EUA reafirma permanência no Iraque
Trump declarou que retirar as tropas neste momento seria "o pior" para o Iraque, após o Parlamento em Bagdá exigir a saída das forças estrangeiras
Os Estados Unidos reafirmaram nesta terça-feira que não há alteração em sua política em relação ao Iraque, e que manterão suas tropas naquele país, para defender seus interesses e impedir o ressurgimento do grupo Estado Islâmico.
O presidente Donald Trump declarou que retirar as tropas neste momento seria "o pior" para o Iraque, após o Parlamento em Bagdá exigir a saída das forças estrangeiras.
"É o pior que poderia acontecer ao Iraque", declarou Trump no Salão Oval, onde recebeu a visita do primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.
"Queremos sair em algum momento, mas esta não é a ocasião correta", disse Trump, destacando o risco que representa a vizinha República Islâmica do Irã.
Parlamentares iraquianos exigiram do governo a expulsão dos 5.200 militares americanos estacionados no Iraque após o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani e do líder militar iraquiano Abu Mehdi Al Muhandis.
O secretário americano da Defesa, Mark Esper, já havia afirmado nesta terça que os Estados Unidos não retirariam suas tropas do Iraque, e negado a existência de uma carta anunciando a saída.
"Nossa política não mudou. Nós não estamos saindo do Iraque", disse Esper a jornalistas.
"Não há carta assinada que eu saiba", acrescentou Esper, afirmando que o comandante da Guarda Revolucionária iraniana, general Qassem Soleimani, planejava lançar um ataque em breve.
Mais cedo, o premiê iraquiano, Adel Abdel Mahdi, disse ter recebido cópias de uma carta "assinada", "traduzida" e "muito clara" do comando americano anunciando uma retirada militar do Iraque.
"Não é uma folha que caiu da fotocopiadora [...] Agora, eles dizem que foi um rascunho [...], mas poderiam ter enviado outra carta de esclarecimento", disse o chefe de governo durante o Conselho de Ministros, transmitido pela televisão estatal.
Sobre o documento, na véspera, o chefe do Estado-maior americano afirmou que a carta em questão era um simples "rascunho não assinado" transmitido por "erro".
"Era uma carta oficial com o formato de página tradicional", insistiu Abdel Mahdi.
Além disso, acrescentou que primeiro enviaram uma versão traduzida para o árabe, que continha erros, e depois transmitiram uma segunda versão corrigida.
A carta se referia a uma votação realizada no Parlamento iraquiano, no domingo, para exigir que o governo expulsasse tropas estrangeiras do Iraque.
A decisão do Parlamento iraquiano foi uma reação ao assassinato do general Soleimani, arquiteto da estratégia do Irã no Oriente Médio.
Segundo o secretário de Defesa americano, os Estados Unidos reorganizarão suas tropas, mas não abandonarão o país. "Não foi tomada uma decisão de deixar o Iraque. Ponto", disse o chefe do Pentágono à imprensa.
A carta em questão menciona uma reorganização "das forças para [...] garantir que a retirada do Iraque seja realizada com segurança e eficácia", e avisava que seriam realizados mais voos noturnos de helicóptero para esse objetivo.
Na noite de terça-feira, pelo quarto dia consecutivo, voos de helicóptero à baixa altitude foram registrados no centro da capital iraquiana, onde está localizada a Zona Verde, que abriga, entre outras instituições, a embaixada dos Estados Unidos.