21,3%: Pernambuco tem pior índice de desemprego do Brasil

São 868 mil pernambucanos desempregados, um aumento de 15,8% em relação ao último trimestre de 2020

por Vitória Silva qui, 27/05/2021 - 11:05
Dvi Pinheiro/Divulgação/Gov Carteira de Trabalho e Previdência Social. Dvi Pinheiro/Divulgação/Gov

Com o pior índice – 21,3% – desde 2012, Pernambuco lidera o ranking nacional de desempregos divulgado nesta quinta-feira (27), para o último trimestre. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) Trimestral, iniciativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Um estado brasileiro nunca registrou taxa tão alta de desocupação desde a criação da PNAD, há nove anos. Os resultados destoam do restante do Brasil, com média de 14,7%, e, do Nordeste, de 18,6%. Somente a Bahia divide a posição, com a mesma taxa.

No quarto trimestre de 2020, Pernambuco havia registrado uma taxa de 19%, a quinta mais elevada no período. São 868 mil pernambucanos, aptos ao trabalho, desempregados, um aumento de 15,8% em relação ao último trimestre do ano passado, quando 749 mil pessoas procuraram trabalho e não encontraram. É também uma diferença de 118 mil trabalhadores a mais. Enquanto isso, o número de pessoas ocupadas em Pernambuco se estabilizou em aproximadamente 3,2 milhões.

De acordo com a gerente de planejamento e gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita, o crescimento da taxa de desocupação em Pernambuco mostra a deterioração do mercado de trabalho nesse início de ano. “Isso reflete também as restrições ao funcionamento de atividades econômicas ao longo de fevereiro, particularmente no agreste e sertão, e de março em todo o estado. Vale lembrar que o setor de serviços, principal demandante de mão-de-obra, registrou queda de 8,5% no acumulado dos três primeiros meses de 2021”.

O efeito da pandemia de Covid-19 sobre o mercado de trabalho entre 2020 e 2021 foi especialmente sentido no estado. No primeiro trimestre do ano passado, a taxa de desocupação havia sido de 14,5%, 6,8 pontos percentuais a menos do que no início deste ano. Isso significa também que, no acumulado entre janeiro, fevereiro e março de 2020, 593 mil pessoas procuraram trabalho e não encontraram, número que aumentou 46,4% nos três primeiros meses de 2021.

Além do aumento do desemprego, Pernambuco também observou um pequeno avanço na taxa de informalidade, que foi de 51,3% da população ocupada no 1º trimestre de 2021. O percentual equivale a 1,64 milhão de pessoas, deixando o estado em nono lugar nacional. No 4º trimestre de 2020, a taxa foi ligeiramente menor, de 50,4%. O Brasil, por sua vez, tem uma taxa de informalidade mais de dez pontos percentuais mais baixa: 39,6%.

Diminuição do valor do auxílio emergencial pressiona mercado de trabalho

Ainda segundo Fernanda, a alta expressiva na desocupação entre o primeiro trimestre de 2021 e o mesmo período do ano passado ocorreu porque as primeiras medidas de distanciamento social relacionadas à pandemia foram tomadas em meados de março de 2020. “Além disso, nos primeiros meses de 2021, o auxílio emergencial num valor mais baixo, que atende a uma parcela menor da população, contribuiu para o retorno de uma parcela significativa de pessoas na busca por empregos e por uma fonte de renda”.

Uma das consequências da diminuição do valor do auxílio foi a redução de 11,8% no número de desalentados, passando de 368 mil no final de 2020 para 325 mil pessoas no primeiro trimestre de 2021. Essa parcela da população que havia desistido de procurar emprego voltou a fazê-lo, pressionando ainda mais o mercado de trabalho local. A população desalentada é definida pelo IBGE como aquela que está fora da força de trabalho e não havia realizado busca efetiva por trabalho pelas seguintes razões: não conseguir trabalho, ou não ter experiência, ou ser muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho em sua localidade e que, se tivesse encontrado trabalho, estaria disponível para assumir a vaga. 

Outra variável da PNAD Contínua que mostra o agravamento da crise financeira pela pandemia ao longo do ano passado é o nível da ocupação, indicador que mede o percentual da população ocupada em relação às pessoas em idade de trabalhar. No primeiro trimestre de 2020, 44,4% dos pernambucanos de 14 anos ou mais tinham alguma ocupação. No acumulado de janeiro, fevereiro e março de 2021, a porcentagem caiu para 41%.

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