UE reduz evento em Israel para evitar ministro extremista

Líder do partido de extrema direita Poder Judeu, Itamar Ben Gvir foi condenado em 2007 por seu apoio a um grupo "terrorista" e incitação ao racismo

seg, 08/05/2023 - 16:22
GIL COHEN-MAGEN Ministro israelense de ultradireita, Itamar Ben Gvir, em abril GIL COHEN-MAGEN

A União Europeia (UE) anunciou, nesta segunda-feira (8), o cancelamento da recepção diplomática prevista para terça-feira (9) em Tel Aviv, por ocasião do Dia da Europa, após a decisão do governo israelense de enviar como representante o ministro de ultradireita Itamar Ben Gvir.

"Infelizmente, este ano decidimos anular a recepção diplomática, porque não queremos oferecer palanque para alguém, cujas posições contradizem os valores defendidos pela União Europeia", informou a delegação do bloco em Israel por meio de um comunicado.

A nota acrescenta que "o evento cultural para o público israelense" permanece programado.

"O Estado de Israel será o único a determinar quem são seus representantes", respondeu o ministro israelense da Segurança Nacional, Ben Gvir, em um comunicado divulgado por sua assessoria, no qual lamentou esse gesto "pouco diplomático" por parte da UE.

Líder do partido de extrema direita Poder Judeu, Ben Gvir havia sido designado pelo governo como o representante israelense na recepção, confirmaram fontes oficiais nesta segunda.

No domingo (7), a imprensa israelense havia antecipado que a escolha pelo representante havia causado mal-estar no lado europeu.

Conhecido por sua linguagem virulenta contra os palestinos, Itamar Ben Gvir foi acusado mais de 50 vezes durante sua juventude de incitação à violência, ou por discursos de ódio, e condenado em 2007 por seu apoio a um grupo "terrorista" e incitação ao racismo.

Ferrenho partidário da instalação de assentamentos judeus na Cisjordânia — uma política regularmente condenada pela UE —, o ministro propôs, em várias ocasiões, a anexação desse território palestino, ocupado por Israel desde 1967.

Todos os anos, o Dia da Europa homenageia a Declaração Schuman de 9 de maio de 1950, proposta formulada naquele dia pelo então ministro francês das Relações Exteriores, Robert Schuman, de uma nova forma de cooperação política que tornou impossível outra guerra entre nações europeias.

A iniciativa é considerada a semente da atual União Europeia, composta por 27 países.

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