Partido de direita do primeiro-ministro vence na Grécia
Partido pode ter dificuldade para formar um governo estável diante da falta de uma maioria absoluta
O partido de direita do primeiro-ministro em fim de mandato, Kyriakos Mitsotakis, venceu as eleições na Grécia neste domingo (21), segundo resultados parciais, mas pode ter dificuldade para formar um governo estável diante da falta de uma maioria absoluta.
O partido Nova Democracia (ND), que está no poder há quatro anos, soma 41,1% dos votos, superando por ampla margem o Syriza (esquerda), do ex-chefe de governo Alexis Tsipras, que soma 20% dos votos, de acordo com os resultados de um terço das zonas eleitorais.
Atrás dessas duas forças estão os socialistas do partido Pasok-Kinal, com 12,6% dos votos.
Contudo, se esses resultados se confirmarem, o ND não poderá governar de forma absoluta, o objetivo manifestado por Mitsotakis, já que não conseguiria a maioria necessária para tal.
Por sua vez, Alexis Tsipras, de 48 anos, recorreu ao dirigente socialista Nikos Androulakis com vistas a uma possível aliança em caso de resultados favoráveis, mas este impôs uma série de exigências.
Em caso de impossibilidade de formar um governo, tal como projetam muitos analistas, serão convocadas novas eleições no fim de junho ou no início de julho.
O vencedor desse eventual segundo pleito gozaria de um bônus de cadeiras que poderiam lhe dar uma maioria confortável.
Durante a campanha eleitoral, Mitsotakis não deixou de defender seu desempenho econômico, referindo-se à queda do desemprego, a um crescimento de quase 6% no ano passado e à disparada do turismo.
Neste domingo, pouco depois de votar em Atenas, Mitsotakis disse que quer fazer da Grécia "um país mais forte, com um papel importante na Europa".
Tsipras, por sua vez, pediu que o país "virasse a página de quatro anos difíceis" para possibilitar "um governo justo".
A perda de poder aquisitivo por causa da inflação e os baixos salários continuam sendo uma dor de cabeça para muitas famílias, após uma década de crises e resgates financeiros internacionais que foram traduzidos em cortes nos serviços públicos e em uma redução significativa da renda para os gregos.
A dívida pública do país continua sendo de mais 170% de seu PIB. Já a inflação beirou os 10% no ano passado, agravando ainda mais as dificuldades da população.
Além disso, no fim de fevereiro, uma catástrofe ferroviária que provocou a morte de 57 pessoas, entre elas muitos estudantes, suscitou manifestações multitudinárias contra o governo conservador, acusado de negligência em matéria de segurança.
Mitsotakis, filho de um ex-primeiro-ministro e tio do atual prefeito de Atenas, também foi atingido em cheio por um escândalo de grampos ilegais voltados a dirigentes políticos e jornalistas.
Em março, o Parlamento Europeu denunciou a existência de "ameaças sérias ao Estado de Direito e aos direitos fundamentais" na Grécia.