Acordar entre 3h e 4h é sinal de estresse, diz pesquisador

Intervalo é marcado por sono mais leve e facilmente afetado por estresse e preocupações diárias, que tornam o indivíduo mais consciente de que está acordado

por Vitória Silva seg, 23/05/2022 - 10:13
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Acordar entre três e quatro da manhã pode indicar estresse e má qualidade no sono. De acordo com o pesquisador Greg Murray, diretor do Centro de Saúde Mental da Swinburne University of Technology, na Austrália, esse é o pior horário para se acordar durante a madrugada, apesar de ser um hábito comum e ser também um momento do sono em que o ser humano está mais autoconsciente. O fenômeno é chamado de “lacuna da realidade”.

O especialista aponta, ainda, que acordar nesse horário é um fenômeno coletivo e está ligado às preocupações de cada indivíduo. Cerca de uma em cada três pessoas relata insônia às três da madrugada, e o hábito se tornou mais comum com a chegada da pandemia.

De acordo com especialistas em sono, essas ruminações iniciais estão relacionadas ao estresse – embora não diretamente. Estar estressado não nos faz acordar mais à noite, explicou Murray, mas nos torna mais conscientes de que isso está acontecendo.

“Como terapeuta cognitivo, às vezes eu brinco que a única coisa boa de acordar às 3 da manhã é que isso nos dá um exemplo vívido de catastrofização. Acordar e se preocupar às 3 da manhã é muito compreensível e muito humano”, escreveu ele em seu artigo de 2021 para The Conversation. “Mas, na minha opinião, não é um grande hábito para se adquirir'', acrescentou.

O estresse não é o único fator para a insônia entre as três e quatro da manhã. Horários erráticos; doomscrolling (ato de gastar uma quantidade excessiva de tempo de tela dedicado à absorção de notícias negativas); e mesmo a falta de ar fresco pode atrapalhar a higiene do sono o suficiente para nos acordar durante a noite.

“Na verdade, acordamos muitas vezes todas as noites, e o sono leve é ​​mais comum na segunda metade da noite. Quando o sono está indo bem para nós, simplesmente não temos consciência desses despertares. Mas adicione um pouco de estresse e há uma boa chance de que a vigília se torne um estado totalmente autoconsciente”, continuou Murray.

Exercitar uma rotina, para que o cérebro entenda o horário regular do sono, é fundamental. Exposição à luz durante o dia, atividades sociais e acordar todos os dias no mesmo horário são hábitos que auxiliam nesta definição, de acordo com especialistas.

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