Censo do IBGE sofre corte no orçamento de R$ 1,7 bilhão

O Instituto afirma que a redução de cerca de 88% feita na verba inviabiliza a realização do Censo.

por Julianna Valença ter, 23/03/2021 - 10:46
Divulgação/IBGE Servidores do IBGE em oito Estados pedem adiamento do Censo Demográfico de 2021 Divulgação/IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nessa segunda-feira (22) que o orçamento solicitado para a realização do censo populacional, que seria realizado em 2021, sofreu redução de cerca de 88%, conforme decisão apresentada no parecer final do orçamento federal. O instituto afirma que essa redução feita na verba inviabiliza a realização do censo.

De acordo com o IBGE, o parecer apresentado pelo relator-geral, senador Marcio Bittar (MDB-AC), cortou cerca de R$ 1,76 bilhão do orçamento de R$ 2 bilhões solicitado para o Censo. Do orçamento de R$ 240,7 milhões apresentado no parecer final, R$ 50 milhões ainda ficariam travados, sob o descumprimento da regra de ouro. O Instituto espera que a Comissão Mista de Orçamento (CMO) vote em favor da revogação do corte até a quarta-feira (24) e no plenário na próxima semana.

A pesquisa era prevista originalmente para ser feita em 2020, mas foi adiada devido à pandemia. Contudo, as informações geradas pelo censo são essenciais na gestão do país, elas servem para subsidiar políticas públicas em diversas áreas. Sobretudo, em um contexto de pandemia, os dados podem ser usados na organização de estratégias para a imunização da população brasileira e para o planejamento de infraestrutura em saúde.

“Além de um modelo misto de coleta (presencial, telefone e online) e tecnologia de fronteira de supervisão e monitoramento, os profissionais envolvidos no Censo observarão, em todas as etapas da operação, rígidos protocolos de saúde e segurança adotados pelo IBGE, seguindo recomendações do Ministério da Saúde e as melhoras práticas de prevenção e combate ao COVID-19”, declarou o IBGE em nota.

O orçamento previsto pelo IBGE para a realização deste censo já havia sofrido alterações anteriores. O primeiro valor idealizado foi reduzido em 2019, de R$ 3,4 bilhões para R$ 2,3 bilhões. Ao fim do ano passado, a proposta enviada foi novamente reduzida para R$ 2 bilhões. Agora, no parecer final enviado pelo congresso nacional, restaram ao instituto apenas R$ 190,7 milhões para a realização da operação.

Servidores pedem adiamento do censo

Servidores do IBGE em oito Estados pedem adiamento do Censo Demográfico de 2021, para 2022, diante do agravamento da pandemia no País. 

O sindicato denuncia que servidores do órgão receberam da direção apenas máscaras de tecido como Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para realizar o trabalho de campo. A reivindicação começou em fevereiro deste ano, no Rio Grande do Sul, quando coordenadores ameaçaram uma entrega coletiva de cargos, caso a presidência do órgão mantivesse o cronograma atual do censo.

"No país, vive-se a pior situação enfrentada desde o início desta emergência sanitária. Hoje, enfrentamos um colapso no sistema de saúde em praticamente todo o território nacional, com leitos hospitalares lotados - além de uma fila de espera enorme para atendimento - e com déficit de profissionais e de recursos para atender às demandas dos enfermos. Como se não bastasse, estão sendo descobertas novas variantes do vírus, mais transmissíveis, aumentando exponencialmente o perigo de infecção da população. Segundo especialistas, o ritmo da vacinação e a disponibilidade insuficiente das doses nos próximos meses também não contribuem para um cenário otimista para este ano, nem mesmo no seu 2º semestre. É cada vez mais evidente que encaramos circunstâncias muito mais difíceis neste ano do que no anterior (2020)", diz a carta enviada pelos servidores à chefia estadual do IBGE em Goiás.

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