Ômicron: infectologista indica uso de máscara mais eficaz

Especialistas não mais indicam o uso de máscara de pano para a proteção contra o vírus

por Alice Albuquerque ter, 01/02/2022 - 20:12
LeiaJáImagens Máscaras PFF2 podem ser usadas mais de uma vez LeiaJáImagens

Diante da alta transmissibilidade da Covid-19 pela variante Ômicron e de novos recordes de casos da doença registrados no Brasil, é importante que os cuidados para se proteger do vírus acompanhem o risco e sejam redobrados. Por isso, por ter se mostrado ineficiente, especialistas não mais indicam o uso de máscara de pano para a proteção do vírus. No entanto, reforçam que as outras medidas ensinadas anteriormente, o distanciamento e o uso de álcool 70% ou em gel, seguem valendo.  

O chefe da Triagem de Doenças Infecciosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) e médico infectologista do grupo Oncoclínicas, Filipe Prohaska, recomenda o uso de máscaras mais eficazes para a proteção neste novo pico da doença.

“A variante Ômicron tem uma capacidade de disseminação muito maior quando comparada com as anteriores, e a máscara de pano tem se mostrado insuficiente para garantir a proteção. Com isso, a recomendação tem sido máscaras cirúrgicas com pelo menos três camadas, ou máscaras do tipo PFF2, conhecidas como N95, que conseguem garantir uma vedação e uma filtração melhor do ar”, orienta.

Segundo o especialista, as melhores máscaras são as do tipo PFF2, apesar do maior custo para aquisição.

“Ela tem uma grande dificuldade por ter um custo mais elevado, mas você pode utilizá-la mais de uma vez por dias consecutivos. Inicialmente, o uso dela era restrito ao ambiente hospitalar, mas hoje já é comercializada”, informa.  

Em uma pesquisa feita pela reportagem do LeiaJá, em 15 farmácias do Recife, das que tinham a máscara do tipo pff2 disponível em estoque, o preço variava entre R$ 4,99 a R$ 9,00. 

Um estudo feito pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que, após testar 227 modelos de máscaras, a PFF2 é a que mais protege. Ela filtra até 98% das partículas no ar, enquanto as de tecido variam entre 15 e 70%. O modelo da PFF2 que não se prende atrás da orelha consegue ter uma vedação melhor, mas não significa que o modelo que prende atrás não sirva de nada. 

Vale lembrar que a transmissão do vírus ocorre pelas partículas expelidas da boca e nariz de quem está infectado e podem ficar suspensas no ar por horas. O risco aumenta em locais fechados e, por isso, o uso de uma máscara eficaz se faz tão importante para a proteção.  

Prohaska explica como a reutilização da PFF2 pode ser feita.

“Você pode utilizá-las por mais de uma vez. O indicado é usar algum tipo de proteção, pode ser plástico ou papel, mas que ela tenha um grau de arejamento, não fique totalmente fechada. Desta forma, aumenta a sua vida útil. Dependendo da marca, você pode usar ela por até sete dias de forma consecutiva. Há pessoas que têm feito o esquema de rodízio, utilizado duas ou três máscaras em dias alternados para ela durar por mais tempo, mas no final das contas a regra dos sete dias para a troca de cada uma delas não muda muito”, detalha.

O infectologista pontua ainda, que o uso de duas máscaras, uma sobreposta a outra, sendo uma de pano e uma cirúrgica não traz tantos benefícios como antes.

Face shield

Segundo Filipe Prohaska, uma quantidade pequena de pessoas não pode utilizar máscara por alguns problemas de saúde específicos, como deficiência respiratória, e alérgicos, por exemplo. Para essas pessoas, é recomendável o uso da face shield (proteção para o rosto) e um distanciamento maior que o recomendado.

“São raros os casos e nesse ponto a discussão é que deve-se manter um distanciamento maior e usar a face shield para garantir algum grau de proteção aos respingos e gotículas. Mas lembrando que a face shield não é superior à máscara e só deve ser utilizada nessas situações em que há a impossibilidade absoluta do uso de máscaras, sejam elas cirúrgicas ou PFF2”, salienta.

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