Brasileira desaparecida em Paris há semanas é localizada

As causas do desaparecimento podem estar relacionadas à situação irregular da brasileira no país

seg, 22/05/2023 - 16:51
Reprodução / Redes Sociais Ainda não se sabe onde Fernanda passou esse tempo Reprodução / Redes Sociais

A brasileira Fernanda Santos de Oliveira, de 44 anos, que estava desaparecida desde o último dia 6, em Paris, na França, foi encontrada pela polícia francesa, na manhã desta segunda-feira, 22. Ela foi vista entrando em seu apartamento e os vizinhos acionaram a polícia. De acordo com sua irmã, Maria Aparecida Santos Oliveira, que mora no Brasil, Fernanda estava debilitada e foi levada para um hospital francês, onde foi medicada e ficou em observação.

Segundo a irmã, que falou com Fernanda quando ela dava entrada no hospital, a brasileira passaria por exames, já que estava desidratada e com a saúde fragilizada por ter ficado vários dias sem se alimentar. "Falamos rapidamente porque ela estava indo para o atendimento e não foi possível saber exatamente o que aconteceu. O mais importante é que ela está bem. Já avisei o filho dela e os netinhos também estão sabendo. Agora, é esperar o que será decidido sobre o futuro dela", disse.

Fernanda saiu do apartamento, no dia 6, levando apenas o passaporte, uma bolsa de mão e um patinete elétrico. Quando deixou de fazer contato, a irmã pediu ajuda ao governo brasileiro e o Consulado-Geral do Brasil em Paris mobilizou as autoridades locais.

A polícia francesa esteve no apartamento e verificou que Fernanda não tinha levado outros documentos, nem o telefone celular. Os policiais também foram ao restaurante onde ela trabalhava e receberam a informação de que ela estava faltando ao trabalho.

Grupos de apoio a imigrantes se mobilizaram nas buscas pela brasileira. O grupo Amis du Brésil (Amigos do Brasil) usou as redes sociais na tentativa de localizar Fernanda. Nesta segunda, a página do grupo no Facebook informava que a brasileira tinha sido encontrada "sã e salva".

A Associação Mulheres na Resistência, de Paris, presidida por uma brasileira, realizou mutirões de busca e distribuiu cartazes com foto da brasileira em pontos estratégicos da capital francesa. Houve também buscas em hospitais e institutos de medicina legal.

De acordo com Nelma Barreto, coordenadora da associação, as buscas começaram no dia 11 de maio, depois que a irmã da brasileira entrou em contato com a entidade.

Segundo ela, as causas do desaparecimento podem estar relacionadas à situação irregular da brasileira no país. A polícia francesa deve apurar se Fernanda teria sofrido assédio sexual ou outro tipo de ameaça que, devido à situação de clandestinidade, ela não viu formas de denunciar à polícia.

No último dia 17, a polícia francesa informou em comunicado que a brasileira foi vista nos dias 8 e 9 de maio na cidade de Melun, no departamento de Sena e Marne, a 40 km de Paris. Foram organizadas buscas na cidade, sem sucesso. A polícia apurou que Fernanda havia sofrido um surto em seu local de trabalho alguns dias antes de sumir e chegou a ser atendida pelo serviço médico dos bombeiros.

Para a irmã, que mora em Botucatu, interior de São Paulo, o mais importante é que ela está viva. "Agora, com calma, vamos saber o que aconteceu e ajudá-la a resolver a situação. Graças a Deus, está viva e voltou sozinha para casa. Se ela quiser voltar ao Brasil, ficaremos todos felizes. Mas se for da vontade dela continuar na França, vamos ver se isso é possível e ajudar. Ela sempre estava disposta para o trabalho. Além do restaurante, fazia bicos em limpeza. É uma mulher forte, vai sair desta."

Fernanda deixou o Brasil em abril de 2022 com uma prima, com destino à França. As duas viajaram juntas pela Europa e a prima embarcou para os Estados Unidos. Sem visto para o país norte-americano, Fernanda decidiu permanecer na França.

Ela é técnica de enfermagem e tem curso de radiologia, mas só conseguiu emprego no restaurante, em Boulogne-Billancourt, no subúrbio de Paris. Antes de desaparecer, ela falava diariamente com a irmã de Botucatu, que estranhou quando os contatos cessaram e pediu ajuda.

A reportagem entrou em contato com o Itamaraty, que acompanha a situação da brasileira, e ainda aguarda retorno.

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