por acidente vascular cerebral (AVC) pode ser maior no inverno e atingir mais as mulheres e os idosos acima de 65 anos, conforme aponta o estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Católica de Santos (Unisantos), com o auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
No Brasil, doenças crônicas são responsáveis pela maior parte das mortes entre homens e mulheres, sendo o AVC a principal causa de morte, com 10% de todos os casos. No período em que o estudo foi realizado, a geógrafa Priscila Venâncio Ikefuti revelou a ocorrência de 55.633 mortes em decorrência da doença na capital paulista.
Para o desenvolvimento do estudo, os pesquisadores fizeram a coleta diária das partículas do ar nas 14 estações de mediação de poluentes da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) espalhadas pela cidade. Os resultados concluíram que temperaturas abaixo de 15 ºC são estatisticamente mais perigosas para mortalidade por AVC.
Para a geógrafa, no começo do estudo a equipe imaginava que a variabilidade acentuada de temperaturas (tanto para o frio quanto para o calor) apresentaria resultados semelhantes para a ocorrência de mortes em decorrência da doença. “Não foi o que ocorreu. No caso do AVC hemorrágico, o frio é um fator muito mais importante, especialmente para as mulheres”, aponta.
O acidente também é mais comum entre os idosos devido à diminuição do metabolismo na terceira idade. Em resposta a mudanças nas temperaturas, as pessoas mais velhas têm menor capacidade de manter a homeostase, ou seja, de regular o metabolismo de modo a manter constantes as condições fisiológicas necessárias à vida.
“Nosso estudo contribui para a compreensão do impacto da temperatura sobre a mortalidade por AVC em um país tropical, onde a temperatura não seria, supostamente, um fator de preocupação para risco de AVC. O trabalho comprovou que, pelo menos na cidade de São Paulo, este não é o caso”, finaliza o médico Alfésio Luís Ferreira Braga, professor da Unisantos.