Leitão: "Na política o velho é quem não se reinventa"

A deputada saiu em defesa do PT e criticou o discurso de "nova política" do PSB

por Giselly Santos qui, 06/02/2014 - 12:54
Fernando da Hora/LeiaJáImagens/Arquivo Leitão pontuou o aniversario 34 anos do PT, na próxima segunda-feira (10), e comentou as raízes já fincadas pela legenda Fernando da Hora/LeiaJáImagens/Arquivo

A deputada estadual e presidente do PT em Pernambuco, Teresa Leitão, saiu em desefa da legenda petista e disparou contra o discurso de "nova política" do PSB, encabeçado pelo governador de Pernambuco e presidenciável, Eduardo Campos. Segundo ela, "a 'nova política' não há de vingar como novidade por um motivo simples e de raiz: da forma como está sendo costurada e propagada, ela já nasce velha". A petista ainda afirmou que a maneira como a aliança Rede Sustentabilidade-PSB tem colocado o compromisso com a democracia, pode ser caracterizada pela "presunção e a arrogância" dos envolvidos. 

Leitão pontuou o aniversario 34 anos do PT, na próxima segunda-feira (10), e comentou as raízes já fincadas pela legenda. "O PT fincou aí raízes profundas. Tão profundas que até hoje permanecem. Tão profundas que delas brotaram caules, folhas, flores e sementes...", disse durante o discurso na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nessa quarta-feira (5).

Veja o discurso na íntegra: 

Em defesa do PT

O Partido dos Trabalhadores completa, no próximo dia 10 de fevereiro, 34 anos de vida. Nascido na base do movimento de combate e resistência à ditadura militar, o PT fincou aí raízes profundas. Tão profundas que até hoje permanecem. Tão profundas que delas brotaram caules, folhas, flores e sementes. Sim! Do jeito que aprendemos na escola a definir as partes da árvore. 

O PT chegou cedo ao governo, com apenas 22 anos de vida. Na flor da maioridade, mas maduro na construção do projeto que lhe antecedera a fundação. Ao logo desses 12 anos de governo, o PT espalhou a sombra das suas árvores por todo o Brasil e muitos nelas se organizaram, ajudando o país a crescer, a socializar riquezas e frutos, a replantar sementes, a gerar novas vidas e ideias. Alguns saíram do grupo, é verdade, fundaram outros partidos ou se reposicionaram politicamente em outras paragens, como o PSTU, o Psol e mais recentemente a aliança PSB-Rede, esta última com o discurso da “nova política” e o argumento de que o solo brasileiro precisa de novos adubos.

Ontem, em Brasília, em mais um ato da campanha presidencial, a aliança PSB-Rede lançou o que seriam as raízes de uma plataforma de governo. Não quero aprofundar nesses cinco minutos o conteúdo dos eixos, embora os avalie como recolocação de pontos já em debate na pauta do Brasil, como é o caso do Pacto Federativo e da Reforma Política. Quero, sobretudo, destacar que a “nova política” não há de vingar como novidade por um motivo simples e de raiz: da forma como está sendo costurada e propagada, ela já nasce velha. A presunção e a arrogância com que a aliança PSB-Rede coloca seu compromisso com a democracia, esquece que dirige suas críticas a uma mulher que, presa e torturada na ditadura, superou o fel do cárcere na vivência, na defesa e na promoção de um projeto democrático e popular para todos, tão sem cabresto como deve ser a liberdade da luta política. 

Na luta política, quando o bom combate e a ousadia revolucionária dão lugar ao destempero e a prepotência, os “cabras” daqui chamam de “afoiteza”. E o afoito está para a política como o menino ou a menina que se arrisca a nadar no mar revolto, achando simplesmente que não faz medo. 

Não vai adiantar, para a afirmação do novo, separar Lula do PT. É verdade que Lula é maior do que o PT, mas sem o PT ele não seria Lula. Isso parece medo da popularidade de Lula ou da contradição do discurso sob ameaça de sair do trilho mais cedo do que se espera. A ansiedade do PSB-Rede contribui, a cada ato, para trazer à cena a agressividade do mofo e do entulho da velha política. 

Vamos celebrar o aniversário do PT em todo o país tendo como um dos eixos a reeleição de Dilma. E para os que desconsideram a dialética do velho e do novo, eu lembro uma canção popular de Roberto Carlos: “Eu sou aquele amante a moda antiga / do tipo que ainda manda flores / e apesar do velho tênis e da calça desbotada / ainda chamo de querida à namorada”. Assim como no amor, na política o velho é quem não se reinventa. Viva o PT! 

Teresa Leitão

 

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