OMS: faltam seis milhões de enfermeiros no mundo

Segundo a OMS, as maiores lacunas estão nos países mais pobres da África, sudeste da Ásia, Oriente Médio e partes da América do Sul

seg, 06/04/2020 - 20:37
Roni Lehti Enfermeira com trajes de proteção coleta amostra de sangue de um paciente suspeito de infecção pelo novo coronavírus no hospital da universidade Turku, Finlândia, 3 de abril de 2020 Roni Lehti

Faltam seis milhões de enfermeiros no mundo, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS), pedindo medidas urgentes para aliviar esse déficit em meio à pandemia de coronavírus.

Um estudo da agência de saúde da ONU Nursing Now, e do Conselho Internacional de Enfermeiras (ICN) destaca a importância destes profissionais, principalmente do sexo feminino, que representam mais da metade das equipes de saúde no mundo.

"As enfermeiras são a espinha dorsal de qualquer sistema de saúde", afirma o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

De acordo com o relatório, existem pouco menos de 28 milhões de enfermeiros.

Segundo a OMS, as maiores lacunas estão nos países mais pobres da África, sudeste da Ásia, Oriente Médio e partes da América do Sul.

O documento pede aos governos que priorizem investimentos em educação, emprego e gestão no setor.

Howard Catton, diretor executivo do ICN, disse que as taxas de infecção e de mortalidade "são mais altas onde há poucas enfermeiras".

Também afirmou que "a escassez esgota os profissionais que estão na ativa".

Mary Watkins, copresidente do estudo, pede um investimento urgente em testes de coronavírus para equipes de saúde.

Segundo ela, muitos não vão trabalhar porque temem ter sido infectados ou foram contagiados.

Catton afirmou que 23 enfermeiras morreram na Itália e citou números que sugerem as mortes de 100 profissionais de saúde em todo o mundo.

Ele mencionou relatos sobre o contágio de 9% destes profissionais na Itália e até 14% na Espanha".

Mas celebrou o crescente reconhecimento deste trabalho em alguns países, o que pode valorizar a profissão.

Watkins destacou que países ricos não formam enfermeiros suficientes e dependem da migração, aumentando a escassez nos mais pobres.

Para especialistas, mais profissionais do sexo masculino precisam ser recrutados.

"Há evidências de que, onde há mais homens em uma profissão, os salários e as condições melhoram", disse Watkins.

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