Gêmeas e médicos que furaram fila em Manaus são exonerados

Pela influência econômica e política, o grupo de demitidos havia sido contratado dias antes do início da campanha de imunização contra a Covid-19 no município

por Victor Gouveia sab, 13/02/2021 - 13:42
Reprodução/Instagram As gêmeas Lins são filhas do dono de uma rede de hospitais e universidades particulares Reprodução/Instagram

A Prefeitura de Manaus exonerou sete dos 10 médicos apontados na investigação do Ministério Público do Amazonas (MP-AM) como 'furões' da fila de vacinação contra a Covid-19. As gêmeas Isabelle e Gabrielle Kirk Maddy Lins ainda chegaram a tomar a segunda dose, antes de serem inclusas na despensa oficializada nessa sexta-feira (12).

A família das médicas detém grande influência por ser proprietária de hospitais e universidades do município. Ambas receberam a primeira dose no dia 19 de janeiro, no mesmo dia em que uma foi contratada, enquanto a outra havia sido efetivada um dia antes.

Além da dupla, o filho do suplente do deputado estadual Wanderley Dallas, David Louis Dallas, foi investigado após a denúncia, pois todos os profissionais haviam sido contratados pouco tempo antes do início da campanha.

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Diante da polêmica, o prefeito David Almeida (Avante), chegou a dizer que as acusações de irregularidade tratavam-se de fake news e chamou os médicos ‘furões’ de heróis. Já a secretária de Saúde, Shádia Fraxe, explicou que a contratação visava suprir a falta de profissionais no combate à Covid-19.

A Promotoria já pediu a prisão de David Almeida e de Shádia Fraxe. A Justiça ainda analisa a solicitação. O MP-AM indica que as contratações foram decorrentes de "ligações políticas e econômico-financeiras de apoio político e eleitoral do atual prefeito". Com remuneração estipulada em R$ 6,9 mil, os médicos tinham se registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM) entre 10 e 35 dias antes de serem contratados.

As gêmeas Lins e o filho do suplente já receberam a segunda dose da vacina. Em nota, as médicas explicaram que "a situação infelizmente ficou insustentável a partir do momento em que se passou a questionar a forma escolhida pela Prefeitura para a contratação dos mesmos, gerando um enorme mal-estar e comprometendo o ambiente de trabalho".

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