IPT reprova sete marcas de álcool em gel
Análises feitas pelo instituto mostram que os produtos não são eficazes para destruir o coronavírus
Com o advento da pandemia do novo Coronavírus, os frascos de álcool em gel passaram a fazer parte do dia-a-dia da população em todo o planeta. O produto, utilizado na assepsia das mãos, é tido como eficiente na eliminação do causador da Covid-19. No entanto, testes aleatórios realizados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo mostram que, das marcas escolhidas pelo órgão para análise, ao menos sete não produzem higienizadores com a quantidade necessária de substâncias que desativam o vírus.
Embora não seja atribuição do IPT fiscalizar a qualidade dos produtos, o órgão realizou os testes para validar um novo método de análise desenvolvida pelo próprio instituto. Os pesquisadores reuniram algumas marcas que mostravam nos frascos a composição do álcool em gel 70%.
De acordo com João Paulo Amorim de Lacerda, do Laboratório de Análises Químicas do IPT, o estudo compara soluções de etanol para observar os compostos e avaliar os resultados.
“A análise é feita por comparação com uma solução de concentração conhecida de etanol. A cromatografia gasosa, técnica analítica utilizada no trabalho, consegue separar os componentes do material e, por comparação com a solução de referência, é possível verificar a presença e a quantidade de etanol no produto”, explica Lacerda.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os produtos fabricados com menos de 50% de etanol não desativam vírus e são apenas recomendados para limpeza de superfícies. Já o álcool em gel deve ser fabricado com 70% do composto químico.
De acordo com os estudiosos, em percentuais acima dos 70% o produto evapora com mais facilidade e por isso pode não ser eficiente na assepsia completa das mãos. No entanto, Lacerda destaca a importância no uso do alcoólico apenas quando não houver água e sabão acessíveis.
“O mais indicado para higienização das mãos é água e sabão. O álcool em gel é recomendado em situações onde não é possível lavar as mãos, como no uso de transporte público”, enfatiza o especialista.
A partir da falta do álcool em gel 70% nas prateleiras dos varejistas no início da pandemia, algumas empresas passaram a fabricar o produto por conta própria e de maneira irregular. As ações, inclusive, foram alvos de trabalhos investigativos por parte da Polícia Civil em vários estados brasileiros.
Para Lacerda, a população deve atentar-se a informações contidas no rótulo de cada produto. “A recomendação é procurar por marcas que já eram conhecidas pela produção de álcool em gel ou sanitizantes antes da pandemia. A verificação de informações como CNPJ do fabricante, nome e registro profissional do responsável técnico e número de registro na Anvisa, confere uma seriedade à empresa e aumenta a confiabilidade do produto”, complementa o pesquisador.
Ainda segundo o IPT, a Anvisa e órgãos como o Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), não é recomendável adquirir álcool em gel por meio de vendedores ambulantes, camelôs ou caminhões revendedores de produtos de limpeza. As instituições sugerem a compra do produto em farmácias, drogarias ou na rede supermercadista.