Homens são maioria dos casos e óbitos por HIV no Recife

Além disso, os casos e mortes pela doença entre pessoas do sexo masculino voltou a crescer em 2021

seg, 26/12/2022 - 11:07
IKAMAHÃ/SECRETARIA DE SAÚDE DO RECIFE Profissional de saúde realiza teste de HIV IKAMAHÃ/SECRETARIA DE SAÚDE DO RECIFE

Os homens foram os que mais se infectaram e morreram por HIV/Aids no Recife em 2021. É o que aponta um levantamento da Secretaria de Saúde (Sesau) do município. Além disso, no ano passado, último com as estatísticas fechadas, houve aumento no número de casos e mortes pela doença entre pessoas do sexo masculino. 

A comparação entre os anos de 2020 e 2021 mostra um aumento de 24% no número de registros de casos de HIV em pacientes do sexo masculino, com 515 e 640 notificações, respectivamente. A maior concentração registrada foi entre jovens de 15 a 29 anos, com 47% dos casos, seguido daqueles com 30 a 39 anos, com 29% e 9% para os homens com mais de 50 anos de idade.

“Observamos diversos fatores que influenciaram esse aumento, como, por exemplo, a pandemia da Covid-19. Com o lockdown, o acesso aos testes rápidos de HIV ou de exames de sorologia diminuiu, afetando, diretamente, a detecção da infecção. Além disso, com as pessoas trancadas em casa, o acesso aos métodos de prevenção também foi reduzido”, aponta o coordenador da Política de Prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis do Recife, Airles Ribeiro. 

No entanto, Ribeiro reflete que, para além da questão pandêmica, observa-se, ainda, mudanças na sociedade em relação ao comportamento sexual: as pessoas têm se colocado em situações sexuais mais vulneráveis, deixando a prevenção em segundo plano. “Percebendo isso, temos trabalhado para diminuir esse número de novas infecções por HIV/Aids a partir de diversas metodologias, como oficinas e espaços de educação à saúde. Além disso, os atendimentos têm foco na prevenção combinada e no gerenciamento de risco das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), que é um método onde o paciente é apresentado a várias formas de prevenção, que são adaptadas às suas práticas e vivências sexuais”, afirma. 

Em 2020, o Recife registrou 130 mortes por Aids - desse total, 76 (58,5%) eram homens. Já em 2021, 163 pessoas foram a óbito pela doença, sendo 114 (70,5%) do sexo masculino. Comparando os dois anos, pode-se observar um aumento de 25% no número de pessoas que morreram pela mesma causa.

Já em relação ao número de casos de Aids, a capital pernambucana registrou 254 casos em 2020, sendo 166 (65%) em pacientes do sexo masculino. No ano seguinte, em 2021, 305 pessoas foram diagnosticadas com a infecção, das quais 214 (70%) eram homens. A comparação entre os dois anos representa um incremento, até o momento, de 29% na casuística. 

No geral, para estes pacientes, a faixa etária que concentra o maior número de casos de Aids é a de 30 a 39 anos, com 33%, seguidos dos jovens de 15 a 29 anos, com 27% e 17% para os que têm 50 anos e mais de idade.

Na rede municipal de saúde, a Prefeitura do Recife oferece serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento precoces para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Existem dois Serviços de Atenção Especializada (SAE) para as pessoas com HIV/Aids e seus parceiros: o primeiro, na Policlínica Lessa de Andrade, localizada na Madalena; e o segundo no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Policlínica Gouveia de Barros, na Boa Vista. 

A Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife oferece, de forma rotineira, testagem rápida no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Policlínica Gouveia de Barros e também na Policlínica Salomão Kelner, em Água Fria. Além disso, a população pode se dirigir à unidade básica de saúde mais perto de casa, para saber a disponibilidades de testes rápidos para detecção de IST. O resultado sai em cerca de meia hora.

PROFILAXIA - É no ambulatório LGBT Patrícia Gomes, na Policlínica Lessa de Andrade, na Madalena, e no Serviço de Atenção Especializada (SAE) na Policlínica Gouvêia de Barros, na Boa Vista, que a PrEP é oferecida a homens gays, homens que fazem sexo com homens (HSH), profissionais do sexo, casais sorodiferentes e pessoas transexuais e travestis. Esse tipo de profilaxia consiste no uso preventivo de medicamentos antirretrovirais, antes da exposição sexual ao vírus, para reduzir a probabilidade de infecção. Esse protocolo clínico faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de evitar  infecções pelo vírus HIV, pelas hepatites virais e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). 

Já a Profilaxia Pós-Exposição (PeP) é ofertada em casos de violência sexual, relações sexuais sem camisinha ou em caso de acidente com o uso do preservativo (rompimento ou saída) durante ato sexual, casos de acidentes com materiais perfuro cortantes ou contato direto com material biológico infectado. No Recife, as Policlínicas Barros Lima, em Casa Amarela, Agamenon Magalhães, em Afogados, e Arnaldo Marques, no Ibura, oferecem a PeP, que deve ser iniciada preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição, e no máximo em até 72 horas.

Da assessoria

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