O metrô do Recife recebeu, nesta segunda-feira (21), uma visita guiada de parlamentares federais e estaduais. Frente à greve da categoria metroviária, que já dura 19 dias, uma comitiva do Congresso Nacional aceitou a provocação de instituições locais sobre uma vistoria às instalações do modal. Participaram da mobilização o senador Humberto Costa (PT-PE), os deputados federais Renildo Calheiros (PCdoB-PE) e Tulio Gadêlha (Rede-PE), e os deputados estaduais Dani Portela (Psol) e João Paulo (PT).
O objetivo da vistoria guiada, realizada junto a representantes da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e o Sindicato dos Metroviários (Sindmetro), foi identificar as dificuldades enfrentadas pelo sistema de transporte e buscar possíveis soluções.
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Toda a segunda-feira (21) foi dedicada a uma agenda metroviária, que começou pelas instalações da CBTU, incluindo o Centro de Controle Operacional, o Centro de Controle e Monitoramento da Segurança, o Centro de Manutenção de Cavaleiro e Estação Joana Bezerra. No momento da visita, as estações estavam fechadas e um trem foi operado unicamente para finalizar a vistoria. Desde que a categoria entrou em greve, o metrô só opera nos horários de pico.
“A qualquer momento vai haver uma solução [para a greve] e o metrô não deixará de funcionar por essa razão. O que nos deixa preocupados é o que nós vimos com a falta de peças, de manutenção, de quadros; e que, com isso, a gente venha a ter uma paralisação técnica do metrô e isso aí realmente é danoso. Além disso, temos vários déficits de máquinas e trens. A decisão precisa ser tomada rapidamente”, disse o senador Humberto Costa ao LeiaJá.
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Apesar dos visitantes ainda não terem um posicionamento definido ou unânime, a maioria acredita que o metrô do Grande Recife tem sido sucateado nos últimos anos e, pouco a pouco, perdido o redirecionamento de recursos. Humberto Costa chamou a situação de “estarrecedora” e foi acompanhado pelos outros legisladores.
“O que nós vimos foi uma situação estarrecedora, mas, ao mesmo, tempo vimos o potencial muito grande que o metrô tem, seja pela expertise dos seus funcionários ou pela estrutura que ele tem, que é muito grande. Antes de se fazer qualquer discussão, deve-se garantir que o processo de sucateamento pare. Para isso, o Governo Federal precisa fazer um investimento significativo para a recuperação de máquinas, de oficinas, dos trens. Essa é a mensagem que a gente vai levar para o Senado e, mais uma vez, para o ministro das Cidades. Estamos nessa cobrança desde o início do mandato do presidente Lula”, completou o petista.
Na tarde desta segunda-feira (21), haverá uma audiência pública, dividida em dois momentos, e voltada a ouvir metroviários e empresários. O ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, não pôde comparecer à visita, mas enviou um representante. Por outro lado, os parlamentares já se organizam para fazer propostas orçamentárias ao Governo Federal.
“A maior preocupação que temos é de o equipamento público ser devolvido à população. São quase 200 mil usuários por dia, é um equipamento necessário para uma cidade [Recife] que tem um dos piores trânsitos do mundo e o pior do país. Há preocupação em reestabelecer o funcionamento do metrô, de debater a tarifa – que aumentou de R$ 1,60 para R$ 4,25 – e fazer com que os trabalhadores possam voltar a usar esse modal como forma de transporte”, declarou Túlio Gadêlha.
A deputada estadual Dani Portela acrescentou: "Temos um dos metrôs mais caros do país. Imagine para um trabalhador assalariado pagar mais de R$ 4 numa passagem e nas piores condições que se pode ter. Os trabalhadores do metrô faziam denúncias muito antes da greve. Nessa visita, pudemos observar isso de perto, ver as condições precárias nas quais os trens se encontram. Fomos no chamado 'Cemitério dos Trens', onde há vários trens desativados; fomos na oficina mecânica, que tem dificuldade para funcionar. Encontramos trabalhadores em condições precárias, sem fardamento, sem uniforme."
Os congressistas citaram interesse em obter, com o Governo Federal, a quantia de R$ 2 bilhões em investimentos, contemplando a obtenção de 20 novos trens. Do montante, R$ 900 milhões seriam dedicados às aquisições, de acordo com Gadelha, e R$ 800 milhões para a manutenção das linhas e também das vias móveis, que têm equipamentos da década de 1980.