Queima de Alcorão na Suécia agita comunidade muçulmana

Uma cópia do Alcorão foi queimado em Estocolmo, o que provocou uma onda de indignação entre a comunidade muçulmana

qui, 29/06/2023 - 14:45
Pixabay O governo iraquiano condenou na quarta-feira 'atos racistas, incitação à violência e ao ódio' Pixabay

Dezenas de iraquianos conseguiram entrar brevemente na embaixada sueca em Bagdá, nesta quinta-feira (29), em protesto depois que uma cópia do Alcorão foi queimado em Estocolmo, o que provocou uma onda de indignação entre a comunidade muçulmana.

Os manifestantes, apoiadores do líder xiita iraquiano Moqtada al Sadr, permaneceram na embaixada sueca por cerca de 15 minutos e saíram pacificamente quando as forças de segurança chegaram, segundo um fotógrafo da AFP.

Antes de entrar, os manifestantes se reuniram em frente à embaixada após a convocação do líder xiita.

Sadr pediu a "saída do embaixador" depois que Salwan Momika, um refugiado iraquiano, queimou várias páginas do Alcorão na quarta-feira do lado de fora da maior mesquita de Estocolmo.

O gesto de Momika ocorreu no primeiro dia do Eid al-Ada, um dos maiores feriados religiosos para os muçulmanos, e durante o protesto, autorizado pela polícia sueca, ele também pisou no livro sagrado.

O governo iraquiano condenou na quarta-feira "atos racistas, incitação à violência e ao ódio" que ocorrem "repetidamente" em países que "se orgulham de abraçar a diversidade e respeitar as crenças dos demais".

O Ministério das Relações Exteriores do Iraque denunciou "a permissão das autoridades suecas a um extremista para queimar uma cópia do Sagrado Alcorão".

- Onda de indignação -

O gesto de Salwan Momika foi condenado em muitos países de maioria muçulmana, incluindo Arábia Saudita, Egito, Marrocos, Irã e Turquia.

"Ensinaremos aos ocidentais arrogantes que insultar os muçulmanos não é liberdade de expressão", declarou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan durante uma aparição na televisão.

A Arábia Saudita, por sua vez, denunciou "atos odiosos e repetidos (...) que incitam ao ódio, à exclusão e ao racismo, e contradizem esforços que buscam difundir valores de tolerância".

O Kuwait, outra monarquia do Golfo, pediu que os autores de tais "atos hostis" fossem processados e impedidos "de usar o princípio das liberdades (...) para justificar sua hostilidade contra o Islã".

O Irã também criticou o gesto do refugiado iraquiano. "O governo e o povo da República Islâmica do Irã (...) não toleram tal insulto", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanani.

Marrocos, por sua vez, convocou seu embaixador na Suécia para consultas e condenou o ato "irresponsável" e as "provocações repetidas, cometidas sob o olhar complacente do governo sueco".

A queima do Alcorão também provocou reação do Egito, o mais populoso dos países árabes, que condenou um "gesto vergonhoso e uma provocação aos sentimentos dos muçulmanos".

Síria, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Afeganistão e Líbano também aderiram às condenações.

- "Sim ao Alcorão" -

Durante o protesto em frente à embaixada do país nórdico em Bagdá, os manifestantes distribuíram panfletos nos quais se lia em inglês e árabe "Nossa Constituição é o Alcorão. Nosso líder, Al Sadr".

Também queimaram bandeiras arco-íris, símbolo da comunidade LGBTQIA+, e escreveram "sim ao Alcorão" na entrada da embaixada.

O gesto do refugiado iraquiano na Suécia também provocou a indignação de organizações como a Liga Árabe, que condenou uma "agressão no coração da nossa fé muçulmana".

O Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo culpou as "autoridades suecas por qualquer reação derivada desses atos" e a Organização para a Cooperação Islâmica os condenou "veementemente".

Não é a primeira vez que esse tipo de ação é registrado na Suécia e em outros países europeus.

No passado, algumas delas foram promovidas por movimentos de extrema direita, gerando manifestações e tensões diplomáticas.

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