Pesquisa revela força dos pequenos negócios no Brasil

Estudo internacional mostra que micro, pequenas e médias empresas respondem por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Quase a metade, porém, fecha as portas em quatro anos.

ter, 08/02/2022 - 09:43
Clóvis de Senna/LeiaJáImagens Professor Sérgio Castro Gomes coordenou a pesquisa no Pará em em Rondônia Clóvis de Senna/LeiaJáImagens

Estatísticas mostram que hoje, no Brasil, as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) representam 99% do total de empreendimentos em operação no mercado e respondem por 27% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Os dados estão na pesquisa do Observatório Ibero-Americano de MPMEs (micro, pequenas e médias empresas), que envolve 125 pesquisadores de Instituições de Ensino Superior (IESs) ibero-americanas de 15 países, entre os quais estão Espanha, México, Colômbia, Equador, Peru, Argentina, Brasil, Uruguai e países da América Central como Costa Rica, República Dominicana, Panamá, entre outros. Parte dessas nações tem vínculo com a FAEDPYME – Fundación para Analisis Estrategico Y Desarrollo de la PYME.

A UNAMA - Universidade da Amazônia integrou o comitê brasileiro do Observatório, por meio do Núcleo de Estudos em Práticas de Gestão Organizacional da Amazônia (NEGOA), e gerenciou a aplicação da pesquisa em MPMEs nos Estados do Pará e Rondônia. Os resultados foram apresentados em dezembro de 2021.

Coordenador do trabalho na região Norte, doutor em Economia, o professor Sérgio Castro Gomes, do programa de Pós-Graduação em Administração (PPAD) da UNAMA, ressalta em entrevista ao LeiaJá como as MPMEs vêm gerando impactos positivos no Brasil.

As MPMEs geraram 66.926 novos empregos até novembro de 2021, segundo dados das pesquisas. Na pandemia, assinalou o professor, houve um aumento das pequenas empresas no mercado. O desemprego, observou Sérgio Gomes, fez com que muitas pessoas passassem a empreender.

Nos últimos 15 meses, as MPMEs foram responsáveis por cerca de 70% dos novos postos de trabalho. Três de cada quatro empregados no Brasil foram contratados por pequenas empresas - negócios que respondem por 40% da massa salarial. No entanto, apenas 1% das empresas atua no setor de exportações.

“É importante entender a realidade das empresas para dar um retorno aos agentes econômicos", afirmou Sérgio. Segundo ele, as pesquisas ajudam os empreendedores a tomar decisões e procurar estratégias para melhorar e buscar novos mercados.

O professor também falou sobre como os pequenos negócios sofreram impactos da pandemia. “A pesquisa tem um contexto nacional e ibero-americano, faz parte de um observatório de micro e pequenas empresas e tem como objetivo entender como as empresas se organizam e como passam pelo impacto nesse momento da covid-19”, destacou.

Com a pandemia, 67% das MPMEs mantiveram suas atividades, contra 98% das grandes; 20% das MPEs encerram suas atividades, definitivamente, informou a pesquisa.

O ambiente econômico do Estado do Pará, apesar de toda a insegurança provocada pela pandemia nos últimos dois anos, ainda sinaliza uma perspectiva empreendedora do paraense e mostra confiança na retomada do crescimento. A empreendedora Eloise Sousa, de 29 anos, contou como iniciou seu projeto em meio à pandemia. “Em junho de 2020, vi tubos de fios de malha e peguei emprestado de uma amiga para tentar fazer crochê, que havia aprendido com minha mãe quando criança. As pessoas passaram a se interessar pelo produto e foi aí que surgiu o 'TEART', se tornando minha fonte de renda, desde então”, relatou.

Eloise acredita na importância do empreendedorismo. “Em meio ao caos de uma quarentena inesperada, descubro um hobby e consequentemente um negócio. Não pude deixar de me apaixonar por fios de malha e por todo o universo de oportunidades que eles me trouxeram”, finalizou.

DADOS DA PESQUISA SOBRE AS MPMEs NO BRASIL

• Representam 99% do total de empresas;

• Respondem por 27% do PIB;

• Representam 52% dos empregos formais;

• Absorvem 70% das novas vagas de emprego;

• Respondem por 40% da massa salarial;

• E por apenas 1% das exportações;

• 42% delas morrem entre 1 e 4 anos.

As instituições acadêmicas dos países envolvidos na pesquisa buscam realizar análises periódicas (anuais) sobre as estratégias, expectativas, demandas e dificuldades das empresas. Assim, podem oferecer informações para a tomada de decisões.

Na pesquisa de 2021, “O impacto econômico da pandemia de covid-19 nas MPMEs", foram aplicados cerca de 9.500 questionários. Em 2022, o comitê brasileiro retomará o estudo a partir do tema “Digitalização e desenvolvimento sustentável em MPMEs”.

Reportagem de Amanda Martins e Clóvis de Senna.

Embed:

 

COMENTÁRIOS dos leitores