Grupo aliado a Teresa Leitão critica Humberto e João Paulo

O MAIS é composto por militantes na faixa de 30 anos

qui, 07/11/2013 - 22:08
Cleiton Lima/LeiaJáImagens/Arquivo Corrente que apoia deputa pede oxigenação no partido Cleiton Lima/LeiaJáImagens/Arquivo

O Movimento de Ação e Identidade Socialista (MAIS), uma das correntes que apoiam a candidatura da deputada Teresa Leitão (PT) à presidência do PT de Pernambuco, lançou um texto com duras críticas as atuais lideranças políticas do partido, principalmente o senador Humberto Costa (PT) e o deputado federal João Paulo (PT). 

A corrente que é uma dissidência da CNB, campo majoritário do partido, e é basicamente composta por militantes na faixa dos 30 anos. O MAIS pede que os atuais expoentes da legenda que “permitam a oxigenação do partido”.

Confira a carta na íntegra:

Carta ao PT de Pernambuco: mudar para sermos os mesmos

Temos em torno de 30 anos de idade, a mesma idade do PT. Fazemos parte, portanto, daquela geração que foi conquistada para as fileiras do partido através da ação de nossos fundadores. Temos pela primeira geração profunda admiração. Foi responsável por nós e milhares de outros brasileiros e brasileiras serem convencidos/as da importância de participar da política e fortalecer um partido popular e democrático para erguer um mundo mais fraterno. Somos felizes com essa opção e seus resultados.

Compomos, desde 2011, a executiva e o diretório do PT estadual, conquista por chapa própria nas últimas eleições internas. Pensávamos que nesse espaço poderíamos dar nossa contribuição ao projeto que nos conquistou. Em Pernambuco, o sonho virou pesadelo.

Para nossa incredulidade e decepção, os mesmos protagonistas que nos animaram, comandam um espetáculo lamentável no estado e conduzem, sem freio, todo nosso acúmulo para um precipício angustiante. Não é fácil resistir diante de tanta tragédia. Apenas muita convicção petista e certeza das transformações que fazemos na política e na vida dos brasileiros nos fazem resistir.

É uma longa tragédia, com episódios épicos. Nossa tendência compunha a mesa do Encontro Estadual em que o PT aprovou o apoio à reeleição do governador Eduardo Campos e, também, uma moção contra algumas políticas do mesmo governo. Algo muito natural em um processo de composição eleitoral: apoiar registrando as divergências e disputando os rumos da gestão. Absurdamente, apenas o apoio à reeleição vigorou. Encerrado o encontro, o companheiro Humberto Costa, referência e dirigente da nossa vida militante, coordenou a anulação daquela moção, sob alegação de que o governador não iria gostar. Ali, argumentamos que o apoio incondicional nos deixaria reféns do PSB. Fomos ignorados, atropelados, calados. Dias depois, o mesmo Humberto apresentou o nome de Joaquim Francisco na sua suplência para o Senado. Por oito anos, estaremos todos/as ameaçados/as a perder nossa primeira e única vaga de senador justamente para o PSB. Um movimento que careceu de mínima inteligência política e da visão estratégica sobre as possibilidades do futuro próximo que agora se concretiza.

Na composição do governo reeleito, travou-se uma discussão que parecia democrática na executiva estadual. Nela, foi aprovada a intenção do PT reivindicar a Secretaria de Juventude, renovando os quadros públicos do partido e apostando na disputa de uma nova geração política. Ao final, a maior corrente do PT de Pernambuco, comandada por Humberto Costa, indicou Maurício Rands e Isaltino Nascimento para representar a todos nós. Os fatos, o PSB comemora.

Nesse período, nos organizamos no campo estadual que era representado publicamente pelo Deputado João Paulo. Sua principal impulsão era constituir uma resistência e disputar a hegemonia do partido no estado em contraposição ao campo comandado por Humberto Costa. Após uma gestão revolucionária no Recife, João Paulo apresenta João da Costa para a sucessão e de repente, sem que nunca soubéssemos por que, rompe com o Prefeito, complica o nosso governo e se alia justamente a Humberto Costa, pondo fim ao projeto de resistência da esquerda petista que ele mesmo capitaneou. 

Ainda sem entender qualquer coisa, vimos João Paulo ingressar no governo estadual, depois sair e, mesmo assim, seguimos a orientação de que Maurício Rands seria o melhor nome para disputar as prévias e resgatar o PT no Recife. Os fatos? Bom, já se sabe.

Foi Humberto que argumentou à Direção Nacional que seu nome seria o único a angariar apoio de Eduardo para a Prefeitura do Recife. O que se sucedeu nas eleições de 2012 é tão conhecido que pouparemos a tristeza de descrevê-los.

Elencamos esses episódios para concluir que as grandes lutas de nossas principais lideranças no estado não são combustível suficiente para que sigam no comando majoritário do PT. O patrimônio político de um/a dirigente é sua capacidade de continuar encantando, mobilizando, acertando. E o acerto não é ganhar tudo, mas é elaborar uma estratégia convincente e capaz de responder aos sonhos que as promoveram lideranças. Nossos heróis se perderam no caminho. E, talvez, porque pensaram poder tomar todas essas decisões sozinhos, sem debate em seus campos, nem nas instâncias partidárias. A riqueza de ser coletivo não é só parecer democrático, é que muitas cabeças juntas pensam melhor que poucas, mesmo que elas sejam especiais. 

A capacidade de perceber que se está perdido e permitir que outros conduzam uma organização política é, além de admirável, fundamental para um partido como o PT. O PT não pertence a seus fundadores. Eles mesmos criaram um partido que é patrimônio de milhões de petistas.

As novas gerações que saem às ruas criticando o atual modelo da política têm muito mais de aliadas da nossa história que de adversárias dela. Alertam sobre a necessidade de mudar. E mudar não para depor pessoas, mas para permitir que o projeto tenha a capacidade de conquistar mais gente para nossa grande batalha contra o capital econômico, contra a desigualdade social e o autoritarismo político. Há lugar para todos/as no PT, principalmente para nossas grandes figuras públicas. Mas até para que elas representem algo de sólido e com vida longa, é preciso a autocrítica suficiente para saber se afastar, diminuir o ritmo, cumprir outras e grandes tarefas coletivas que têm e sempre terão.

Para ser o mesmo de sempre, o PT precisa mudar. E, em Pernambuco, essa mudança é fundamental para a sobrevivência de nosso projeto. Nós, que fomos conquistados/as por eles, pedimos sincera e ansiosamente que permitam a oxigenação do partido, apostem na capacidade da direção coletiva, abram caminho para que possamos substituir a frustração pelo encantamento. Seus lugares estarão sempre ocupados pela sua inegável história, mas libertos da responsabilidade de seguir errando sozinhos nesse momento.

A força que o governador tem demonstrado na cooptação de nossos quadros reside mais em nossa fraqueza de oferecer alternativas de organização partidária que em seus belos olhos azuis. Nem, muito menos, nos lamentáveis dados de inclusão social e deplorável prática política de seu governo.

Permanecer no PT de Pernambuco hoje é um ato de coragem e respeito ao que foi conquistado. Mas, mais que tudo, obriga a lutar pela mudança urgente, radical e imediata de nossas práticas e estratégias.

É por isso que, no próximo domingo, votaremos em Teresa Leitão Presidenta do PT/PE e em Paulo Teixeira Presidente Nacional. Ainda, relançamos nossa chapa estadual, "Chega MAIS: é hora da renovação!". Afinal, reconhecer que o PT precisa mudar não combina com a manutenção do atual comando partidário. A escolha que faremos neste PED é decisiva para que outros jovens sintam-se animados a fazer nossa bandeira tremular por pelo menos mais 33 anos.



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