Mercado imobiliário tem boas expectativas para 2021

Segundo especialista, baixa na taxa Selic favorece o setor, que foi impactado pela Covid em 2020

por Alfredo Carvalho qui, 18/02/2021 - 16:03
Joel Santana / Pixabay Joel Santana / Pixabay

A pandemia do coronavírus (Covid-19) prejudicou diversos setores comerciais, e o mercado imobiliário também sentiu o impacto da crise sanitária, que está prestes a completar um ano. No início de 2020, muitos economistas apontavam o crescimento na venda de residências no Brasil, mas o surto do novo vírus fez com 86% dos clientes adiasse os planos de comprar ou alugar uma casa, como aponta a pesquisa do grupo Grupo Zap Viva Real, que entrevistou mais de 3 mil pessoas em regiões metropolitanas.

Para lidar com a crise, a empresa imobiliária Bossa Nova Sotheby’s International Realty investiu em ferramentas tecnológicas que possibilitou aos colaboradores acessar o sistema de informação dos clientes e produtos de qualquer lugar. "Antes da pandemia, já trabalhávamos com a assinatura digital de contratos, e isso já nos permitiu ter mais um facilitador na hora de fechar os negócios", comenta o CEO da companhia, Marcello Romero, 43 anos, de São Paulo.

A empresa também concentrou o marketing nas plataformas digitais, com vídeos, e tours virtuais dos imóveis, pois, desta maneira, o catálogo fica visível e livra os clientes do risco de contaminação. Além disso, para lidar com o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), a companhia precisou realizar negociações entre locador e locatário para estabelecer um valor que seja viável para ambas as partes. "Temos auxiliado nossos clientes, principalmente nos imóveis onde temos administração da locação, visto que, na medida que chega o período de renovação, essa conversa vem à tona para que a negociação seja feita", destaca Romero.

Em 2021, a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), que são os juros básicos da economia, foi mantida em 2% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). O valor é o mais baixo dos últimos 20 anos. De acordo com o economista e gestor imobiliário Ricardo Paulo, isso possibilita aos bancos oferecerem taxas baixas nos financiamentos de casas e apartamentos. "Isso também auxilia as construtoras nos empreendimentos, já que as taxas são mais acessíveis para a população de alta e baixa renda", indica.

Segundo o economista, o baixo valor da taxa Selic também contribui para que investidores internacionais cheguem ao Brasil. Outro ponto, é que os construtores e as imobiliárias realizam promoções constantes para reduzir o estoque de imóveis, que foi acumulado nos anos anteriores. "Este ano será muito bom para a venda e compra de imóveis, principalmente para investidores, que poderão adquiri-los para colocarem em locação", prevê Paulo.

O gestor imobiliário alerta que os proprietários devem entender que 2021 não é um ano ideal para realizar reajuste dos alugueis. "O IGP-M, no meu ponto de vista, não corresponde com a realidade vivida na pandemia até agora. É preciso conversar e entender que os salários da grande maioria do povo brasileiro não sofreram reajustes nem de 5%, então, não é cabível reajustar os aluguéis em 24%", calcula.

Paulo acredita que o mercado imobiliário terá um grande crescimento, caso boa parte da população receba a vacina do coronavírus até junho de 2021, mas o cenário ainda é de incerteza. "Uma boa parte da população aproveitou o recebimento dos salários para tentar segurar as contas. Como foram obrigados a ficarem em casa, aproveitaram para poupar e agora pretendem realizar seus sonhados investimentos na casa própria, seja para investimentos ou para uma nova moradia", finaliza.

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