Europa: contágios da varíola do macaco geram preocupação

Estes últimos dias foram detectados casos em vários países da Europa, em Estados Unidos, Canadá e Austrália, segundo Kluge, que descreve a propagação como 'atípica'

sab, 21/05/2022 - 08:21
Fabrice COFFRINI Esta foto de 2 de dezembro de 2021 mostra um cartaz da Organização Mundial da Saúde e sua sede em Genebra Fabrice COFFRINI

Uma sauna em Madri, capital espanhola, foi obrigada a fechar as portas por ser um possível foco de transmissão da varíola do macaco, uma doença rara que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), poderia se espalhar rapidamente pela Europa.

"Com a chegada da temporada do verão (...), com reuniões maciças, festivais e festas, me preocupa que a transmissão possa se acelerar", disse o diretor regional para a Europa da OMS, Hans Kluge.

O vírus, que provoca erupções cutâneas em várias partes do corpo e que geralmente é curada espontaneamente, foi identificado pela primeira vez em humanos na República Democrática do Congo em 1970.

Estes últimos dias foram detectados casos em vários países da Europa, em Estados Unidos, Canadá e Austrália, segundo Kluge, que descreve a propagação como "atípica".

Seus sintomas se assemelham, em menor grau, aos observados no passado em indivíduos com varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas nos primeiros cinco dias.

Em seguida surgem as erupções (no rosto, nas costas das mãos, nas solas dos pés), lesões, pústulas e finalmente crostas.

O Reino Unido deu o alerta em 7 de maio e, segundo o ministro de Saúde britânico nesta sexta-feira já havia 20 pessoas infectadas no país.

Com exceção do primeiro caso - o de uma pessoa infectada que tinha viajado recentemente para a Nigéria -, os pacientes se contagiaram no Reino Unido.

"Todos os casos recentes, exceto um, não têm antecedentes de viagens relevantes a regiões onde a varíola do macaco é endêmica", informou Kluge.

- Primeiros casos em vários países europeus -

Segundo a autoridade sanitária, a transmissão poderia ser impulsionada pelo fato de que "os casos que estão sendo detectados atualmente ocorrem entre pessoas que mantêm relações sexuais" e muitas não reconhecem os sintomas.

A maioria dos casos registrados nos últimos dias ocorreram em homens que mantêm relações sexuais com outros homens e buscaram tratamento em clínicas de saúde sexual, disse Kluge.

"Isto sugere que a transmissão pode ter começado há algum tempo", acrescentou.

Na terça, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que queria esclarecer, com a ajuda do Reino Unido, os casos detectados desde o começo de maio, especialmente na comunidade homossexual.

A declaração de Kluge ocorreu depois de França, Bélgica e Alemanha anunciarem seus primeiros casos.

A Itália também registrou três casos de pessoas infectadas até o momento, segundo disseram autoridades sanitárias nesta sexta.

A doença foi identificada na quinta-feira pela primeira vez em um jovem que tinha voltado recentemente das ilhas Canárias (Espanha) e em outras duas pessoas nesta sexta, informou o Instituto de Doenças Infecciosas do Hospital Spallanzani de Roma.

- Espanha na mira -

Na Espanha, as autoridades fecharam uma sauna na capital. O estabelecimento - um local gay chamado "El Paraíso" - é suspeito de ter sido a origem de muitos contágios na Comunidade de Madri.

Segundo as autoridades locais, há 21 casos confirmados e 19 suspeitos na região.

Na Espanha, a Saúde é uma competência regional, e por isso a contagem geral não é imediata.

Em nível nacional, o Ministério da Saúde confirma até o momento sete casos, enquanto outros 23 testaram positivo para "varíola não humana" e ainda precisam ser sequenciados "para determinar que tipo de varíola é".

Se confirmado, o balanço nacional alcançaria 30 casos, o que faria da Espanha o país com mais contágios identificados da Europa.

Segundo a assessora médica em chefe da agência britânica de segurança sanitária no Reino Unido, Susan Hopkins, "este aumento continuará nos próximos dias e serão identificados mais casos na comunidade em geral".

Em particular, pediu aos homens homossexuais e bissexuais a estarem atentos aos sintomas, afirmando que uma "proporção notável" dos casos no Reino Unido e na Europa procedem deste grupo.

A infecção dos casos iniciais se deve ao contato direto com sangue, fluidos corporais, lesões cutâneas ou mucosas de animais infectados. Segundo a OMS, os sintomas duram entre 14 e 21 dias.

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