França e Espanha assinarão convênio de dupla nacionalidade

Pacto permitirá que os aproximadamente 190.000 espanhóis que residem na França e os 150.000 franceses que vivem na Espanha possam optar por ter as duas nacionalidades sem renunciar a de origem

dom, 14/03/2021 - 14:00
Jose Maria Cuadrado Jimenez Nesta imagem de folheto divulgada pelo La Moncloa (Ministério da Presidência da Espanha), o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez preside uma reunião do Comitê de Monitoramento do Coronavírus em Madrid em 17 de dezembro de 2020. Jose Maria Cuadrado Jimenez

O chefe do governo espanhol Pedro Sánchez e o presidente francês Emmanuel Macron assinarão na segunda-feira (15) um convênio de dupla nacionalidade e abordarão a questão de um passaporte de vacinação em uma cúpula bilateral na cidade francesa de Montauban.

Esta cidade, localizada no sudoeste da França, foi escolhida para a 26º cúpula hispano-francesa - a anterior foi realizada em Málaga em 2017-, pelo seu simbolismo na história comum desses países vizinhos.

Foi para lá onde centenas de exilados espanhóis se deslocaram durante a Guerra Civil espanhola e a ditadura franquista. Em seu cemitério jaz o corpo de quem foi o último presidente da II República espanhola (1936-1939), Manuel Azaña.

Os dois líderes concluirão seu encontro com uma visita ao cemitério para homenagear esta figura republicana, que morreu no exílio em 1940, perseguido pela polícia franquista e a Gestapo, um feito inédito para um chefe de Estado francês.

Um dos pontos mais importantes do encontro será a assinatura de um convênio de dupla nacionalidade, algo "excepcional" segundo Madri, já que na Europa a Espanha tem este acordo apenas com Portugal, apesar de também tê-lo com nações latino-americanas.

Este pacto permitirá que os aproximadamente 190.000 espanhóis que residem na França e os 150.000 franceses que vivem na Espanha possam optar por ter as duas nacionalidades sem renunciar a de origem.

- Passaporte de vacinação -

Na agenda da cúpula, está também a crise de covid-19, a reativação econômica e a questão de criação de um passaporte sanitário em nível europeu - um assunto que ainda está em debate.

Madri se mostra menos relutante que Paris sobre esta ideia que ganha espaço no mundo, com o objetivo de retomar os voos internacionais e o turismo, mas que continua contando com opositores.

Os líderes abordarão também o combate à imigração clandestina e ao terrorismo, principalmente com a reforma do espaço Schengen, que as duas capitais apoiam.

Tratarão também do fechamento de postos de fronteira nos Pirineus, decidido pela França nas últimas semanas, o que gerou controvérsias.

Foi justamente na fronteira com a Espanha que Macron defendeu em 5 de novembro reformar "profundamente" este espaço comum de livre circulação de pessoas, que abrange grande parte do continente europeu, para que - segundo ele - "proteja melhor as nossas fronteiras comuns".

Macron e Sánchez, que mantêm posições parecidas na política europeia, vão preparar também a cúpula da União Europeia de 25 e 26 de março.

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