Rússia apoia Sérvia diante das tensões em Kosovo
O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, enviou no domingo o chefe do Exército, o general Milan Mojsilovic, à fronteira com Kosovo
O Kremlin comunicou nesta quarta-feira (28) que a Rússia "apoia" as ações da Sérvia para acabar com as tensões no país vizinho, Kosovo, onde cidadãos sérvios levantaram barricadas e houve registro de tiros e explosões.
"Temos relações de aliados muito estreitas, históricas e espirituais com a Sérvia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. A Rússia acompanha "muito atentamente" os acontecimentos em Kosovo, acrescentou.
"E, claro, apoiamos Belgrado nas ações executadas", insiste Peskov.
O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, enviou no domingo (25) o chefe do Exército, o general Milan Mojsilovic, à fronteira com Kosovo. A comunidade sérvia ergueu barreiras nas passagens e provocou um novo aumento das tensões neste jovem país dos Bálcãs.
No dia seguinte, o governo sérvio reforçou o estado de alerta em suas tropas e aumentou a presença militar na área. Segundo o anúncio do ministro da Defesa, Milos Vucevic, o número de soldados foi de 1.500 para 5.000.
De acordo com Peskov, "é natural que a Sérvia defenda os direitos dos sérvios, que vivem em condições tão difíceis, e reaja severamente quando seus direitos são violados".
Milos Vucevic confirmou nesta quarta-feira ao canal de televisão estatal RTS que o país está disposto a alcançar "um acordo" com Kosovo, mas não deu mais detalhes.
A Sérvia não reconhece a independência de sua antiga província do sul, habitada majoritariamente por albaneses étnicos e proclamada em 2008.
Belgrado estimula os 120.000 sérvios de Kosovo a desafiarem as autoridades locais, enquanto Pristina procura consolidar sua soberania em todo o território.
Em Kosovo, centenas de sérvios bloqueiam estradas do norte do país em protesto pela prisão de um ex-policial da Sérvia desde 10 de dezembro. A manifestação causou a paralisação do trânsito em dois postos fronteiriços com a Sérvia.
Na terça-feira (27), dezenas de manifestantes do lado sérvio da fronteira utilizaram caminhões e tratores para pararem o tráfego, que leva ao maior posto da fronteira entre os dois países. Kosovo classificou o ato como "bloqueio ilegal" e fechou a passagem na quarta-feira.
No início de novembro, uma polêmica decisão do governo de Pristina proibiu os sérvios residentes em Kosovo de usarem placas de veículos emitidas na Sérvia.
A medida, que foi suspensa, também incendiou as tensões. Centenas de policiais sérvios integrados à polícia de Kosovo, assim como juízes, promotores e outros funcionários se demitiram em sinal de protesto.